"É verdade, o campo de futebol nada tem a ver com a política. Trata-se de pessoas, de justiça, de tolerância. É por isso que a UEFA envia o sinal errado", disse Heiko Maas através da rede social Twitter.
A UEFA rejeitou na terça-feira o projeto da cidade de Munique para iluminar o estádio com as cores do arco-íris no jogo entre a Alemanha e a Hungria para o campeonato europeu de futebol -- marcado para hoje às 21:00 - justificando que "pelos seus estatutos (...) é uma organização política e religiosamente neutra".
O município presidido por Dieter Reiter pretendia iluminar a Allianz Arena com as cores do arco-íris, símbolo associado à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero), para "enviar um sinal de cosmopolitismo, tolerância, respeito e solidariedade para com as pessoas" daquela comunidade.
Em resposta à decisão "vergonhosa" da UEFA, a autarquia decidiu decorar vários edifícios da cidade com as cores do arco-íris.
"Em Munique, não permitiremos que nos impeçam de enviar um sinal claro à Hungria e ao mundo", disse Reiter.
Para o secretário de Estado para os Assuntos Europeus francês, Clément Beaune, a recusa da UEFA é ela própria uma "decisão política", ao contrário do que afirma o organismo europeu de futebol.
Se fosse uma questão neutra, assinalou, "não suscitaria a emoção e polémica que se vê há 24 horas".
"Defender a igualdade (...) não é uma opinião política", considerou, destacando que se trata "de valores fundamentais que integram as convenções desportivas, os tratados europeus" e que a UEFA se empenha regularmente em causas como a luta contra o racismo.
O jogo entre alemães e húngaros faz parte da terceira jornada do Grupo F, que integra também a seleção portuguesa.
Antes da partida, os organizadores da Marcha do Orgulho de Munique, associados à Amnistia Internacional, planeiam distribuir 11.000 bandeiras arco-íris aos espetadores (apenas 14.000 lugares do estádio serão ocupados devido à covid-19).
Segundo a agência France-Presse, poderá ocorrer alguma tensão com os fãs húngaros. A Brigada dos Cárpatos, um grupo de extrema-direita da Hungria, anunciou na rede social Facebook que "milhares" se deslocariam a Munique.