O futebol é mais do que onze contra onze e uma bola à espera de ser remetida às balizas das duas equipas. É em jogos como o FC Porto-Arouca que nos relembramos desse facto. Quando há um pormenor que falha na engrenagem do jogo - e, neste caso, a falha nas comunicações do videoárbitro com o árbitro principal - o fino equilíbrio de uma partida e a tão falada 'verdade desportiva' é posta em causa. 

Tanto que o FC Porto quer que o encontro seja anulado porque há uma alegada "violação das regras de jogo e um erro de direito com potencial impacto grave no desfecho do encontro". O rival Benfica não demorou a emitir um comunicado, a pedir para que se "afine critérios e garanta a transparência", criticando o tempo de descontos concedido no jogo (17 minutos) decorrente dessa falha técnica. O Conselho de Arbitragem da Federação Portuguesa de Futebol promete investigar. 

Assim sendo, fica difícil manter o futebol em primeiro plano, o que é um mau sinal para a Liga Portugal. Mas olhando para o jogo jogado, o FC Porto teve superioridade em relação ao Arouca, ainda que sem conseguir mexer no marcador durante os noventa minutos. Teve um primeiro golo anulado perto da passagem da meia-hora, com Taremi ligeiramente adiantado face à linha defensiva do Arouca.

Toni Martinez era o mais perigoso, como já vem a ser habitual neste início de época, incomodando a defesa contrária e atirando uma bola à trave da baliza do Arouca antes do final da primeira parte. A equipa técnica do FC Porto promoveu alterações logo ao intervalo, fazendo entrar Alan Varela (estreante) e Evanilson, que esteve lesionado e falhou a pré-temporada. 

Aquilo que parecia ser um completo 'banho de água fria' chegou aos 84 minutos, já quando o FC Porto punha toda a 'carne no assador'. Num contra-ataque, o espanhol Cristo (que tem estado em evidência) desferiu um belo remate de longe e foi recompensado.

Mas muito futebol ainda havia para jogar. O FC Porto teve uma sequeência de três grandes penalidades assinaladas, sendo que as primeiras duas foram revertidas. A terceira foi concedida e desperdiçada por Galeno. Quando tudo indicava que o Arouca ia sair do Dragão com a vitória, eis que surgiu Evanilson, oportuno, a empatar a partida já depois dos 108 minutos. O FC Porto manteve-se invencível no campeonato, a muito custo, e segue no pelotão da frente do campeonato.

Figura

Cristo González tem sido um dos destaques do Arouca neste início de época e confirmou esse estatuto mesmo diante de um 'grande'. Reforço dos arouquenses para esta época, o espanhol foi uma ameaça constante para a defensiva portista e marcou um golo espetacular, ao alcance de poucos, aos 84 minutos.

Surpresa

Talvez poucos adivinhassem que fosse Evanilson a decidir o resultado final. O avançado brasileiro estava no estaleiro desde a pré-época e regressou aos eleitos de Sérgio Conceição para este jogo. Estava no sítio certo à hora certa.

Desilusão

Mehdi Taremi continua sem encontrar o golo desde o início da época. As despesas do ataque têm sido passadas, neste caso, para o colega Toni Martínez, que atirou uma bola ao poste neste encontro. O iraniano até marcou, mas estava em posição irregular. Muito curto.

Treinadores

Vítor Bruno apercebeu-se das dificuldades da sua equipa e promoveu mudanças ao intervalo. Teve confiança em lançar Varela, um estreante, e Evanilson, regressado de lesão. Alterações subtis, tal como a de Gonçalo Borges, mas importantes no resultado final. No entanto, continua a exigir-se mais a uma equipa como o FC Porto.

Daniel Ramos roubou pontos ao FC Porto e isso deve ser reconhecido. Esteve muito perto de conseguir a vitória, demonstrando a tristeza na flash interview pelo longo tempo de compensação. O Arouca utilizou as armas de que dispunha, e foi letal nas poucas chances que teve. Fica a vitória moral, mas apenas um ponto conseguido. 

Árbitro da partida

O principal problema no ajuizamento da partida não residiu em Miguel Nogueira, apesar deste ser o centro das atenções. O árbitro principal contornou como pôde as falhas técnicas da comunicação com o videoárbitro - com um telemóvel - e confiou sempre no juízo de quem analisou na Federação Portuguesa de Futebol. O problema está nas condições oferecidas à equipa de arbitragem pela FPF, que só mancham a reputação do futebol português.

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