Ukra garante sentir-se realizado apesar de apenas por uma vez ter vestido a camisola da seleção nacional, num jogo particular diante de Cabo Verde, realizado em 2015. O experiente extremo do Rio Ave concedeu uma entrevista ao jornalista Rémi Martins, publicada esta terça-feira, e recordou o momento marcante da sua carreira, lembrando que na altura a concorrência era... feroz.
"Na posição onde jogo, era onde a seleção estava mais bem servida. Tinha Quaresma, Nani, Ronaldo.... Bernardo a aparecer. Cada um faz o seu caminho. Tinha a perfeita a noção de que nem me podia comparar com esses jogadores. Só o facto do meu trabalho reconhecido e ter sido chamado para jogar um amigável, deixa-me feliz e realizado. Não importa se foi só uma vez. Todos os colegas que tive ajudaram-me a realizar esse sonho", começou por dizer Ukra, antes de garantir que há jogadores com mais capacidade que não vão conseguir ter a mesma oportunidade.
"Se não fosse à seleção, não iria ficar triste. Dou sempre o melhor de mim, todos os dias. Há jogadores que se calhar têm mais capacidade do que eu e não vão chegar à seleção. A vida de jogador é mesmo assim. O importante é dar o melhor de nós todos os dias, sermos bom colega... Eu valorizo muito isso. Eu quero acabar a carreira e não quero que digam que fui bom jogador. Quero que digam que fui boa pessoa. Até hoje nunca pisei nenhum colega meu para jogar. É por isso que eles olham para mim com admiração e respeito. Muitas vezes preocupo-me mais com eles do que comigo próprio", vincou o jogador de 35 anos.
Questionado a abordar o caso de longevidade de Cristiano Ronaldo, que continua a ser titular na seleção nacional aos 38 anos, Ukra foi desafiado a responder se mantinha CR7 no onze. O jogador vila-condense garantiu que sim, mas também disse entender as críticas feitas outrora.
"Na altura compreendia porque muita gente dizia que não se devia olhar a nomes, mas sim ao rendimento. Mas também sabemos que o Ronaldo pode não estar tão bem durante 80 minutos, mas em 10 minutos pode resolver um jogo. Não sou selecionador ou treinador, mas sei avaliar esses pormenores. Ter um jogador que possa decidir um jogo a qualquer momento é muito importante para o treinador", lembrou, para depois sublinhar que a gratidão não pode ser a única coisa a pesar na balança.
"Também não pode ser por gratidão que temos de jogar sempre. Se fosse por gratidão estava sempre a jogar no Rio Ave (risos). Tem de haver um equilíbrio da performance, gratidão e reconhecimento. Saber avaliar as coisas e perceber quem manda é o treinador, que está connosco todos os dias", rematou Ukra.