Pepa, treinador do Vitória SC, abriu o livro sobre a sua carreira como futebolista e, num texto publicado no The Coiches Voice, o técnico, em ascensão no futebol português, lembrou o dia em que se estreou pelo Benfica com um golo, na viragem para o século XXI.
"O ano era 1999. Eu tinha 18 anos e surgia como uma das promessas do Benfica. Entrei nos últimos minutos do jogo contra o Rio Ave, no Estádio da Luz. Fiz um golo e saí de campo ovacionado por milhares de adeptos. No dia seguinte, eu estava nas capas de todos os jornais. Diziam que eu era o novo Eusébio. Apareciam amigos de todos os lados. Todo mundo queria estar comigo", começou por contar Pepa, que enquanto jogador de futebol foi avançado.
"A grande maioria dos meninos sonha em ser jogador de futebol. Mas, claro, poucos chegam lá. Para mim, o sonho até se tornou realidade. O problema foi o que veio na sequência da carreira. Houve mais momentos em que tudo parecia um pesadelo", prosseguiu, recordando depois as lesões que dificultaram a sua afirmação.
"O talento me fez subir, mas me faltou juízo para evitar a queda. Parei de jogar por incapacidade física. Antes das incontáveis lesões, veio a minha conduta errática. Quando me retirei, aos 26 anos, já tinha filhas para sustentar. Então, o meu ‘luto’ teve de ser rápido. Não tinha o direito de entrar em depressão. A depressão não pagaria as contas da casa. Só que eu não sabia fazer mais nada além do futebol. Portanto, arregacei as mangas e comecei a fazer cursos para seguir ligado ao desporto. Foi assim que começou o meu percurso como treinador", atirou Pepa, que confessou ainda que a sua paixão por ser treinador de futebol vinha de há muito tempo.
Devia ter os meus sete ou oito anos, e lembro-me de desenhar esquemas táticos durante as aulas na escola. Montava equipas ideais, imaginava e rabiscava equipas com craques mundiais. Anos mais tarde, encantei-me pelo jogo de computador, Championship Manager. Até aí, sem novidades. Muitos jovens fizeram o mesmo. Mas eu simulava uma conferência de imprensa antes e depois de cada jogo. Imaginava uma pergunta e a respondia em voz alta", relembrou Pepa.
O atual timoneiro do Vitória SC recordou ainda umas palavras de Luís Campos, que foi seu treinador no Varzim: 'Vais ser um dos poucos treinadores pretos na elite do futebol português".
Depois da passagem pelas camadas jovens do Benfica, seguiram-se aventuras na Sanjoanense, Feirense, Moreirense, Tondela e Paços de Ferreira antes da ida para Guimarães esta temporada. Sobre o futuro só tem um desejo: participar na Liga dos Campeões.
"Ter chegado ao topo não é o meu maior orgulho. Tenho mais satisfação em pensar que, desta vez, consegui permanecer na elite. Independentemente de como jogam as minhas equipas - se de forma mais ofensiva ou mais defensiva, com jogo interior ou exterior -, todas elas são corajosas e buscam a baliza adversária. Isso dá-me um gozo enorme", sublinhou Pepa.
"Não escondo que tenho ambições. Uma delas é participar da Liga dos Campeões. Só de pensar em ouvir aquele hino já fico arrepiado", finalizou.