O Benfica precisou de sofrer para vencer em Barcelos na noite de sábado. Quando o golo de Rafa, aos 53 minutos, fazia parecer que a vitória já não ia fugir aos encarnados, eis que o Gil Vicente soltou-se das amarras e foi para cima do adversário, levando a uma ponta 'final de... loucos'. No entanto, Musa regressou após ter sido expulso no Bessa e precisou de apenas de um toque para marcar o terceiro golo das águias e evitar um novo deslize fora de casa.
É caso para dizer que o avançado croata passou de vilão a herói e provou, uma vez mais, que é sempre mais letal quando é lançado a partir do banco de suplentes.
No entanto, há problemas evidentes nesta versão 2023/24 do Benfica de Roger Schmidt. O treinador alemão reconheceu que a organização defensiva está longe daquela demonstrada na temporada transata e os dados são esclarecedores: há 15 anos que os encarnados não sofriam cinco golos nas primeiras três jornadas do campeonato.
É a pior defesa do Benfica dos últimos 15 anos com 3 jornadas decorridas da Liga Portuguesa:
— Playmaker (@playmaker_PT) August 26, 2023
2008/09 - 5 golos sofridos
2023/24 - 5 golos sofridos pic.twitter.com/VVkXt0YZUV
O Gil Vicente, por seu turno, voltou a deixar boas indicações, tal como havia feito na visita ao Braga, e pode queixar-se de alguma falta de sorte e... pontaria.
Vamos aos protagonistas de uma noite quente em Barcelos.
A figura
Há quem defenda que a qualidade é sempre melhor que a quantidade e o caso de Musa não deixa dúvidas. O croata apenas foi a jogo aos 90'+3 e passados apenas dois minutos marcou o golo que valeria a vitória, naquele que foi o primeiro toque que deu na bola.
Dos 13 golos que tem com a camisola do Benfica, 11 deles foram obtidos na condição de suplente utilizado. Um autêntico joker croata a sair do banco.
A surpresa
Maxime Dominguez foi a grande surpresa da noite. Começou o jogo em zonas mais adiantadas do terreno de jogo, mas o protagonismo só chegou quando se juntou a Pedro Tiba nas operações a meio-campo. Tem critério com bola, visão de jogo e apetite pela baliza, tal como ficou evidente com aquele livre indireto.
A desilusão
Arthur Cabral continua a acusar falta de entrosamento e alguma falta de ritmo. É normal que ainda não tenha assimilado todos os processos da equipa, mas precisa urgentemente de mostrar daquilo que é capaz de fazer. Um golo pode ajudar a desbloquear a mente do avançado brasileiro. Para já, continua a ser um corpo estranho na equipa.
Treinadores
Vítor Campelos
O treinador do Gil Vicente teve o mérito de saber olhar para o jogo e perceber que precisava de reajustar o meio-campo, fazendo recuar Maxime. Também soube mexer com o jogo a partir do banco, contado com várias soluções de qualidade. Nota positiva.
Roger Schmidt
Foi conservador na abordagem ao jogo e manteve a aposta no adaptado Aursnes a lateral esquerdo. Curiosamente, no momento de maior aperto, em que as águias precisavam do norueguês a ajudar o meio-campo, Aursnes estava... na defesa. Manter Ángel Di Maria os 90 minutos também causa alguma estranheza, uma vez que o argentino acusou o desgaste físico e rapidamente perdeu a lucidez tática.
O árbitro
O lance de maior dúvida da partida será aquele em que João Pinheiro entendeu que Marlon derrubou João Mário na grande área, motivando a marcação de uma grande penalidade. O lance é sempre discutível por conta da tal questão da intensidade do toque. Fora isso, soube controlar o jogo.
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