Assim ficou marcada a Cultura no ano 2017
Conheça os 10 temas da área da Cultura que marcaram 2017.
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Cultura Entretenimento
Saiba o que marcou a Cultura em Portugal e no mundo no ano que está prestes a terminar.
Denúncias de assédio sexual
Artigos de investigação do jornal The New York Times e da revista The New Yorker, publicados em setembro, revelaram a prática recorrente de assédio e abuso sexual pelo produtor Harvey Weinstein e estilhaçaram, em poucas horas, a sua posição de poder na indústria cinematográfica dos EUA.
O caso Weinstein foi o primeiro de uma série que alastrou aos média e à política, permitindo perceber a dimensão alargada do crime na sociedade. Entre os acusados, estão atores como Kevin Spacey e Dustin Hoffman, o ex-presidente da Amazon Studios Roy Price, os realizadores Brett Ratner e James Toback, os jornalistas Charlie Rose, Glenn Thrush, Matt Lauer e John Hockenberry, o comediante Louis C.K. e o maestro James Levine.
Para a revista norte-americana Time, os denunciadores destes casos, "the silence breakers", são a "personalidade do ano".
Participação portuguesa inédita no festival Eurosonic teve impacto de 900 mil euros
Portugal foi, pela primeira vez, o país em destaque no festival especializado Eurosonic, que decorreu em janeiro na Holanda, onde estiveram cerca de 100 profissionais e 21 artistas e grupos, tendo resultado num impacto de 900 mil euros para o setor da música portuguesa.
Portugal venceu o festival Eurovisão da canção pela primeira vez
Depois de 62 anos de concursos da Eurovisão, Portugal venceu pela primeira a competição com o tema "Amar pelos dois", composto por Luísa Sobral e interpretado pelo irmão, Salvador Sobral, o que significa que Lisboa vai acolher a próxima edição do evento, em 2018.
Cinema português cumpre mais um ano de prémios, de Cannes a Berlim
O ano começou com presença inédita de um filme português na competição do Festival de Sundance, nos Estados Unidos, em janeiro -- a curta "Pedro", de André Santos e Marco Leão --, prosseguiu com a conquista do Urso de Ouro em Berlim por Diogo Costa Amarante, com "Cidade Pequena", em fevereiro, mas foi "A fábrica de nada", longa-metragem de Pedro Pinho, estreada em Cannes, em maio, que se transformou no filme português mais premiado este ano, a nível internacional.
Em Cannes, Pedro Pinho venceu o prémio da crítica, a que se seguiram o CineVision, em junho, em Munique, para melhor novo filme, o principal prémio do Festival de Sevilha, em novembro, e o prémio especial do júri, em Turim, no início de dezembro.
Susana Sousa Dias, distinguida na Documenta Madrid, José Miguel Ribeiro, no festival de animação de Bruxelas, João Pedro Rodrigues, premiado em Istambul e aplaudido nos EUA, na estreia de "O Ornitólogo", Filipa César, com distinções em San Sebastian e retrospetiva no MoMA, em Nova Iorque, Marta Mateus, galardoada em Hiroshima, e Gabriel Abrantes, nomeado para os Prémios Europeus de Cinema, foram outros realizadores em destaque a nível internacional, num ano que termina com a seleção de "Thursday Night", de Gonçalo Almeida, para o festival de Sundance, referência do cinema independente nos EUA.
Museus e monumentos descobertos como lugares que também servem para jantares e 'cocktails'
O jantar de encerramento da Websumit, no Panteão Nacional, em Lisboa, em 10 de novembro, chegou às redes sociais e causou indignação, partilhada pelo gabinete do primeiro-ministro e pelo ministro da Cultura. António Costa e Luís Filipe de Castro Mendes prometeram rever a Regulamento de Utilização de Espaços -- previsto desde julho --, em museus e monumentos dependentes da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC), impor restrições ao uso dos panteões nacionais, que também incluem os mosteiros dos Jerónimos e da Batalha, e aumentar os preços praticados.
Sucederam-se partilhas de fotografias de outros casos, nas redes sociais, como jantares no Palácio da Ajuda e a utilização da sala do túmulo de Alexandre Herculano, no Mosteiro dos Jerónimos, como "bengaleiro", copa ou vestiário de apoio a atividades no local. Em maio, uma mostra automóvel, no Museu dos Coches, já fora criticada por representantes do Conselho Internacional de Museus (ICOM) e do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios (ICOMOS).
O uso de museus e monumentos para jantares e 'cocktails' é recorrente há décadas e envolve entidades públicas e privadas. Em 2016, rendeu perto de 420 mil euros à DGPC, segundo este organismo, que espera receber mais de 500 mil este ano.
Uma fogueira nas filmagens no Convento de Cristo, três monumentos investigados e a PGR nos Jerónimos
A queima de uma imagem nos claustros do Convento de Cristo, na rodagem de "O homem que matou Dom Quixote", do realizador norte-americano Terry Gilliam, em maio, foi levada ao parlamento, para audição do ministro da Cultura, e deu origem a uma investigação, tendo a DGPC concluído que tudo correra com segurança, sem causar danos de maior.
O impacto mediático do fogo nos claustros deixou em segundo plano a auditoria ao funcionamento da bilheteira que a DGPC lançou em junho e alargou a três monumentos, não só ao Convento de Cristo, mas também aos mosteiros de Alcobaça e da Batalha, classificados igualmente como património da humanidade. Aguarda-se ainda o relatório final das auditorias, terminadas em outubro, e a apresentação do novo sistema de entradas, assim como resultados da investigação da Procuradoria-Geral da República à cedência de espaços no Mosteiro dos Jerónimos, revelada em junho, na sequência dos resultados de uma outra auditoria do Ministério da Cultura.
Risco de naufrágio do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática
A instalação definitiva do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática (CNANS) em Xabregas, Lisboa, no final do primeiro semestre de 2018, foi anunciada pelo ministro da Cultura no parlamento em junho, pouco depois de a comissão nacional do Conselho Internacional dos Monumentos e Sítios (ICOMOS) ter manifestado "profunda preocupação" com o estado das reservas, armazenadas no Mercado Abastecedor da Região de Lisboa (MARL) desde 2010.
Em setembro, foi a vez de a Associação de Arqueólogos Portugueses escrever ao ministro da Cultura, alertando para "o risco de destruição, não necessariamente imediata, mas a curto e médio prazo", do acervo.
Criado em 1997, em vésperas da Expo98 e do Ano Internacional dos Oceanos, o CNANS chegou a mobilizar duas dezenas de profissionais e a dinamizar um centro de investigação, conservação e restauro, em Belém (Lisboa). Em 2010, abandonou o local, para que aí fosse construído o novo edifício do Museu dos Coches. O seu património encontra-se desde então nos armazéns do MARL, numa situação provisória.
Lisboa e Porto unidas por exposições de Almada Negreiros, Amadeo e Miró
As cidades de Lisboa e Porto estiveram ligadas pelas mais importantes exposições do ano em Portugal, com mostras de grande dimensão -- em termos de obras e de públicos -- de trabalhos de Joan Miró (em Serralves e no Palácio Nacional da Ajuda), Almada Negreiros (Fundação Calouste Gulbenkian e Museu Nacional de Soares dos Reis), Amadeo de Souza-Cardoso (Soares dos Reis e Museu do Chiado), além da exposição "A Cidade Global -- Lisboa no Renascimento" (Museu Nacional de Arte Antiga e Museu Nacional de Soares dos Reis).
Com Almada e Miró ainda patentes no Porto e em Lisboa, respetivamente, e sem números finais de todas as instituições, as diferentes mostras já somaram mais de 500 mil visitantes.
Estado comprou seis quadros de Maria Helena Vieira da Silva
O Governo aprovou em setembro a compra, pela Direção-Geral do Património Cultural, de seis obras da pintora Maria Helena Vieira da Silva, por 5,584 milhões de euros, exercendo a opção de compra prevista entre o Estado Português, a Fundação Arpad Szènes - Vieira da Silva e os herdeiros do colecionador Jorge de Brito, em 2011. A decisão culminou mais de um ano de negociações e garantiu a manutenção no país das obras da artista.
Os seis quadros - "Novembre" (1958), "La Mer" (1961), "Au fur et à mesure" (1965), "L'Esplanade" (1967), "New Amsterdam I" e "New Amsterdam II" (1970) -- tinham sido emprestados à Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva, em Lisboa, no âmbito de um acordo de cedência, válido por cinco anos, que terminara em 31 de dezembro de 2015. Os herdeiros de Jorge de Brito tinham admitido à Lusa a intenção de vender as obras em leilão internacional, caso não houvesse disponibilidade do Estado português para as comprar.
Ana Teresa Pereira torna-se na primeira mulher a vencer o Prémio Oceanos
A escritora portuguesa Ana Teresa Pereira, natural do Funchal, onde reside, venceu o prémio literário Oceanos, organizado anualmente pelo Itaú Cultural no Brasil, um dos mais relevantes para autores de língua portuguesa, tornando-se na primeira mulher a ganhar a distinção. Ana Teresa Pereira foi distinguida pelo romance "Karen", publicado em 2016.
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