Numa noite que contou com uma arrepiante homenagem a Sven-Goran Eriksson em pleno relvado do Estádio da Luz, o Benfica superou a desilusão provocada pelos dérbis diante do Sporting, ao bater, esta quinta-feira, o Olympique Marseille (2-1) na primeira mão dos 'quartos' da Liga Europa. Segue-se agora um decisivo jogo em Marselha, na próxima quinta-feira, de olho nas 'meias' da segunda maior prova europeia de clubes.
O conjunto encarnado entrou forte e, aos 16 minutos, Rafa Silva tratou de abrir o ativo, tendo estado sempre mais perto de ampliar do que de sofrer o empate, até ao fecho do primeiro tempo de uma partida que, recorde-se, esteve em risco de não ter adeptos visitantes, após toda a polémica relacionada com a proibição (entretanto levantada) das entidades francesas colocada ao público encarnado para a segunda mão.
Após um intervalo em que Eriksson, antigo treinador sueco com cancro em fase terminal, recebeu uma enorme ovação, o Benfica chegou ao segundo golo, por intermédio de Ángel Di María (52') e, logo após a nova 'explosão' de elagria na Luz, até ameaçou o terceiro. No entanto, o cenário que até parecia o ideal para o atual contexto encarnado, rapidamente se transformou em... ansiedade.
Sensivelmente a meio do segundo tempo, Aubameyang reduziu (67') a desvantagem e relançou a eliminatória, 'semeando' ´duvidas quanto ao triunfo das águias até ao apito final. Apesar do sorriso encarnado, o plantel do Benfica acabaria mesmo por abandonar o relvado debaixo de um coro de assobios (ainda que com alguns aplausos à mistura), preparando-se agora para a segunda mão dos 'quartos', em Marselha, no próximo dia 18 de abril, com vista ao top4 da Liga Europa.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Ángel Di María é o tipo de jogador que nem precisa de fazer muito para ser um dos destaques da partida, sobretudo pela inerente qualidade técnica. Quando consegue aliar essas virtudes à inteligência emocional (algo que, como aconteceu frente ao Sporting, nem sempre foi a melhor), tudo flui melhor. Apesar de algumas perdas de bola e de um ou outro cruzamento falhado, o avançado argentino só precisou de fazer um remate para causar estragos, no lance do 2-0, tendo ainda protagonizado outros momentos de registo nas principais jogadas de perigo da sua equipa.
Surpresa
Azzedine Ounahi tem sido cada vez mais uma 'arma' dos franceses a surgir a partir do banco, sendo que isso até ficou bem patente na Luz. O médio marroquino foi a jogo aos 54 minutos e, pouco depois, destacou-se ao assistir para o golo de Aubameyang, que relançou as esperanças do emblema de Marselha, ficando a sensação de que o impacto poderia ter sido outro caso tivesse entrado mais cedo. Nota ainda para o facto de Ounahi não ter falhado um único passe, entre os 26 que executou, para além de um cruzamento 'traiçoeiro' que ainda assustou Trubin.
Desilusão
António Silva já habituou os adeptos do Benfica a exibições de 'encher o olho' e são muito raros os momentos em que compromete a sua equipa, mas a verdade é que as experiências europeias da presente temporada não lhe estão a correr nada bem, bastando apenas recordar, por exemplo, as duas expulsões na fase de grupos da Liga dos Campeões. O internacional português falhou vários passes, vacilou em duelos de forma algo inesperada e ainda ficou mal na fotografia no lance do golo de Aubameyang, desiludindo alguns adeptos.
Treinadores
Roger Schmidt quis repetir a 'fórmula' utilizada nos dérbis frente ao Sporting, apesar dos desfechos negativos na Taça de Portugal (2-2) e na I Liga (2-1), sem qualquer alteração no onze inicial, algo que, em determinados momentos do jogo, pareceu dar razão ao treinador. Porém, após a vantagem de dois golos (ainda com uma aproximação ao terceiro), as águias 'relaxaram' e viram a diferença ser encurtada para um golo, motivando apenas duas substituições, já dentro dos últimos 20 minutos. O público não gostou do sofrimento a acabar e reagiu com... assobios.
Jean-Louis Gasset tentou contrariar o ciclo negativo do Olympique Marseille, com alterações em todos os setores, mas acabou 'traído' por um golo de Rafa logo à segunda oportunidade da partida. Ainda assim, o técnico de 70 anos soube mexer na equipa e a chave da reação passou exatamente pela aposte em Ounahi, com um impacto relevante nas transições da equipa para o ataque, causando alguns calafrios aos adeptos do Benfica, sobretudo na reta final da partida. Resta saber o que retirará do jogo da Luz para ambicionar uma remontada em Marselha.
Árbitro
Michael Oliver protagonizou uma arbitragem segura e sem casos polémicos, colocando também um ponto final na tendência negativa do Benfica sempre que apitava um jogo das águias, já depois de duas derrotas e um empate em três jogos. Seguro a apitar as faltas cometidas, o árbitro inglês só precisou de recorrer ao bolso por uma ocasião, para admoestar David Neres com um cartão amarelo.
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