"A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) lamenta profundamente o que se viu ontem [domingo] por parte do auxiliar técnico do Palmeiras, João Martins, designado para a entrevista coletiva pós jogo. O ato lamentável foi muito além das reclamações semanais da arbitragem", começou por escrever, em comunicado, a CBF.
A entidade máxima do futebol brasileiro denunciou ainda aquilo que definiu como um "desfile de grosserias e uma tentativa infantil e até xenofóbica de reduzir a relevância do futebol brasileiro na Europa, mostrando inclusive desconhecimento do próprio campeonato que disputa, que já teve tricampeões, bicampeões, com vários 'times' ganhando seguidamente".
Este comunicado surge um dia depois de João Martins, que comandou o Palmeiras, lugar do suspenso Abel Ferreira, no empate a duas bolas com o Atlético Paranaense a contar para a 13.ª jornada do Brasileirão, ter afirmado que "é mau para o sistema o Palmeiras ganhar dois anos seguidos".
"Passam a imagem que é o futebol mais competitivo do mundo porque ganham vários, mas ganham vários porque muitas vezes não deixam os melhores ganhar", denunciou o preparador físico português.
Para o português o que aconteceu no domingo "foi uma vergonha", disse, criticando os "erros grosseiros", que, na sua opinião, ocorreram durante a partida.
"O Brasil é especialista em perder tempo, por isso é que na Europa não se vê jogos do Brasil", disse ainda.
Estas declarações sobre o comportamento do jogador brasileiro tiveram também respostas das autoridades brasileiras, com a CBF a dizer que "o comportamento do jogador brasileiro, que o funcionário em questão tanto critica, não corresponde à realidade, na medida em que o Brasil é o país do mundo que mais tem jogadores atuando no exterior, inclusive na própria seleção portuguesa".
"A CBF está encaminhando o vídeo contendo as declarações do profissional do Palmeiras ao presidente e ao procurador do STJD para que ele revele qual seria o esquema ou o sistema no futebol brasileiro que não permite que o melhor vença", concluiu a entidade que gere o futebol brasileiro.
Também hoje, o Palmeiras saiu em defesa do preparador físico português e criticou a nota oficial agressiva e ainda o facto de a CBF ter utilizado a palavra "xenofóbica".
"Por que a opinião de um profissional português sobre o futebol brasileiro causou tanto desconforto à CBF se a própria entidade, como é de conhecimento público, busca um treinador estrangeiro para comandar a seleção brasileira?", questionou o Palmeiras em comunicado.
O 'verdão' pergunta ainda "qual teria sido a conduta 'xenofóbica' de João Martins" e se terá sido "elogiar a qualidade dos jogadores brasileiros".