Gareth Southgate viu-se, esta quarta-feira, envolto em polémica, fruto de uma entrevista concedida à estação televisiva CNN, na qual desvalorizou os relatos que dão conta do desrespeito do Qatar pelos direitos dos trabalhadores da construção dos estádios do Campeonato do Mundo.
"Já estive no Qatar diversas vezes e encontrei-me com vários trabalhadores, por lá, e eles estão, certamente, unidos em torno de uma coisa, que é o facto de quererem que a prova aconteça, e querem que aconteça porque adoram o futebol. Eles querem que o futebol chegue ao Qatar", afirmou o selecionador inglês.
Palavras que já mereceram a reação, por exemplo, por parte da organização não-governamental Human Rights Watch, que, pela voz do diretor, Minky Worden, alertou para a gravidade das informações, ao jornal britânico The Guardian.
"Em primeiro lugar, os trabalhadores migrantes no Qatar não podem falar livremente devido aos receios ao nível da segurança, e a FA [Federação inglesa] deveria saber disto. Em segundo lugar, terão Gareth Southgate tentado contactar trabalhadores migrantes e as famílias daqueles que morreram, de Nepal, Índia, Quénia ou outros países?", questionou.
"Qualquer família que tenha recebido um ente querido num caixão sem compensação da FIFA e do Qatar não pode festejar a abertura deste Mundial. Southgate não corre riscos aos falar com trabalhadores migrantes, mas os trabalhadores migrantes correm riscos ao falar com ele", completou.
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