Foi preciso tremer, suar e quase cair para o Sporting se sentar no trono da I Liga. Um bis de grandes penalidades de Gyökeres entregou, na noite de sábado, a liderança isolada aos verde e brancos, que venceram na casa do Farense (3-2). Mas se se esperava um jogo mais fácil dado que os algarvios ficaram reduzidos da dez unidades desde os 18 minutos, a verdade é que os agora novos líderes isolados só arrancaram os três pontos ao minuto 90.
A história deste encontro a sul do país conta-se em vários capítulos, dois deles com um bis de parte a parte, e com um desfecho final recheado de polémica e muita confusão na área dos algarvios. Mas sobre esse lance falaremos mais tarde.
Comecemos pela saída extemporânea de Coates. O capitão pediu para sair após dores musculares, mas nem isso fez retirou confiança ao Sporting que tinha entrado mais mandão no encontro. E em cima dos 20 minutos já sorria no Algarve. Aos 18 minutos, e já dentro da área, Pedro Gonçalves rematou com 'selo' de golo. Gonçalo Silva cortou a bola com o braço e foi expulso. Na conversão do respetivo penálti, Gyökeres não tremeu (21'), assinando o quarto golo no campeonato.
O ascendente provocado por este golo do sueco resultou no 2-0, aos 35 minutos. Pedro Gonçalves aproveitou uma bola à entrada da área para rematar em jeito para o fundo das redes. Mas a reação dos algarvios foi rápida. Apenas dois minutos depois, Mattheus Oliveira, que defrontou a ex-equipa, foi chamado a converter um livre direto que contornou a barreira por fora e surpreendeu o espanhol Antonio Adán.
Para o segundo tempo, o técnico do Sporting abdicou do amarelado Hjulmand, que ficou à beira da expulsão em cima do intervalo. E foi já com Paulinho em campo que o Sporting esteve à beira do 3-1. Ricardo Velho impediu um remate forte de Nuno Santos para, quase de seguida, o Farense empatar. Em novo livre direto marcado, brasileiro Mattheus Oliveira (55') voltou a mostrar credenciais e fez tremer os verde e brancos.
O mesmo canarinho ainda tentou surpreender de fora da área (81'), mas Adán registou excelente defesa. Um lance perigoso que antecedeu a polémica final e o remate certeiro que valeu o triunfo dos leões. Aos 87 minutos surgiu nova grande penalidade, por falta de Zé Luís sobre Edwards, um lance fortemente contestado pelos algarvios que alegaram que não existiu falta do cabo-verdiano sobre o inglês. Gyökeres voltou à marca dos 11 metros e não falhou, entregando a liderança isolada ao conjunto de Alvalade.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
A coroa desta partida tem de ser entregue aos mais cintilante cavaleiro do Sporting nos últimos jogos. Gyökeres marcou dois dos três golos do triunfo leonino a sul do país, sendo fundamental para que os leões estejam agora na liderança isolada da prova. É um daqueles jogadores que dá tudo em campo.
Surpresa
Mattheus Oliveira esteve à beira de surpreender a antiga equipa. Pode já nem estar na memória de muitos sportinguistas dada a fugaz passagem por Alvalade, mas a verdade é que, depois da exibição da última noite, certamente não voltará a cair no esquecimento para os lados de Alvalade. Marcou dois grandes golos, ambos de livre direto, numa noite para mais tarde recordar.
Desilusão
Hjulmand pegou de estaca no onze de Rúben Amorim e tem sido um dos destaques da época leonina. Porém, a exibição a sul do país deixou um pouco a desejar. Além de ter feito uma falta, desnecessária, que esteve na origem do primeiro golo do Farense, o médio de origem dinamarquesa arriscou a expulsão, quase no final da primeira parte, após uma falta dura sobre Fabrício Isidoro.
Treinadores
José Mota:
Reduzidos a dez unidades desde cedo na partida, os algarvios não se vergaram a essa contrariedade. Ainda que tenham estado a perder por dois golos sem resposta, os farenses foram capazes de, contra 11 jogadores, anular essa desvantagem e estar à beira de carimbar uma reviravolta que seria época. Os leões de Faro caíram com dois golos da marca dos 11 metros, o último dos quais ao cair do pano.
Rúben Amorim:
O Sporting entrou com intenções de mandar no jogo, com algumas incursões pelas alas que não resultaram em grande perigo, e rapidamente se colocou em vantagem com dois golos. Com esse conforto no resultado, os leões quase que desligaram do encontro e só se voltaram à ligar à ficha com o golo de Mattheus Oliveira. O segundo tempo trouxe um conjunto com poucas ideias, algo apático até. E só com o empate é que os lisboetas voltaram a fazer pela vida, dado que a igualdade não valeria a liderança isolada. Certo é que, depois de alguns avisos, o tiro vitorioso surgiu ao soar do gongo.
Arbitragem
Trabalho muito negativo de Luís Godinho. Um dos mais experientes árbitros do futebol português, acabou por nos brindar com uma exibição fraca. Se o penálti foi bem assinalado, o mesmo não se pode dizer do vermelho mostrado a Gonçalo Silva. Ainda no primeiro tempo, o lance entre Hulmand e Fabrício Isidoro poderia ter valido o segundo amarelo ao internacional dinamarquês. No lance de maior polémica da partida, subsistem algumas dúvidas na grande penalidade que foi marcada por falta de Zé Luís a Marcus Edwards.
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