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Leão vestiu roupa nova e resultado antigo: As notas do Boavista-Sporting

Leão de costas voltadas para as vitórias viu Bruno Fernandes voltar a vestir a capa de salvador. Leonel Pontes estreou-se com um empate, mas, sem mais argumentos ofensivos, parecia difícil pedir mais ao técnico. Segunda parte foi melhor, mas mesmo assim os boavisteiros seguraram um precioso empate, conseguido fruto de um golo (e que golo), de livre, logo aos sete minutos de jogo.

Notícia

© Reuters

Sérgio Abrantes
16/09/2019 08:02 ‧ 16/09/2019 por Sérgio Abrantes

Desporto

Análise

Despojado de argumentos como um ponta de lança de raiz (Luiz Phellype), o único no plantel, sem Vietto ou Coates, ambos lesionados, tendo perdido Raphinha, Thierry Correia e Bas Dost, Leonel Pontes partiu para a sua estreia no banco de suplentes da equipa principal do Sporting com vontade de mostrar ideias novas, mas, na primeira parte do jogo com o Boavista, viu-se pouco de um leão renovado e muita da atitude do passado.

Sem o referente Keizer, agora com um treinador que, visivelmente, cobra mais do que cobrava o holandês dos jogadores, o Sporting entrou em campo com o pé esquerdo... de Marlom, a fazer mossa. O lateral axadrezado, num lance de pura inspiração, em posição frontal, de livre, disparou uma bomba aos sete minutos que cancelou qualquer plano inicial que Leonel Pontes pudesse ter montado.

Com várias novidades no onze, com Bolasie, reforço de último dia, a fazer as vezes de ponta de lança, foi um leão sem rumo certo aquele que tentou reagir à contrariedade inicial. Bruno Fernandes, Wendel e Doumbia seguraram a normalidade do meio-campo, mas à esquerda, no ataque, surgiu Acuña, à direita Plata, mostrando que ainda falta olear a máquina para ela ser mais incisiva.

Sem conseguir inverter o rumo dos acontecimentos antes do descanso, Jesé foi arma lançada por Leonel Pontes para o início dos segundos 45 minutos. O espanhol, cedido pelo PSG, tentou dançar o seu reggaeton, mas os desequilíbrios que tentou criar foram, quase sempre, minorados por uma defesa axadrezada que faz da agressividade o seu bem essencial. 

O golo do empate, aquele que fechou o marcador em 1-1, chegou dos pés do de sempre. Bruno Fernandes, qual pronto-socorro, num lance de alguma felicidade, viu a bola bater em Carraça e trair Bracali

Contudo, como nota do segundo tempo, destaque para a prestação mais agressiva, incisiva e esclarecida dos verde e brancos, mas também para a rápida perda de capacidade física por parte dos comandados de Lito Vidigal que, não tendo a despesa do jogo, pareceram ter quebrado fisicamente cedo demais. 

Fica para a história mais um empate entre duas equipas históricas do campeonato português.

Surpresa: Bolasie. O franco-congolês, obrigado a mostrar serviço, mesmo fora de posição, foi um quebra-cabeças constante na frente de ataque. Atacando as costas da defesa boavisteira, ou deslocando-se para fora da sua área de influência, o atleta cedido pelo Everton até às bancadas pediu apoio para ter melhor estreia. Teve dois ou três lances de grande nível e talvez tivesse merecido melhor sorte num potente remate no segundo tempo, que, diga-se, saiu a centímetros da barra.

Desilusão: Jesé. Chegou do PSG com a certeza de que queria viver uma nova vida. Entrou em campo, aos 46 minutos, para desbloquear a partida. Respondeu quando chamado a intervir, mas falhou várias vezes na definição dos lances. Ainda denota alguma falta de ritmo e os adeptos verde e brancos vão cobrar-lhe, futuramente, muito mais do que mostrou e pedir-lhe, claro, o reggaeton do golo, o ingrediente essencial, como se sabe, das vitórias.

Figura do jogo: Bruno Fernandes. Entre a necessidade de vestir a capa de super-herói, de maestro ou trabalhador das obras, o capitão leonino continua a ser 'pau para toda a obra'. Comanda, do meio campo para a frente, as tropas verde e brancas e não poucas vezes tem de ser ele a salvar atrás. Neste jogo acabou com um golo, ou seja, a tábua de salvação da estreia de Leonel Pontes, e voltou a mostrar que 45 milhões de euros é pouco para quem tanto (e tão bem) sabe fazer. Faltou-lhe, é certo, alguma inspiração, mas os senhores do Bessa, casa que conhece tão bem, também lhe souberam retirar algum jogo.

Treinadores

Lito Vidigal: Com um início de temporada que não pode deixar de ser associado ao trabalho do técnico, arriscou pouco na montagem da equipa. As linhas defensivas estiveram muito recuadas enquanto houve pernas para correr (primeiro tempo) e podia ter tentado ferir mais vezes um leão que ainda parecia frágil e nervoso. Contudo, Lito enfrentou um dos históricos grandes do futebol português e saber que somou um ponto na receção ao Sporting trará, certamente, felicidade nas horas de se fazerem as contas finais.

Leonel Pontes: Depois de anos nos escalões inferiores dos verde e brancos, de passagens pelo estrangeiro e até pela seleção nacional, o técnico assumiu a "missão" de remontar um leão desmontado em partes. Com poucos dos habituais referentes da equipa disponíveis para ir a jogo, prometeu uma leão de cara lavada e conseguiu pô-lo em campo. Ainda tímido, mas com novas dinâmicas já visíveis a espaços, o Sporting vestiu roupa nova... mas saiu com resultado antigo. Leonel Pontes tem, por essa razão, muito trabalho pela frente. Terá a pressão dos adeptos, mas já fez a equipa transparecer um perfume ligeiramente diferente, numa malha que as bancadas exigem que seja suada até à exaustão.  

Homem do Apito: Jorge Sousa. Tentou não ser visto no jogo e conseguiu-o até certo ponto. Num jogo em que a agressividade costuma ser tónico, o juiz do encontro mostrou critério largo e, por vezes, irritou a equipa visitante. O lance da expulsão de Bruno Fernandes, aos 90+1, numa jogada que parecia infrutífera, podia, quiçá, ser evitado.

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