Obra "pouco ou mal conhecida" de José Sebag será recuperada para edição

A obra do escritor açoriano José Sebag, natural da ilha do Faial, até agora considerada "pouco ou mal conhecida", vai ser recuperada para publicação, anunciou a hoje Carlos Alberto Machado, um dos responsáveis pela editora Companhia das Ilhas.

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Lusa
17/06/2017 12:26 ‧ 17/06/2017 por Lusa

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Como explicou à Lusa, o objetivo desta iniciativa, que conta com o apoio da Direção Regional da Cultura, é "recolher, tratar e preparar para publicação" uma das obras "mais intensas e originais da moderna poesia açoriana" da autoria do escritor José Sebag, nome do surrealismo português, nascido na Horta, em 1936, e que morreu em Lisboa, em 1989, que define como um "poeta raro", com uma obra muito "pouco conhecida".

"Além do espólio inédito, pretende-se pesquisar outro material, nomeadamente em arquivos privados, bibliotecas e hemerotecas, e tratar criticamente o publicado, de forma a que a obra deste grande e original autor - a que não tem sido dada a devida importância - [esteja], em breve, toda publicada", afirma Carlos Alberto Oliveira.

José Sebag, poeta do surrealismo português, publicou durante a sua vida breve dois livros, "Planeta Precário" e "Cão até Setembro", mas deixou muitos outros "projetos de escrita" em manuscritos originais, que a Companhia das Ilhas pretende agora tornar públicos.

A investigação será coordenada pelo escritor Carlos Alberto Machado e irá contar com a colaboração de Zetho Gonçalves e Marc-Ange Graff, este último professor universitário, que doou, em 2012, o espólio literário de Sebag à Biblioteca Pública e Arquivo da Horta, na cidade Natal do escritor.

Segundo fonte da Biblioteca, esse espólio, que integra ainda muitas crónicas avulsas e trocas de correspondências relacionadas com a obra de José Sebag, está guardado em duas caixas de arquivo.

Embora tenha nascido na ilha do Faial, José Sebag viveu grande parte da sua vida fora dos Açores. Fez o liceu em Beja, para onde o seu pai foi trabalhar, e prosseguiu os estudos universitários em Direito.

Mas foi em Lisboa, integrado no chamado grupo do Café Gelo, no convívio com alguns "sobreviventes do surrealismo", que José Sebag "viveu outra vida", privando com autores como Mário Cesariny, Mário-Henrique Leiria, António José Forte, Ernesto Sampaio ou Herberto Helder.

Cesariny selecionou aliás José Sebag para a antologia "Surrealismo-Abjeccionismo", publicada em 1963.

José Sebag foi comandante miliciano na Indía, em 1960, jornalista, repórter do Notícias de Luanda, entre 1970 e 1974, experiências que acabaram por marcar o seu pensamento e ter grande influência na sua escrita.

Escreveu os diálogos do filme "Vidas" (1984), de António da Cunha Telles, e trabalhou na Radiodifusão Portuguesa (RDP), em Lisboa, onde foi responsável por programas como "O ovo de Colombo" (anos de 1970/80).

Em 1992, a revista Atlântida, do Instituto Açoriano de Cultura, dedicou ao escritor um número especial, com artigos sobre a sua vida e obra assinados por autores e investigadores como José Carlos Gonzalez, João Rui de Sousa e Emanuel Jorge Botelho, entre outros.

 

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