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"O Beira-Mar vai voltar às Ligas profissionais, mais ano, menos ano"

O Desporto ao Minuto falou com Miguel Valença, treinador do Beira-Mar, sobre a situação atual do clube e as ambições para o futuro. Aos 33 anos, já leva cinco anos enquanto treinador principal. Valença deixou ainda críticas ao modelo do Campeonato de Portugal.

"O Beira-Mar vai voltar às Ligas profissionais, mais ano, menos ano"
Notícias ao Minuto

07:34 - 13/10/23 por David Silva

Desporto Exclusivo

O nome Beira-Mar desponta várias memórias da alta roda do futebol português, nomeadamente, nos anos 60, com a vitória da Taça Ribeiro dos Reis, em 1965 (além da participação de Eusébio na equipa) bem como o final dos anos 90, em que o clube aveirense venceu uma Taça de Portugal em 1999, com nomes como Fary, Ricardo Sousa ou Palatsi. 

No entanto, está afastado dos campeonatos profissionais desde 2015, após uma crise diretiva iniciada com a participação maioritária de um investidor iraniano no clube. Hoje em dia, a equipa principal joga na Série B e é liderada por Miguel Valença, jovem treinador que esteve à conversa com o Desporto ao Minuto

"O clube vai voltar às Ligas profissionais, mais ano, menos ano. Neste momento, já está com condições para que se possa trabalhar para esse objetivo, mas nunca se sabe o dia de amanhã. O que sabemos é que o clube estava há pouco tempo na distrital e, no ano passado, fez-se uma época tranquila, estabilizámo-nos no Campeonato de Portugal. Este ano, o ano objetivo é entrar nos dois primeiros lugares para atacar a subida à Liga 3. É um caminho muito longo e duro, à medida que subirmos vai aumentando a dificuldade. O clube, os sócios e simpatizantes merecem. Se conseguirmos nos próximos três, quatro ou cinco anos, será fantástico. Queremos dar um bom passo no que toca a esse crescimento", afirma Valença.

Quatro mil nas bancadas é como se tivéssemos o estádio cheio

Completada a sexta jornada, o clube encontra-se na terceira posição da Série B do CP, com onze pontos, menos cinco do que o Amarante e o São João de Ver. "Esta série é muito competitiva. Temos 20 jogos pela frente, mas sabemos que o caminho é longo e difícil", garante o técnico, que chegou a Aveiro no decorrer da época passada. Chegou ao clube após a saída de Ricardo Maia e levou a equipa nove vitórias em quinze jogos. Um registo que o permitiu continuar nesta temporada e preparar a equipa durante o verão. 

"Mantivemos a base da época passada, oito, nove ou dez jogadores, e fomos buscar novos elementos para colmatar saídas, com uma nova ambição para termos objetivos mais elevados. O nome Beira-Mar, por ser histórico, acaba por captar jogadores diferentes de outros clubes, até de divisões superiores. O objetivo foi contratar homens com um 'H' grande, que soubessem o que é a exigência do que é representar um clube histórico", explica o treinador. Um desses homens é o experiente Cícero, que já sabia o quer era jogar no Beira-Mar. 

"Fez duas fantásticas épocas, no Salgueiros. É acarinhado por toda a gente e ajuda os mais novos. Foi também meu jogador, no Anadia. Procuramos encontrar jogadores da órbita de Aveiro para não ter gastos com logística, seja em casa ou alimentação. Ele vive na zona de Aveiro, o que facilitou a transferência. Logicamente que nem todos os alvos foram possíveis, não só por questões orçamentais, mas também por ainda estarmos no Campeonato de Portugal, apesar das condições não serem tão diferentes de um clube de II Liga, pois temos um estádio do Euro'2004 e uma academia", na opinião de Miguel Valença.  

Estádio esse que tem capacidade para 30 mil pessoas, quase metade da população de Aveiro (80 mil habitantes em 2021). Como seria de esperar, o reduto nunca enche para os jogos do Beira-Mar, um fator que o treinador prefere secundarizar: "Não olhamos muito para isso. O apoio que nos têm dado tem sido sentido e agradecido. Ter quatro mil nas bancadas é quase como se tivéssemos o estádio cheio."

Críticas ao modelo do Campeonato de Portugal

A quarta divisão do futebol nacional é dividida por quatro séries, respeitantes às regiões dos clubes. Cada uma tem 14 equipas, sendo que as primeiras duas jogam a 2.ª fase para a subida à Liga 3 e cinco descem aos campeonatos distritais. O atual modelo merece críticas por parte de Miguel Valença.

"Podia passar 'muita água debaixo da ponte' sobre esse assunto. É um campeonato em que, numa primeira fase, há muitas paragens até ao Natal, e, depois de janeiro, não tem mais nenhuma interrupção até ao final da época. Tem um término muito precoce para quem não chega aos lugares de acesso. Atletas estrangeiros ou jogadores que fazem vida do futebol e precisam de remuneração para viver acabam por estar vários meses a sentir dificuldades. Sou apenas um mero treinador, mas devia-se ter olhado de outra forma, para todos os clubes e não só para os maiores. Há clubes que andam nos 'elevadores' sempre a subir e a descer", descreve Valença. 

O treinador aponta uma solução: "Sempre fui apologista da antiga II B, que tinha três séries - norte, sul e centro - e talvez fosse uma fórmula a recuperar. Eram 18 equipas em cada série e, se calhar, o futebol seria mais zonal, mais competitivo, levava mais gente aos estádios e poderíamos valorizar ainda mais o produto português."

Um treinador (anormalmente) jovem

Miguel Valença tem 33 anos, uma idade perfeitamente aceitável para ainda jogar futebol. Fê-lo até 2018, tendo tido passagens pelo Nogueirense, Naval ou União de Coimbra. O convite para tornar-se treinador do Oliveira do Hospital mudou a sua vida. "Tomei essa decisão porque houve a oportunidade. Se não fosse o convite, ainda podia estar a jogar. Jogava num nível mediano, de Campeonato de Portugal, e, se calhar, até continuava. Muita gente  criticava-me porque tinha 28 anos..." recorda o antigo guarda-redes.

Olhando para os últimos cinco anos, Miguel Valença acredita que teve um "um crescimento sustentado" e reafirma o "orgulho" na carreira. "No Oliveira do Hospital excedemos as expetativas na primeira época, garantindo a manutenção com o sexto lugar. No Anadia, tive a melhor época da minha curta carreira. Acabámos por subir à Liga 3 na denominada 'série da morte' do CP. (...) Depois, surgiu uma aventura até Lisboa, no Real SC, que tentava lutar pela manutenção na Liga 3. Fizemos três meses e meio. Conseguimos atingir o objetivo e valorizar jogadores", recorda. 

Antes de chegar ao Beira-Mar teve ainda uma breve aventura na Académica OAF "no pior momento da sua história, com muitas mudanças de direção". Mas Valença garante que o convite "não se podia rejeitar", até porque é coimbrense. 

Para já, não tem ambições de I ou II Liga, porque "olhar para cima só vai desgastar". Miguel Valença está focado na evolução no imediato. "Na minha carreira, sempre consegui atingir os objetivos propostos e isso deixa-me orgulhoso, tenho conseguido valorizar ativos por onde passo, para o Sporting, Estoril... isso tem acontecido e é um fator importante no nosso trabalho, do meu ponto de vista. No ano passado, baixei uma divisão porque achei que o Beira-Mar era um bom projeto, rejeitando até dois ou três da Liga 3, porque não eram os mais indicados. Não estou nada arrependido, porque tenho muito orgulho em representar este clube e estas gentes. Quero crescer com o clube."

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