Foi um grande Sporting aquele que se apresentou na Luz e venceu de forma quase perfeita o pouco Benfica que entrou em campo neste dérbi eterno. Os leões venceram por 3-1, mas o resultado podia ter sido mais avolumado, e as águias podiam mesmo ter saído humilhadas desta partida.
Mesmo sem o capitão Seba Coates e Palhinha, a equipa de Rúben Amorim conseguiu ser, sem contestação, superior ao Benfica em pleno Estádio da Luz, onde voltou a vencer seis anos depois, replicando um resultado que Jorge Jesus tinha aplicado às águias quando morava do outro lado da Segunda Circular.
O técnico sportinguista e a sua equipa deram uma lição tática, mas sobretudo de identidade, ao homem que até há poucos anos era o seu treinador, descaracterizando por completo uma equipa que ficou cada vez mais despedaçada ao longo do encontro.
Foi um leão de raça que levou de vencida o Benfica, e que, ao contrário do esperado, não apresentou qualquer fragilidade por não ter Coates, capitão e uma das principais referências do Sporting, e João Palhinha, o pêndulo do meio campo dos campeões nacionais. Quem entrou para os seus lugares, no caso Ugarte e Neto, fizeram, e bem, esquecer estas duas ausências.
Os amarelos iniciais podiam ter feito a equipa verde e branca encolher-se dado o muito tempo de jogo que ainda faltava, mas os leões mostraram toda a sua identidade no campo, pressionando os dois médios benfiquistas e impedindo as principais referências ofensivas das águias de atacar.
O Benfica não apresentava qualquer fio de jogo, e arriscou tudo para o segundo tempo, isto depois de uma primeira parte em que demorou a reagir ao golo madrugador de Sarabia e em que a equipa da casa quase que se encostou à sombra da desvantagem, podendo até ter sofrido outro tento. Jesus despersonalizou as águias, e expôs muito os seus jogadores.
É verdade que as águias até tiveram um arranque de segunda parte interessante, mas este Sporting, apesar de jovem, está num outro nível e um passo acima do adversário. Os leões, que em tempos chegaram a vacilar neste tipo de jogos, conseguiram aguentar os momentos de pressão do adversário, e, de peito feito, colocaram um ponto final no que podia ter sido uma reação do Benfica, com golos de Paulinho e Matheus Nunes.
Pizzi ainda reduziu para as águias, mas a vitória dos leões já estava desenhada e de forma bem clara. Seguiram-se assobios e lenços brancos para Jesus e para os jogadores. O que fica é que o aprendiz Rúben Amorim goleou, e à moda antiga, o mestre Jorge Jesus.
Vamos então às notas desta partida:
Figura
Enorme exibição de Matheus Nunes, que parece talhado para estes jogos com o Benfica. Decidiu o dérbi da época passada, e neste foi peça chave para a conquista dos três pontos. Foi o cimento do meio campo dos verde e brancos, e comandou os leões rumo a uma vitória clara dos campeões nacionais. Fez uma assistência, e marcou àquela que é uma das maiores vítimas desde que joga na I Liga. Já lá vão dois golos aos encarnados.
Surpresa
Sarabia tem apresentado exibições de grande nível, e na Luz voltou a mostrar o porquê de ser um internacional espanhol que é presença constante nos eleitos de Luis Enrique. Soberba finalização no primeiro golo dos verde e brancos, e aproveitou bem a falta de conexão entre o ala direito Lazaro e o central da direita André Almeida.
Desilusão
Péssima exibição do capitão André Almeida, ele que até vinha apresentando bons pormenores nos últimos jogos. Esteve ligado aos três golos do Sporting, e pecou naquele que foi o primeiro grande teste que teve desde que foi adaptado por Jesus à linha central. Sente-me muito a falta de Lucas Veríssimo.
Treinadores
Jorge Jesus: Foi uma equipa sem identidade aquela que se apresentou no dérbi eterno. Exigia-se mais a uma equipa que sabia que a perda de pontos poderia começar a complicar a missão do título. Tardou em perceber que tinha sofrido um golo, e até podia ter ido para o intervalo a perder por mais. Depois de ter mexido na equipa ao intervalo, a equipa melhorou, mas por pouco tempo. O golo de Paulinho voltou a tranquilizar o Sporting e a partir daí o Benfica nunca mais se reencontrou com o encontro.
Rúben Amorim: Autêntico banho de bola que o jovem técnico deu a Jesus. Este é o Sporting de Rúben Amorim, e que no ano passado brilhou até à conquista do título de campeão nacional. Percebeu-se que trabalhou bem na antevisão a este dérbi, e compreendeu bem as fragilidades que as águias tiveram noutras derrotas. Soube 'secar' por completo as referências ofensivas das águias, e atacou naquela que tem sido uma das pedras fulcrais do Benfica: a dupla do meio campo formada por Weigl e João Mário.
Arbitragem
Artur Soares Dias saiu por cima neste encontro, mostrando o porquê de ser um dos melhores árbitros a atuar no futebol nacional. Teve um critério apertado desde o primeiro minuto, e conseguiu mantê-lo ao logo de toda a partida. O encontro teve muitos amarelos, mas era o que se exigia dado um encontro muito intenso desde o primeiro momento. Bem auxiliado pelo VAR no golo anulado a Paulinho.
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