O FC Porto deu o pontapé de saída, na segunda-feira, para a nova temporada. Os jogadores apresentaram-se bem cedo no Olival, mas nem todos compareceram. Zé Luís e Shoya Nakajima não foram vistos a entrar para o Centro de Treinos e constituíram, assim, ausências notadas no arranque da pré-época.
O FC Porto explicou, horas mais tarde, que o avançado cabo-verdiano está "em isolamento profilático" após ter estado "contacto de alto risco com um infetado com Covid-19".
Se a ausência de Zé Luís foi explicada através de nota oficial publicada no site, a do internacional japonês não motivou qualquer tipo de justificação por parte do emblema azul e branco.
Nakajima já havia falhado parte da época do FC Porto, nomeadamente depois da pausa forçada pela pandemia, por motivos familiares, e não terá resolvido, por esta altura, qualquer tipo de diferendo que ainda exista com a direção do FC Porto.
As explicações de Conceição e Luís Gonçalves
Sérgio Conceição foi questionado, por diversas vezes, sobre a situação do antigo jogador do Portimonense, mas nunca se alongou em comentários, remetendo mesmo o assunto para a direção dos azuis e brancos.
"O Nakajima não está no nosso grupo de trabalho. A direção tratará a ausência da melhor forma e, neste momento, não há muito mais a dizer", atirou Sérgio Conceição, em conferência de imprensa, no passado mês de junho.
Semanas mais tarde, Luís Gonçalves, diretor-geral do FC Porto, explicou aquilo que tinha levado à ausência de Nakajima, em declarações ao Porto Canal.
"O caso Nakajima é difícil de explicar. Tem a ver com a forma como ele reagiu à Covid-19, mas diria que é uma questão mais familiar que cultural. Por exemplo, os jogadores japoneses do Portimonense regressaram aos treinos. Tem a ver mais com a situação familiar dele, ele tem a mulher com asma. Lembro-me de uma reunião que tive, eu, Nélson Puga, o empresário do jogador e o Nakajima. Estivemos cerca de 40 minutos a tentar convencê-lo que não havia problema de voltar, mas não conseguimos. Talvez tenha sido também o problema da língua", afirmou Luís Gonçalves, já no final do mês de junho.
O talento que deu lugar à desilusão
Assim sendo, o craque nipónico perde a oportunidade de começar de início uma pré-temporada, depois de ter chegado ao Dragão no verão passado e de ter gerado entusiasmo entre o universo portista. No entanto, cedo se percebeu que o jogador japonês tinha claras dificuldades em convencer Sérgio Conceição a dar-lhe um lugar no onze. Ainda assim, foi acumulando alguns minutos nas provas interna e na Liga Europa, mas com exibições pouco esclarecidas e longe do nível que já havia apresentado em Portugal com a camisola do Portimonense.
Em 28 jogos, Nakajima contabilizou apenas um golo apontado num total 1321 minutos naquela que foi a época de estreia ao serviço dos dragões. Agora, segue-se nova situação de incerteza na carreira do avançado de 26 anos que parte para a nova época com o futuro incerto e com a certeza de que começará a época, caso prossiga no FC Porto, atrás da concorrência.
Cláusula milionária
Os dragões, recorde-se, pagaram 12 milhões de euros ao Al-Duhail por 50% dos direitos económicos de Nakajima e ainda 'blindaram' o craque nipónico com uma cláusula de rescisão avaliada em 80 milhões de euros. O contrato que liga as partes é válido até junho de 2024.