Numa conferência de imprensa conjunta com o líder do clube da margem sul do Tejo, Paulo Veiga, o dirigente destacou que se trata de "um clube prestigiado, de um concelho pujante", e que "nunca perdeu a formação", o que constitui "um dos pilares" do projeto da B SAD.
"Não era a única saída, mas era, de longe, a melhor. Tivemos outras possibilidades, continuarmos sozinhos não era uma hipótese. Estes cinco anos demonstraram que conseguimos resistir a tudo, mas não podemos ignorar que as dificuldades eram crescentes", explicou Rui Pedro Soares, no Estádio Municipal José Martins Vieira, 'casa' do Cova da Piedade.
Os sócios do Cova da Piedade aprovaram na sexta-feira a celebração de um acordo com a Codecity, sociedade detentora dos direitos da B SAD, que prevê que aquela sociedade altere a sua designação para Clube Desportivo Cova da Piedade - Futebol SAD.
A nova sociedade deverá, a partir da próxima época, utilizar as instalações do clube para disputar as competições profissionais, já sob a sua nova designação, e reconhecer como clube fundador o Cova da Piedade, que irá adquirir 10% do capital pelo valor simbólico de um euro e beneficiar de todos os termos previstos para os clubes fundadores na lei das sociedades desportivas.
A aprovação, numa das assembleias gerais mais concorridas da história recente do Cova da Piedade, foi feita por 62 votos, contra 42 de associados que preferiam que o clube inscrevesse uma equipa sénior na II Divisão distrital da AF Setúbal, mas o presidente da B SAD acredita na união em torno do projeto.
"Não entendemos que esses 40% estivessem contra este caminho, simplesmente preferiam outro. O clube sofreu muito nos últimos anos, mas estou convencido que vai crescer com a esmagadora maioria dos sócios que tem, que vai voltar a ter e dos novos sócios que vai conseguir", afirmou Rui Pedro Soares.
Sobre a alegada divisão entre os associados, o presidente do clube, Paulo Veiga, destacou que, "num universo de 700 sócios, apenas 42 votaram contra" e garantiu não ter sentido, no final da assembleia geral, "que os sócios não acreditem no projeto".
"Recebi mesmo, da parte de alguns desses sócios que votaram pela participação na II Divisão distrital, os parabéns, apesar da forma calorosa com que foi defendida essa via na assembleia geral, mas acreditando neste projeto e desejando felicidades para o nosso Cova da Piedade", revelou.
O Cova da Piedade, tal como a B SAD, tem um passado de conflito com a sua contraparte no futebol profissional e, nesse sentido, Paulo Veiga defendeu que ambas as partes "aprenderam com os erros cometidos" e que isso fez com que se tornassem "amigos improváveis".
"Ambos sofremos imenso com a SAD [e clube] onde estávamos inseridos, mas aqui a questão é fazer com que não voltem a acontecer estes atritos, que tudo seja feito de modo mais colaborativo. Não há motivos para que os sócios do Cova da Piedade olhem de forma desconfiada. Acreditamos neste projeto e sabemos que é o caminho certo para o Cova da Piedade", concluiu Paulo Veiga.
Por sua vez, também Rui Pedro Soares frisou que a "má experiência anterior reforça a confiança de que esta vai correr bem", até porque o facto de B SAD e Cova da Piedade terem "sobrevivido a experiências traumáticas" denota que são "instituições com raízes muito profundas".
"E, por outro lado, como todos aprendemos [com a experiência anterior], também há neste acordo um conjunto de grupos de trabalho permanentes que vão assegurar que em todas as matérias importantes haverá um acompanhamento e diálogo permanentes. Aprendemos com a experiência e vamos, com certeza, construir aqui um clube muito forte", afirmou Rui Pedro Soares.
A antiga SAD do Belenenses está afastada do clube original desde o início da época 2018/19, quando terminou o protocolo de utilização do Restelo por parte da sociedade de Rui Pedro Soares, que mudou a equipa profissional para o Estádio Nacional, Oeiras.
A B SAD disputa, atualmente, a II Liga portuguesa de futebol profissional, na qual ocupa o 15.º lugar, com 23 pontos em 23 jornadas.
Já o Cova da Piedade e a sua SAD, de capital maioritariamente chinês, 'romperam' definitivamente no início da época 2021/22, quando a administração levou a sua estrutura para as instalações do Atlético da Malveira, após descer à Liga 3 devido a um erro administrativo no processo de inscrição na II Liga.
Antes do início desta temporada (2022/23), a atual Cova da Piedade SAD também não pôde inscrever-se na Liga 3, após falhar o processo de certificação da Federação Portuguesa de Futebol, o que precipitou o pedido de insolvência da sociedade.
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