Falta menos de um ano para as próximas eleições dos órgãos sociais do FC Porto, e a corrida para a presidência começa a 'aquecer'. O histórico Jorge Nuno Pinto da Costa termina o seu 15.º mandato, tendo iniciado funções no longínquo ano de 1983. Se ganhar o próximo ato eleitoral, poderá ser presidente do clube até aos 90 anos. 

A idade parece não 'falar mais alto' do que os títulos conquistados pelo histórico dirigente - 1.341 em todas as competições, 68 só no futebol masculino, mais 36 do que o segundo classificado - Florentino Pérez, do Real Madrid.

Fernando Freitas, antigo defesa-central do FC Porto entre 1976 e 1983, confia na continuidade de Pinto da Costa. "Ele trouxe-me do Belenenses e foi meu presidente. Se deve continuar? Enquanto estiver vivo... É uma pessoa que respeito muito. Com certeza que também me respeita. Se eu atravessar a rua, ele sai do carro e vem ter comigo. Eu faço a mesma coisa", confessa em entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto.

Freitas foi um dos protagonistas do 'Verão Quente' de 1980

A lealdade de Freitas para com Pinto da Costa dura há mais de 40 anos. O antigo internacional português esteve ao lado do então diretor do departamento de futebol e de José Maria Pedroto no chamado 'Verão Quente' de 1980. Os dois supracitados 'homens-fortes' entraram em rota de colisão com o presidente, Américo de Sá, e o plantel ficou dividido. 15 jogadores recusaram treinar-se pelo FC Porto e assinaram um comunicado em solidariedade com Pinto da Costa. Freitas era um deles. 

"Recordo bem o 'Verão Quente'. Muitas coisas. O Pinto da Costa pegou em mim, na minha mulher e filhos e fomos para uma estalagem, na Póvoa de Varzim. Tudo coisas interessantes que já passaram", diz o luso-angolano.  

Aos 76 anos, ainda é dirigente de um clube, o Escola Futebol 115, com sede na Maia, um emblema virado para a formação de jovens atletas. O filho, Dito Freitas, é o técnico da equipa principal. "Com Pinto da Costa aprendi a ser presidente. Muitas coisas que aprendi lá [no FC Porto], na 115 também fazemos. O que nos falta é o dinheiro..." 

Villas-Boas foi adjunto de Freitas no FC Porto

Além de futebolista (ganhou quatro títulos com o FC Porto, entre eles um bicampeonato com Pedroto), Fernando Freitas foi também treinador das camadas jovens do FC Porto. Foi lá que encontrou um jovem ambicioso, de seu nome André Villas-Boas. Apontado por muitos como provável candidato à presidência do clube, Freitas tem dificuldade em vê-lo nessa tarefa.

"O André foi meu adjunto nas camadas jovens. O Pinto da Costa ganhou muitos campeonatos, o André Villas-Boas foi só um treinador, na minha opinião. Depois de ser meu adjunto, tornou-se um bom treinador. Agora, presidente, não sei."

Coincidiram no início da década de 00', antes de Villas-Boas ser recrutado por José Mourinho para a sua equipa técnica, em 2002, como observador. Mourinho conhecia o jovem pelo trabalho desenvolvido com Bobby Robson.  "Era um bom adjunto", relembra Freitas. "Foi acompanhado por mim..." gracejou. 

O antigo treinador da equipa principal, na época 2010-11, concedeu recentemente entrevistas à imprensa nacional onde reafirmou o desejo em candidatar-se à presidência do FC Porto. "Não posso negar que tenho datas em mente, tenho equipas preparadas, tenho ideias e pessoas e tenho projetos, mal de mim se não estivesse à altura de poder corresponder a um cargo desta dimensão", confessou. 

Nas últimas eleições, Pinto da Costa enfrentou a concorrência de José Fernando Rio, que ficou em segundo lugar (26,44%), e de Nuno Lobo, em terceiro (4,90%). Para já, apenas o atual presidente e Nuno Lobo anunciaram candidaturas às eleições de 2024. 

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