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Academia das Ciência assinala 50 anos de 'O Canto e as Armas'

O cinquentenário da primeira edição do livro de poesia 'O Canto e as Armas', de Manuel Alegre, é comemorado na quinta-feira pela Academia das Ciências de Lisboa (ACL), anunciou hoje a editora Publicações D. Quixote.

Academia das Ciência assinala 50 anos de 'O Canto e as Armas'
Notícias ao Minuto

13:15 - 26/04/17 por Lusa

Cultura Manuel Alegre

A sessão está prevista para as 17h30 e, além do autor, conta com a participação do presidente da ACL, Artur Anselmo, e do ensaísta e crítico literário Eugénio Lisboa, que falará sobre "a importância e o significado de um livro singular na história da poesia portuguesa contemporânea", como se lê no comunicado da editora.

'O Canto e as Armas', publicado em 1967 pela primeira vez, foi retomado pelas Publicações D. Quixote, no passado dia 14 de março, numa edição definitiva, com prefácio do escritor Mário Cláudio. Este é o segundo livro de Manuel Alegre, sucedendo a 'Praça da Canção', cujo cinquentenário foi também assinalado pela ACL, em Lisboa.

Segundo o comunicado enviado à agência Lusa, 'O Canto e as Armas' é "considerado o livro de uma geração e, porventura, o mais cantado e musicado".

Adriano Correia de Oliveira (1942-1982), entre outros intérpretes, cantou alguns dos seus poemas e gravou, em 1969, um álbum intitulado, precisamente, 'O Canto e as Armas'.

As Publicações D. Quixote realçam ainda o facto de o livro ter sido "anunciador do 25 de Abril, muito antes da revolução dos cravos ter sido uma realidade".

No poema "Poemarma", que faz parte da obra, a dado passo afirma o poeta: "Que o Poema seja microfone e fale/ uma noite destas de repente às três e tal/ para que a lua estoire e o sono estale/ e a gente acorde finalmente em Portugal", uma descrição que se aproxima do que foi o início do golpe militar de 25 de Abril de 1974.

"Um livro que se prolongou no tempo, enquanto voz de esperança numa pátria livre e de denúncia da opressão política da ditadura salazarista, da guerra colonial, da emigração e do exílio, a que muitos portugueses, como o próprio poeta, foram condenados", assinala a mesma fonte.

Segundo o escritor Urbano Tavares Rodrigues (1923-1913), nesta obra de Alegre encontramos "a dignidade de Portugal que se levanta em palavras, sem um só inchaço de retórica balofa, antes com uma inventiva verbal constante, como achados em que o próprio fulgor conotativo ateia a emoção".

Manuel Alegre, de 80 anos, recebeu, no ano passado, o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores, e o Prémio de Consagração de Carreira da Sociedade Portuguesa de Autores.

Com um percurso de mais de 50 anos de escrita, Manuel Alegre recebeu vários prémios, como o Prémio Pessoa, em 1999, o Tributo Consagração, da Fundação Inês de Castro de Coimbra, pela totalidade da sua obra, em 2007, e o Prémio D. Dinis, pelo livro 'Doze Naus', da Fundação da Casa de Mateus, em 2008.

Recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, a Ordem do Mérito Nacional da Argélia e as medalhas de Mérito do Conselho da Europa, de que é Membro Honorário, da cidade de Veneza e de Pádua, em Itália. É Grande-Oficial da Ordem Stella Della Solidarietá Italiana, tem o 1.º Grau da Ordem de Amílcar Cabral, de Cabo Verde, e as medalhas de ouro de Águeda, onde nasceu, e de Coimbra, onde estudou, entre outras distinções.

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