Documentários sobre artistas "são balanço da arte portuguesa"
O encenador e realizador Jorge Silva Melo, que estreia na segunda-feira um documentário sobre a artista Sofia Areal, soma 11 filmes no género, que "são uma espécie de balanço dos últimos50 anos da arte portuguesa".
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Silva Melo começou com António Palolo, em 1995, na sequência de um convite da Fundação Calouste Gulbenkian, que apresentou na altura uma grande retrospetiva do artista, e, desde então, não mais parou, dirigindo documentários sobre Álvaro Lapa, Nikias Skapinakis, Ângelo de Sousa, José de Guimarães, Joaquim Bravo, António Sena, Fernando Lemos, Bartolomeu Cid dos Santos e ainda 'Esta mútua aprendizagem', sobre a Gravura, cooperativa de gravadores, fundada por artistas, em Lisboa, nos anos de 1950.
"Estes documentários são uma espécie de balanço dos últimos 50 anos da arte portuguesa, inventiva, interessante e que me apaixonou", avaliou, em declarações à agência Lusa sobre a nova obra, 'Um gabinete anti-dor', sobre Sofia Areal, com produção dos Artistas Unidos/RTP.
Jorge Silva Melo fundou, em 1995, a sociedade Artistas Unidos, de que é diretor artístico, e esta entidade apresenta regularmente teatro e exposições no Teatro da Politécnica, mas tem-se dedicado também a produções ligadas ao cinema e à edições de livros.
Sobre o novo documentário, dedicado a Sofia Areal, Silva Melo afirma que o desafio foi filmar a criação das obras: "Enquanto com os outros artistas, filmei obras já quase completas, fui filmando a Sofia Areal durante seis anos a fazer o seu trabalho".
"Não se trata aqui de olhar para o passado de um artista, mas ver a Sofia a descobrir os novos caminhos do seu próprio futuro. Eu adoro ver os artistas a descobrir o mundo, a descobrir quem são", comentou o realizador de longas-metragens como 'Passagem ou a Meio Caminho', 'Ninguém Duas Vezes', 'Agosto' e 'António, Um Rapaz de Lisboa'.
Do novo documentário, que se estreia na segunda-feira, às 18:30, no São Luiz Teatro Municipal, em Lisboa, Jorge Silva Melo diz ainda que tem um título irónico: "Eu acho isso muito bonito, que a arte possa ser um gabinete anti-dor".
"A Sofia [Areal] pinta e descobre, comenta, como os atores em palco. Ela defende uma espécie de alegria expansiva. Ela vence a dor, a noite, a tristeza, a melancolia, com uma espécie de combate permanente, atlético, expansivo, pela alegria, e gosta que a alegria toque as pessoas", apontou o realizador, sobre o trabalho da artista.
Sobre os documentários que já fez até hoje - está para concluir o de Fernando Lemos, que deverá estrear-se no próximo ano - Jorge Silva Melo, considera que "a pintura está muito mal vista".
"Eu fui aprendendo com todos os artistas que filmei. São 11 artistas que marcaram a História da Arte em Portugal, e fico bastante satisfeito que os DVD continuem a ser procurados, sobretudo por estudantes", apontou.
Sobre as opções que fez para realizar os documentários - estes artistas e não outros - disse: "É a minha escolha, o meu gosto. São encontros".
Jorge Silva Melo, que estudou na London Film School, fundou e dirigiu, com Luís Miguel Cintra, o Teatro da Cornucópia (1973/79), foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, estagiou em Berlim junto de Peter Stein e em Milão junto de Giorgio Strehler.
Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.
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