O antigo internacional espanhol Gerard Piqué concedeu, esta quinta-feira, uma entrevista ao jornal espanhol Marca, na qual previu um futuro nada positivo para Barcelona e Real Madrid nos próximos cinco anos.
O agora empresário, e presidente da Kings League, assumiu ser fã do modelo de gestão dos desportos norte-americanos, antevendo tempos difíceis para os dois maiores clubes do futebol espanhol.
"Gosto mais dele [do modelo norte-americano], é mais atrativo de ver do que o europeu. Mas depois, se levarmos a questão para o nível económico, percebemos que está mais bem estruturado para os clubes. A nível europeu, está tudo nas mãos dos jogadores. O Barça e o Madrid não vão conseguir competir a longo prazo, isso é óbvio. Nos Estados Unidos, o dinheiro é distribuído igualmente pelos 30 franquias, eles vão estruturá-lo de forma a que os franquias estejam muito protegidos. E se virem que o negócio não está bem estruturado, entram em greve e ganham um pouco mais de margem", começou por dizer Piqué.
"O que acontece na Europa? Cada liga tem uma regulamentação diferente. A La Liga tem um Fair Play muito rigoroso e outras ligas têm um sistema diferente. E depois, na Europa, temos de competir com essas equipas. Como não há regulamentação em termos de Fair-Play, estamos expostos a que esses clubes paguem mais através de outros canais, e vamos acabar por ver o Barça e o Madrid a não poderem competir. Estamos a caminho de, dentro de cinco anos, o Barça e o Madrid não poderem competir na Europa. Ou isto está regulamentado, ou eles não estão a competir com as mesmas regras. E isto está regulamentado nos Estados Unidos", frisou ainda o antigo jogador.
"Penso que vamos assistir a mudanças, não sei até que ponto serão drásticas. O que é claro para mim é que o que o Barça e o Madrid estão a tentar fazer com a Superliga é, pelo menos, fazer com que as pessoas percebam que não podem continuar com esta linha, porque há outra evidência, que me afeta positivamente, mas tenho mais capacidade para a argumentar, é o facto da distribuição dos direitos televisivos. São distribuídos 2.000 milhões de euros e há clubes que se vê que não faz sentido receberem esse dinheiro devido à sua audiência. Andorra é um caso muito extremo, se os promovermos à primeira divisão, são garantidos 50 milhões de direitos, e o Barça e o Madrid têm 150 milhões, quando têm cem mil vezes mais adeptos. Esta injustiça não me parece justa, dir-lhe-ão que há clubes que vivem à custa deles. Há jogos na La Liga que muito pouca gente vê, e depois vê-se que a distribuição é muito semelhante. Posso dizer-vos que todos os grandes clubes da Europa gostariam de fazer algo assim", finalizou.
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