O Sporting carimbou o acesso à final da Taça de Portugal, esta terça-feira, ao eliminar o Benfica, no Estádio da Luz, com um empate (2-2) que se seguiu ao triunfo na primeira mão das 'meias' (2-1 em Alvalade, com agregado de 4-3). Dessa forma, à quarta tentativa enquanto treinador, Rúben Amorim alcançou a sua primeira final na prova-Rainha - ambicionada pelo atual 'Rei' no campeonato português - tratando-se do único troféu luso que falta no seu palmarés.
A questão que se impõe é: Se o primeiro de dois dérbis na mesma semana já foi assim, 'de loucos', o que esperar do que se segue? É certo que a primeira parte não teve golos e, em matéria de ocasiões, não tem comparação com o que se passou no segundo tempo. Ainda assim, vale a pena frisar que as águias estiveram bem mais perto de festejar do que os leões nesse período, até que Rúben Amorim interveio.
A tripla alteração dos leões no arranque do segundo tempo 'desbloqueou' o jogo e, logo aos 47 minutos, Morten Hjulmand tratou de abrir o ativo com um belo golo, ainda que a resposta tenha sido praticamente imediata, com o empate a surgir numa 'cabeçada' de Nicolás Otamendi (52').
O carrossel das emoções na Luz estava de tal forma galvanizado que, quando os adeptos do Benfica tentavam 'empurrar' a equipa de Roger Schmidt para a reviravolta, apareceu o festejo de Paulinho (55') a recolocar o Sporting em vantagem no jogo e ainda mais tranquilo na eliminatória, com dois golos de diferença na altura.
Já para lá da hora de jogo, Rafa Silva voltou a 'reacender' a chama da Luz, com um remate certeiro aos 64 minutos, seguindo-se oportunidades de parte a parte para o terceiro golo (que seria o quinto da partida), algo prontamente travado por Anatoliy Trubin e Franco Israel, mas seria mesmo o clube de Alvalade a festejar no reduto do rival, quatro dias antes de novo dérbi, em Alvalade, nas contas da liderança da I Liga.
A outra meia-final decide-se entre Vitória SC e FC Porto, com o primeiro jogo em Guimarães, já esta quarta-feira, seguindo-se a segunda mão no Dragão, para encontrar o outro finalista da segunda maior competição de Portugal. Uma coisa já é certa. Aliás, duas. O Sporting voltou a mostrar como destronar o clube encarnado na segunda maior competição em Portugal, sobretudo na hora de decidir quem chega à final, enquanto Rúben Amorim já sabe que voltará ao Jamor dez anos após ter lá estado como jogador... do Benfica.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Morten Hjulmand não rubricou propriamente a sua melhor exibição desde que chegou a Alvalade, mas soube como 'encher as medidas' do relvado do Estádio da Luz, aparecendo em quase todo o lado quando o Sporting mais precisava. Interceções cruciais, fundamental nas transições e decisivo na hora de empurrar a equipa para o ataque, sobretudo num segundo tempo 'de loucos'. O médio dinamarquês rubricou um belo golo aos 47 minutos, logo após o regresso dos balneários, dando, assim, o mote para o apuramento na Taça de Portugal.
Surpresa
Casper Tengstedt foi talvez a principal surpresa no onze de Roger Schmidt e 'baralhou', de certa forma, a estratégia do Sporting, sobretudo em função da quantidade de vezes que apareceu em zona de perigo, de forma oportuna, destacando-se uma bola à trave. Ainda assim, o intervalo mudou tudo. Nos primeiros 45 minutos, assumiu-se como um dos destaques, apesar da ineficácia, acabando por ser totalmente anulado na segunda parte, face às mexidas do adversário, até ser substituído por Marcos Leonardo aos 79 minutos.
Desilusão
Ricardo Esgaio é muitas vezes visto como o 'patinho feio' do clube de Alvalade, sem grande justificação para tal, mas a verdade é que, enquanto esteve em campo na Luz, não esteve ao nível que Rúben Amorim certamente desejaria. É certo que só falhou dois ou três passes, mas pecou na quantidade de duelos perdidos e nos cruzamentos sem qualquer tipo de 'veneno' para a defesa do Benfica, comprometendo a fluidez do jogo leonino. Não foi, por isso, de estranhar a sua substituição logo após o intervalo, para dar a entrada a Geny Catano, que mexeu com o jogo... e muito.
Treinadores
Roger Schmidt fez apenas duas trocas por comparação ao último onze apresentado, surpreendendo muitos adeptos na escolha de Casper Tengstedt, ainda que a estratégia pareça ter resultado num primeiro tempo de muito perigo (mas de pouca eficácia). As águias não precisaram de alterações na estrutura ou no sistema da equipa para reagir aos dois momentos de desvantagem frente ao rival, mas essas substituições só apareceram no último quarto de hora e talvez tenham pecado por tardias, assustando Franco Israel apenas por uma vez.
Rúben Amorim não hesitou em admitir que a sua equipa esteve abaixo do nível habitual, numa partida em que decidiu promover quatro alterações em relação à equipa inicial da última partida, com impacto numa primeira parte muito 'apagada'. Curiosamente, na segunda parte, o jovem treinador dos leões colocou os quatro jogadores que tinha substituído no onze - St. Juste, Matheus Reis e Geny Catamo logo após o regresso dos balneários e Morita mais tarde - e o andamento foi outro, corrigindo-se os erros defensivos e ofensivos da primeira metade da partida.
Árbitro
João Pinheiro protagonizou uma das arbitragens mais seguras entre dérbis e Clássisos que já 'comandou', tendo gerido bem o jogo no critério disciplinar. Ainda assim, o árbitro de 36 anos não evitou as críticas de Roger Schmidt, após o apito final, sendo que o lance de maior dúvida ocorreu aos 72 minutos, quando Rafa Silva caiu na grande área após ter sofrido um toque de Sebastián Coates, com pedidos imediatos de penálti, porém, o lance não terá sido suficientemente claro para justificar a intervenção do VAR, onde estava Hugo Miguel.
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