No município de Gavião, próximo das margens do rio Tejo, o museu inaugurado em finais de abril, guarda as memórias de uma terra, cujos habitantes ficaram conhecidos por saboeiros, depois da instalação, no século XVI, da Real Fábrica de Sabão.
A História e as histórias são contadas nas paredes do museu e por Firmino Espadinha, da Câmara Municipal de Gavião.
Junto a uma escultura feita de sabão de glicerina e de uma vitrina de exposição inspirada nos antigos tanques de lavagem de roupa, Firmino Espadinha conta como no museu já funcionou uma escola primária.
Com o projeto do museu, alguns dos antigos alunos investigaram e encontraram a antiga receita, cuja recriação é mostrada num filme, que é projetado repetidamente numa das paredes do museu, a par do processo químico do sabão para explicar a razão de ser usado na higiene.
Nos tempos atuais, os visitantes, sobretudo os mais novos, podem fazer os seus próprios sabonetes, de forma simplificada e rápida, usando apenas glicerina e corante.
Firmino Espadinha relembrou que com a extinção do monopólio de fabrico na terra, em 1858, alguns trabalhadores da Real Fábrica usaram as matérias-primas e o que sabiam para até à primeira metade do século XX manterem a funcionar as casas de sabão mole.
Pelas paredes do museu há retratos dos saboeiros, o decreto régio de fundação da fábrica, trajes típicos, utensílios, jogos interativos e uma vista privilegiada sobre o castelo de Belver, um monumento nacional.
"O Museu do Sabão é um complemento", acrescenta ainda o responsável para enumerar que ali muito perto há um percurso pedestre pelas arribas do Tejo e um centro de observação de avifauna.
"Promovendo coisas pequeninas, que todas elas juntas dão uma coisa grande, que é um produto", resume, por seu lado, o vice-presidente da Câmara de Gavião.
Germano Porfírio lembra como os concelhos do interior, num país a "cair para o mar", têm de lutar contra a desertificação e a velhice dos habitantes.
Em Gavião, a 'receita' do sabão juntou-se para aumentar o interesse num percurso pedonal que liga as duas margens do rio Tejo, inclui a praia fluvial do Alamal e em breve terá o museu das mantas.
O museu de Belver soma visitantes nacionais e internacionais, segundo os responsáveis, que indicam que apenas há 'concorrência' em todo o mundo neste contar da história do sabão em França, no Líbano e em Espanha.