Segundo a nova plataforma da Associação Internacional de Futebolistas Profissionais (FIFPro), a Player Workload Monitoring (Monitorização da carga de trabalho do jogador, em português), a pandemia de covid-19 levou ao cancelamento de eventos que proporcionariam tempo de jogo de alto nível "muito necessário" para o futebol feminino, como torneios e amigáveis de seleções.
Esta plataforma, de acesso livre, apresenta análises de 85 jogadoras de clubes de topo e de seleções.
O relatório elaborado tendo como base os dados da plataforma, analisou o impacto na carga de trabalho e no calendário causado pela pandemia de covid-19 na carreira das jogadoras, e revelou que os minutos das jogadoras nas suas seleções diminuíram 56% entre maio de 2020 e janeiro de 2021, em comparação com os nove meses anteriores.
"As jogadoras experimentaram até 250 dias sem futebol competitivo. Cerca de três quartos das ligas domésticas femininas foram reduzidas, diminuindo os minutos em campo para as jogadoras", pode ler-se no comunicado de imprensa.
Assim, o total de minutos jogados entre maio de 2020 e janeiro de 2021 "caiu 20% em comparação com o período de nove meses de julho de 2019 a março de 2020".
Após o período de inatividade, as jogadoras "experimentaram explosões de intensidade", nos quais até 50% dos jogos ocorreram "com menos de cinco dias de tempo de recuperação recomendado".
"Este calendário fragmentado aumenta o risco de lesões, especialmente onde há falta de recursos, como os padrões médicos mínimos", pode ler-se.
Para a diretora de relações estratégias do futebol feminino da FIFPro, Sarah Gregorius, "o calendário de futebol feminino é altamente fragmentado em muitas partes do mundo" e a pandemia de covid-19 apenas aumentou o problema.
"Estamos a trabalhar muito para desenvolver soluções focadas na jogadora, com base nos dados, para lidar com esta fragmentação e proporcionar às jogadoras um ciclo competitivo de elite que permite que elas se desenvolvam e beneficie a indústria como um todo", salientou a também jogadora, internacional pela Nova Zelândia.
Sarah Gregorius destacou ainda a utilidade da plataforma PWM, que resulta de uma parceria entre a FIFPro e o KPMG Football Benchmark, para "ajudar a mapear e desenvolver o futebol feminino".