Nobel: Bob Dylan é "um génio da literatura mundial"
O escritor Miguel Esteves Cardoso considerou hoje que Bob Dylan, distinguido com o Nobel da Literatura, é há muitos anos referenciado como "um génio da literatura mundial".
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Cultura Esteves Cardoso
"Não há surpresa nenhuma, porque o Christopher Ricks, que é um grande crítico académico e professor de poesia, já defende Dylan, há quase 40 anos, como um génio da literatura mundial, numa obra sua de 2003, ele afirma que Dylan está à altura de Shakespeare e do Philip Larkin", afirmou Miguel Esteves Cardoso, em declarações à agência Lusa.
"Há uma corrente crítica muito, muito profissional, estamos a falar de professores de Literatura altamente qualificados, os maiores professores de Literatura do mundo, que sempre defenderam Bob Dylan, e com razão", rematou o escritor.
Esteves Cardoso considerou que a Academia Sueca tem vindo a revelar uma atualização. Desde que no ano passado atribuiu o Nobel da Literatura à jornalista bielorrussa Svetlana Aleksievitch, que "a partir das entrevistas faz aqueles encadeados extraordinários, acho que as canções do Dylan, que escreveu uma autobiografia extraordinária, têm tantas personagens, tantos enredos, tantas histórias, tantas imagens fabulosas, que fazem parte da Literatura, não há nenhuma dúvida".
"A Academia Sueca está a fazer é uma coisa espantosa, porque sem ninguém perceber a Literatura dividiu-se numa data de secçõezinhas de merda -- a poesia de um lado, teatro, a ensaística, ficção -, quando o que interessa é a escrita, incluindo a escrita oral", argumentou o autor de "O amor é f...".
"A Academia está é a rejuntar isto tudo, o ano passado incluiu o jornalismo, agora o 'American Song Book' (...) Literatura é tudo o que a cabeça humana produz, mesmo sem ser escrito", afirmou.
"Nós ouvimos as canções do Dylan e são histórias formidáveis de pessoas a arrombar portas, de ciúmes, de coisas horríveis, de pessoas a dizer 'vai-te embora', amores frustrados, é fabuloso, fabuloso", afirmou à Lusa Miguel Esteves Cardoso.
O compositor e cantor norte-americano Bob Dylan, a quem a Academia Sueca atribuiu hoje o Nobel da Literatura, é considerado um ícone, com grande influência na música contemporânea.
Dylan, de 75 anos, foi distinguido por "ter criado novas expressões poéticas no âmbito da música norte-americana", de acordo com a secretária-geral da Academia Sueca, Sara Danius.
Muitas das obras de Dylan centram-se nas condições sociais, humanas, religião, política e amor e as suas letras têm sido continuamente publicadas em novas edições, sob o título 'Lyrics'.
O Nobel é a última das distinções atribuídas ao cantor, que percorreu um longo caminho desde um início humilde como Robert Allen Zimmerman, nascido a 24 de maio de 1941, em Duluth, no Minnesota, e aprendeu sozinho a tocar harmónica, guitarra e piano.
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