As oportunidades são para se agarrar e o Benfica pode ter deixado escapar uma de ouro para o caminho do título de 2019/20. Esta quinta-feira, a formação encarnada recebeu o Tondela na Luz e não foi além de um 0-0, na 25.ª jornada da I Liga, que marcou a retoma do campeonato.

Os adeptos não estavam nas bancadas, mas a desilusão era notória no final dos 97 minutos jogados. O jogo não foi bem conseguido por parte da equipa de Bruno Lage, que prometeu uma entrada forte… que não aconteceu. O Tondela quis ir à Luz empatar e conseguiu. Conseguiu impor o quarto empate consecutivo em todas as competições e Bruno Lage leva para o currículo uma estatística pouco simpática. É que na história dos encarnados esse facto só tinha ocorrido uma vez (em 1964/65).

A paragem no campeonato podia ter trazido outro Benfica, mas não. As águias continuam apenas com uma vitória nos últimos nove jogos. Depois de um primeiro tempo de pouca intensidade e ritmo, na segunda parte o Benfica acelerou, é verdade, mas faltaram ideias, faltou criatividade e sobretudo eficácia. Porque remates, esses não faltaram. Foram 26 tentativas de golos, 18 delas dentro da grande área, 14 cantos e 65% de posse de bola. Números que espelham o domínio encarnado e, ao mesmo tempo, a desinspiração do conjunto de Bruno Lage.

Figura: Sem fazer defesas impressionantes, daquelas que se diz na gíria que são para a fotografia, Cláudio Ramos foi intransponível sempre que foi chamado a atuar. Sereno, seguro, a defesa do Tondela torna-se muito mas eficaz quando o português está a defender as suas redes. A inspiração não esteve do lado do Benfica, mas teve do lado do guarda-redes do Tondela. E atenção… que Cláudio Ramos está em final de contrato.

Desilusão: O campeonato parou, tudo mudou, mas Pizzi não conseguiu voltar aos dias de boa forma. É verdade que as condições para tal podiam não estar reunidas, mas depois de vários momentos menos positivos, antes da suspensão das provas, esperava-se que o ‘21’ das águias surgisse revigorado. Não aconteceu e até desperdiçou uma das melhores oportunidades do encontro. Pizzi ainda não ‘desconfinou’ por completo e o Benfica ressentiu-se disso mesmo.

Surpresa: Não foi o jogo onde Jardel mais pôde brilhar, até porque o Tondela pouco atacou. Mas em abono da verdade é que o central brasileiro regressou bem ao onze, isto depois de ter feito 90 minutos pela última vez em dezembro do ano passado. Seguro no passe, confiante nas intercepções, letal nos confrontos aéreros, o capitão das águias mostrou a Lage que pode contar com ele, quando já muitos pensava que o ‘velho’ Jardel já não pudesse regressar.

Bruno Lage: O treinador do Benfica disse várias vezes que a equipa tinha de entrar bem e forte, logo nos primeiros minutos. Contudo, a equipa encarnada acabou por dar 45 minutos de avanço. O ritmo do primeiro tempo foi demasiado baixo, a intensidade era pouca (ou nenhuma) e pedia-se mais. Tem que se exigir mais. A fluídez de jogo não esteve ao nível desejado e é preciso rapidamente procurar as dinâmicas que fizeram a diferença no início da temporada.

Natxo González: Montou a estratégia e não fugiu dela um único segundo. O Tondela foi à Luz para não perder e cumpriu o objetivo. A muralha beirã nunca se desfez e há que dar o mérito. Não é atrativo, não é bonito fazer o primeiro remate do jogo aos 70 minutos, mas a estratégia deu frutos e um ponto que pode ser importante na luta pela manuntenção.

Manuel Mota (árbitro): Sem grandes lances polémicos, Manuel Mota contou com uma arbitragem calma e sem grandes sobressaltos. Nota positiva para o homem do apito.