Bienal de Veneza onde José Pedro Croft mostra esculturas fecha no domingo
A Bienal de Arte de Veneza 2017, uma das maiores montras internacionais de arte contemporânea, onde Portugal está representado este ano com um trabalho em escultura do artista José Pedro Croft, encerra no domingo.
© Lusa
Cultura Arte Contemporânea
Inaugurada a 10 de maio, a 57.ª Exposição Internacional de Arte recebeu projetos de 57 países participantes e o Leão de Ouro, prémio para a melhor participação nacional, foi atribuído à Alemanha, pelo projeto da artista Anne Imhof.
O Brasil recebeu uma menção honrosa para a instalação "Chão de caça", da artista mineira Cinthia Marcelle, de 42 anos, que criou uma peça em vídeo, em parceria com o realizador Tiago Mata Machado, sobre as preocupações da sociedade contemporânea brasileira.
Portugal participa com seis esculturas criadas pelo artista José Pedro Croft, através do projeto "Medida Incerta", com curadoria do historiador de arte João Pinharanda, instalado na Villa Hériot, na Ilha de Giudecca.
Quando da apresentação, em Lisboa, em declarações à agência Lusa, o artista revelou que, "num primeiro momento, o projeto foi pensado para o Campo di Marte, onde o arquiteto Álvaro Siza tem um projeto de habitação social, construído parcialmente", sendo que o restante está a ser terminado.
No entanto, devido a constrangimentos administrativos em Veneza, a Direção-Geral das Artes, responsável pela organização da representação portuguesa, teve de procurar outro espaço.
A solução encontrada foi a Villa Hériot, nas imediações do edifício de Siza, onde as estruturas em aço, vidro e espelho estão instaladas a refletir a realidade em seu redor, nos jardins, e ainda uma exposição no edifício.
"É um enorme desafio e responsabilidade. Veneza é um palco internacional com uma enorme visibilidade, em que eu tenho a consciência de que, além do meu trabalho, vou representar o meu país", comentou o artista, na altura, sublinhando que se trata de "uma embaixada".
O projeto "Medida Incerta" é descrito como uma "desconstrução do plano e da ortogonalidade, um jogo entre a objetividade do espaço e a sua ilusão, um desafio à sua estabilidade e equilíbrio".
José Pedro Croft disse à Lusa que tirou as medidas a partir da métrica do edifício de Álvaro Siza e pensou nas peças que ia conceber em vidro e em espelho, com medidas de três por seis metros ligadas a estacas, que é a forma tradicional da construção em Veneza, rodeada de água.
No final de março, quando a escultura foi montada na Póvoa de Varzim, foi conhecida a aquisição da obra pela Câmara Municipal de Matosinhos, e a sua localização futura, após o regresso de Veneza, na paisagem da Casa da Arquitetura, na antiga Real Vinícola.
A obra de José Pedro Croft está representada em diversas coleções públicas e privadas, nomeadamente no Banco Central Europeu, em Frankfurt (Alemanha), no Museu Rainha Sofia, em Madrid (Espanha), no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Brasil) e na Coleção Albertina, em Viena (Áustria).
Em Portugal, está presente nas coleções da Caixa Geral de Depósitos, da Fundação Calouste Gulbenkian e do Museu Berardo, em Lisboa, na coleção António Cachola, no Museu de Arte Contemporânea de Elvas, e na Fundação de Serralves, no Porto, entre outras.
Por seu turno, o historiador de arte, crítico e curador João Pinharanda, curador da representação portuguesa na Bienal de Arte de Veneza, foi programador cultural da Fundação EDP, diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Elvas, e é atualmente conselheiro cultural da Embaixada de Portugal em Paris.
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