José Mourinho, novo treinador do Fenerbahçe, em declarações à RTP3, no Estádio Nacional do Jamor, antes do jogo particular entre Portugal e Croácia, agendado para a tarde deste sábado.
Jogo particular: "O resultado não é tão importante. São duas boas equipas e ambas com opções e aspirações no Euro. Vão aproveitar este jogo para competir contra uma boa seleção. A Croácia ainda mantém aquele núcleo com os jogadores da geração dourada."
Bom teste para Portugal: "Depende do treinador. Inglaterra perdeu ontem em Wembley e o mundo não acabou. A hora da verdade é quando a coisa começa a aquecer. Eu venho aqui com os olhos no guarda-redes croata [Livakovic] que é meu. Quero estar os 90 minutos com os olhos nele. É uma boa oportunidade."
Portugal favorito no Euro: "É uma questão de vocabulário, mas a realidade. Toda a gente pensa como eu. Há quatro seleções mais fortes. Portugal, Inglaterra e França. Numa segunda linha, Espanha e Alemanha. Itália? Não acredito, porque não é uma geração muito talentosa. Não acredito talento suficiente para ganharem. Ganharam o último, mas não acredito."
Objetivos de Portugal: "Exigir é uma palavra complicada no futebol. Exigir entrega, empatia, coragem, ambição... Sim, sem dúvida. Exigir ganhar? Às vezes a fronteira entre o ganhar e o não ganhar é dura. Podemos chegar ao desempate por grandes penalidades. Às vezes essa fronteira é curta. Eu sigo o selecionador nacional: não falar em favoritismo. É uma seleção muito forte. Se Portugal tivesse duas seleções, a segunda seleção também seria candidata."
Papel de Cristiano Ronaldo: "O treinador é que sabe e o Cristiano. Como ele se sente e quais os seus objetivos. O selecionador de que modo o quer utilizar. Se o quer utilizar como historicamente foi utilizado: cada minuto de cada jogo. Se o quer proteger para alguns momentos chave. São eles que devem decidir. Obviamente que queremos saber tudo o que se passa lá dentro, mas há muito coisa que se passa lá dentro que deve ficar entre eles."
Peso de CR7: "Tem um peso muito grande e os seus golos fará. Não acredito que saia do Euro sem ter de fazer os seus golos."
Jamor: "Comentava com o presidente o dia de hoje. Cria-me emoção o jogo ser aqui. Acho que os miúdos virem ao Jamor com os pais e saber o que este estádio significa para Portugal. Ter sido aqui, desde que não chova, foi uma opção ótima."
Críticas ao selecionador após a convocatória: "É normal. Eu digo sempre, como treinador, que prefiro ter problemas em escolher e ter muita gente para escolher, do que não os ter e a escolha ser fácil. Ele tem esse problema. Depois a maneira como justifica, bem ou mal, já é outro assunto. Ele até poderia não justificar. Justificou à sua maneira. Quantos selecionadores tem a seleção portuguesa? 10 milhões e cada um opção diferente."
Entusiasmado no Fenerbahçe: "O que me levou a aceitar foram as saudades de treinar para ganhar. Na Roma não jogava para ganhar. Vocês dizem que jogava para ganhar. Desde que eu sai até ao final do campeonato, nada mudou. Aquilo que conseguimos nas competições europeias, foi qualquer fora da caixa, mas a nível nacional não tem condições para competir. O Fenerbahçe a nível europeu terá as suas dificuldades, mas a nível nacional historicamente será Fenerbahçe, Besiktas, Galatasaray... Andaremos ali na luta pelo campeonato, o que me motiva e que não tive na Roma e no Tottenham. Tenho saudades de não poder perder pontos e ter de jogar sempre para ganhar."
Acesso à Liga dos Campeões: "São três playoffs e são oito jogadores que estão no Euro. O playoff que se joga a 22 de junho e eu pedir a todos os santos para eles sejam rapidamente eliminados do Euro, porque me arrisco a ter de jogar a primeira eliminatória sem eles. Já disse ao guarda-redes, já lhe disse: mesmo que vais à final, no dia seguinte voltas para Istambul e tens de jogar."
62 milhões para investir: "Ninguém me disse nada de disso. Não há um budget. Podemos considerar uma boa equipa a nível interno, mas se quisermos fazer algo de interessante na Europa, precisamos de qualquer coisa. O diretor desportivo fala o mesmo idioma que eu, tem experiência e conhecedor. Só amanhã sabemos quem é o presidente. O facto dos três dizerem que queriam que fosse o treinador, foi uma coisa que me motivou."
Interesse em Rafa Silva: "É um grande jogador, mas a mim disseram-me que não estava muito longe do Galatasaray."
Palpite para o jogo de jogo: "Que não haja lesões e que o selecionador tire as suas conclusões."