Algo vai mal no 'reino da águia'. O Benfica saiu, este sábado, derrotado pela terceira vez ao cabo dos três últimos jogos. Depois de FC Porto e Internazionale, foi a vez de o Desportivo de Chaves vestir a 'pele de carrasco', conquistando um triunfo caseiro, por 1-0.
Uma partida em que os encarnados foram a força dominante, ao longo dos 90 minutos, mas na qual 'desinspiração' foi a palavra de ordem, visto que, cruzamento após cruzamento, rapidamente ficou à vista qual seria a estratégia delineada por Roger Schmidt.
Rafa Silva tentou 'quebrar o molde', aos 19 minutos, quando, ao invés de cruzar, rematou a centímetros de barra. Instantes depois, foi a vez de Gilberto atrasar a bola para António Silva, que, completamente solto, não conseguiu acertar no alvo.
Do outro lado da 'barricada', o Desportivo de Chaves fechou-se... a 'sete chaves' no seu próprio meio-campo, povoando o centro do terreno e procurando explorar eventuais saídas rápidas para o ataque, que quase nunca acabaram por surgir.
No arranque do segundo tempo, as águias dispuseram de mais uma oportunidade para marcar, mas, primeiro Bruno Langa, e, depois, Paulo Vítor, impediram o golo a João Mário. Na resposta, foi a vez de Odysseas Vlachodimos brilhar, ao negar o tento a Juninho Vieira.
O lance capital acabaria por surgir quatro minutos depois dos 90. Naquilo que parecia ser um lance inofensivo, Nicolás Otamendi 'borrou a pintura' e deixou a bola nos pés de Issah Abass, que, completamente isolado, não perdoou e fixou o resultado final.
Feitas as contas, o Benfica encerra a 28.ª jornada da I Liga com os mesmos 71 pontos com que a iniciou, e é líder isolado. No entanto, agora leva uma vantagem de apenas quatro pontos sobre o segundo classificado, o FC Porto, que, instantes depois, bateu o Santa Clara.
O Desportivo de Chaves, por sua vez, ocupa a décima posição, com 36 pontos, mais 14 do que o Marítimo, a equipa que mora imediatamente abaixo da 'linha de água', pelo que apenas uma 'hecatombe' o impedirá de garantir a manutenção.
Figura
Um grande jogo de Bruno Langa, que esteve 'ligado à corrente' durante os 90 minutos. O lateral-esquerdo foi um dos mais inconformados no ataque do Desportivo de Chaves, e, como se não bastasse, ainda 'roubou' um golo a João Mário, no arranque da segunda parte, com um corte em cima da linha.
Surpresa
Uma distinção que não pode ir para outro jogador que não Issah Abass. O avançado ganês 'saltou' do banco aos 71 minutos, para o lugar de João Correia, e, no último lance da partida, aproveitou um erro inesperado de Nicolás Otamendi para se isolar perante Odysseas Vlachodimos, e, com cabeça fria, atirar para o fundo das redes.
Desilusão
A defesa do Benfica não teve uma tarde particularmente complicada, dada a escassez de volume ofensivo por parte do Desportivo de Chaves. No entanto, numa das poucas ocasiões em que foi chamado a aparecer, Nicolás Otamendi comprometeu, entregou o 'ouro ao bandido' e ficou diretamente ligado a mais uma derrota encarnada.
Treinadores
Vítor Campelos: Pode dizer-se que o Desportivo de Chaves foi dominado durante grande parte dos 90 minutos, mas a verdade é que a forma como o treinador organizou a equipa, com uma grande densidade no centro do terreno, não permitiu grandes oportunidades ao Benfica. No final, a sorte do jogo acabou por sorrir aos flavienses, num lance 'caído do céu', que Issah Abass concretizou.
Roger Schmidt: O treinador do Benfica cedeu e, após o momento de fúria de David Neres, na Liga dos Campeões. O brasileiro aproveitou a oportunidade e foi dos que mais agitou o jogo demasiadamente previsível dos encarnados, mas não chegou. Na hora de mexer, o alemão voltou a mostrar-se conservador, e só arriscou aos... 88 minutos, quando lançou Petar Musa para o lugar de Gilberto.
Árbitro
Uma partida de relativa facilidade para João Pinheiro, que contou com apenas dois lances passíveis de discussão. O primeiro teve lugar aos 37 minutos, quando João Correia caiu na grande área, após lance dividido com Alejandro Grimaldo. O segundo ocorreu já aos 90+2, quando Nicolás Otamendi pediu penálti por suposta falta de Paulo Vítor. Em ambas as ocasiões, o juiz da Associação de Futebol de Braga mandou jogar. Na primeira, bem. Na segunda... já não é tão claro.
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