O Benfica venceu o Sp. Braga, por 3-2, no Estádio da Luz, na quarta-feira à noite. Foi um jogo difícil para os comandados por Roger Schmidt, que tiveram o mérito de aproveitar os erros dos arsenalistas. Ainda assim, convém dizer que Artur Jorge tinha um plano bem delineado para contrariar os encarnados. Rodrigo Zalazar e Arthur Cabral estiveram no centro dos 'holofotes'.
Roger Schmidt fez alinhar os mesmos onze jogadores que tinham levado de vencida o Arouca, no passado sábado, por 3-0. Já Artur Jorge trocou Matheus por Hornicek e José Fonte por Paulo Oliveira. Os bracarenses começaram um jogo com um claro 4-5-1, que o Benfica teve alguma dificuldade em penetrar.
O Sp. Braga entrou praticamente a ganhar com um golo de Rodrigo Zalazar, num lance estudado pelos arsenalistas. Borja bateu curto para Rony Lopes e este entregou em direção ao médio uruguaio. Zalazar respondeu com um remate seco e rasteiro, desviado na floresta de pernas dentro da área. Trubin foi traído e as reações dividiram-se na Luz.
O Benfica ripostou com um cabeceamento de António Silva e outro remate longínquo de João Neves, dois produtos da formação encarnada. O Benfica intranquilizou-se, de certo modo, perdendo facilmente a posse em várias ocasiões. Esperou por uma brecha na defensiva arsenalista, e ela apareceu.
Num contra-ataque rápido, Orkun Kokçu descobriu uma abertura na defesa do Braga, criada por Serdar, e desmarcou Rafa Silva, avançado português que tem estado em evidência no início da temporada. Rafa correu, isolou-se na cara de Hornicek e atirou para o fundo das redes, numa demonstração de frieza incomparável a outros tempos.
Nem dois minutos depois, Arthur Cabral tirou Serdar da frente e marcou um grande golo, com um remate rasteiro por debaixo das pernas do guardião contrário. Um golo de redenção que levou a Luz 'abaixo', com muita aclamação dos adeptos. Com Zalazar em evidência, foi alguém nascido a 25 de abril que ripostou.
Festival de golos alargou-se à segunda parte
Logo ao abrir a segunda metade (nenhum técnico promoveu alterações ao intervalo), novo golo. Rodrigo Zalazar atirou de fora da área com um remate potente, sem hipóteses para Trubin. A bola bate na barra, no chão, e entra.
A partir desse momento, o Benfica intranquilizou-se, prescindiu da posse da bola e quase deixava o Braga ficar na frente do marcador de novo. Entre os 60' e os 70', os minhotos podem lamentar algumas chances perdidas. Restou aparecer o golo da vitória, por intermédio de Fredrik Aursnes, com uma assistência de calcanhar de Arthur Cabral. Depois do jogo, o brasileiro admitiu ter feito a melhor exibição com o Benfica.
O 3-2 não se alterou e ditou a passagem do Benfica para a próxima fase da Taça de Portugal, os quartos de final. Sporting, FC Porto, Gil Vicente, União de Leiria e Vizela acompanham as águias (para já).
Figura
Rodrigo Zalazar, médio que cumpre a primeira época no Sp. Braga, marcou dois de belo efeito, de fora da área, e foi um dos motores dos bracarenses, jogando e fazendo jogar ao lado de João Moutinho e Vítor Carvalho. Até teve hipótese de marcar o terceiro por duas vezes.
Surpresa
Arthur Cabral foi a surpresa da noite, com um golo de se lhe tirar o chapéu antes do intervalo. Trabalhou bem sobre Serdar e atirou rasteiro para dentro da baliza, sem olhar para ela, entre as pernas de Hornicek. Bom golo para um jogador tantas vezes criticado. Além disso, teve bons lances individuais, inclusive com uma assistência.
Desilusão
João Mário foi um elemento a menos no Benfica. Não foi perigoso no ataque nem decisivo no equilíbrio defensivo - se no ano passado foi essencial para Roger Schmidt, nesta temporada a sua titularidade levanta algumas questões. Infelicidade ao desviar a bola no primeiro golo do Sp. Braga.
Treinadores
Roger Schmidt: O maior mérito do alemão foi não ter subestimado nem o Sp. Braga, nem a competição. Alinhou com a equipa mais rotinada e teve a sorte de 'ganhar a aposta' em Arthur Cabral, numa altura em que a chegada de Marcos Leonardo (no banco de suplentes) levanta questões sobre a titularidade no ataque.
Artur Jorge: Surpreendeu o Benfica na bola parada, evidenciando nesse aspeto algum 'trabalho de casa'. Não remeteu a equipa atrás e, aliás, procurou adiantar a equipa durante o 2-2. O Sp. Braga sofreu com a eficácia do Benfica no aproveitamento dos erros, sendo que a linha adiantada da defesa permitiu que Rafa 'cavalgasse' sozinho para o 1-1.
Árbitro
Nuno Almeida teve um critério largo, com alguns lances em que jogadores foram derrubados e o árbitro deixou jogar. Não teve erros flagrantes, mas contribuiu para o acicatar dos ânimos com algumas decisões questionáveis, como a falta a favor do Sp. Braga num lance em que João Neves foi claramente pisado por Abel Ruiz.
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