'Des-Trossard-os' nos penáltis há dez anos. As notas do Arsenal-FC Porto

Após muita resistência, o FC Porto perdeu pela oitava vez consecutiva nas grandes penalidades, desta vez diante do Arsenal. Leia a análise ao jogo desta terça-feira.

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© Getty Images

David Silva
13/03/2024 08:00 ‧ 13/03/2024 por David Silva

Desporto

Liga dos Campeões

Está a tornar-se uma espécie de malapata. O FC Porto não tem sido feliz na decisão por grandes penalidades desde há muito, mais concretamente 10 anos. Depois de ser eliminado da Liga dos Campeões pelo Arsenal, esta foi a oitava vez consecutiva que os dragões soçobraram a partir da marca dos onze metros, desta feita contra o líder da Premier League. Ainda assim, há que ser dito que os dragões aguentaram de forma estoica os 120 minutos, com Trossard a aproveitar um dos únicos erros do FC Porto.

A primeira parte teve um ascendente do Arsenal, expectável pelo fator casa e pela valia superior da equipa londrina, atual líder da Premier League. A verdade é que Bukayo Saka e Martin Odegaard foram ameaçando a defensiva portista, com várias boas iniciativas, antes dos gunners chegarem efetivamente ao golo - foi Leandro Trossard que abanou o marcador, após uma bela assistência de Odegaard. 

Após um desequilíbrio do meio-campo do FC Porto, o Arsenal virou o jogo de corredor. Martin Odegaard apanhou a defesa portista em contra-pé e descobriu Leandro Trossard para o golo. Diogo Costa pouco ou nada podia fazer. O jogo partia assim para o intervalo, com a eliminatória empatada.

Na segunda parte, reinou o calculismo de parte a parte. Os treinadores teimavam em não mexer, os jogadores em não arriscar. Contam-se pelos dedos as oportunidades de golo. Numa das melhores, Diogo Costa opôs-se bem a Gabriel Jesus e negou o segundo tento ao Arsenal. Viria a ser anulado um golo aos londrinos devido a falta sobre Pepe. O defesa 'claudicou' num primeiro momento, mas foi agarrado por Kai Havertz, para seu 'alívio'. Odegaard atirou para a baliza deserta, mas Clement Turpin anulou o golo.

O jogo foi mesmo para prolongamento, onde nenhuma das equipas sobressaiu. O calculismo manteve-se inquebrável e restou a decisão por grandes penalidades onde para uns, impera a sorte, para outros, o saber. A verdade é que foi Wendell o primeiro a falhar na série de remates e o colega brasileiro Galeno desperdiçou o último. Festa londrina às custas do FC Porto, 14 anos depois. A maldição dos penáltis volta a atacar.

Figura

Depois de 120 minutos onde não houve uma figura em grande plano de destaque, o jogo partiu para as grandes penalidades, onde David Raya foi decisivo. Defendeu dois remates, de Wendell e Galeno, e manteve o Arsenal na Liga dos Campeões. Acima de tudo, foi a 'figura' que personaliza este triunfo. 

Surpresa

Num jogo de grandes estrelas mundiais do futebol, Alan Varela foi praticamente um estreante sob holofotes ingleses. O médio, ex-Boca Juniors, deu consistência ao meio-campo, recuperou bolas e foi, acima de tudo, combativo diante do líder da Premier League.

Desilusão

Galeno talvez tenha habituado os adeptos portistas tão bem nesta Liga dos Campeões, que parece ter jogado mal este jogo. Ou, pelo menos, não apareceu, nem foi decisivo nas suas ações. Foi bem controlado pelo lateral Ben White e acabou falhar a grande penalidade decisiva.  

Treinadores

Mikel Arteta: Não pode ter uma avaliação positivo no conjunto das duas mãos. O líder da Premier League, com o investimento que daí decorre, só conseguiu bater o terceiro classificado da I Liga portuguesa nos penáltis. No entanto, a equipa pareceu sempre confiante da vitória, talvez em demasia. Só mexeu já aos 80 minutos.

Sérgio Conceição: Um mestre na arte de fazer 'omeletes sem ovos', o técnico portista fez os portistas acreditar diante de um mega-favorito. Apresentou um onze inicial destemido, sem protecionismos, mas com muita solidariedade dentro de campo. Só pode levar nota positiva.

Árbitro

Muito boa exibição de Clement Turpin, um árbitro que tem vindo a somar elogios a nível internacional. Dá para perceber porquê. Não deu azo a faltas em pequenos duelos, privilegiando o ritmo do jogo. Foi sempre salomónico nas suas decisões e esteve bem na anulação ao golo do Arsenal.

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