O regresso ao Vale do Jamor dez anos depois trouxe mais dores de cabeça do que sorrisos a Roberto Martínez. Ainda que o técnico tenha dito que tirou "notas positivas" da derrota, de sábado, contra a Croácia (2-1), a verdade é que a imagem que foi deixada por Portugal diante do conjunto dos Balcãs deixou muito a desejar.
Naquele que foi o duelo de exigência mais elevada desde que o treinador espanhol assumiu os destinos da equipa das quinas, Portugal 'chumbou' no segundo, e principal, teste para a fase final do Euro'2024. E com uma nota muito negativa, naquela que foi a segunda derrota da 'era' Roberto Martínez.
Ainda que a seleção nacional se tenha apresentado com uma elevada percentagem de posse de bola, a verdade é que a Croácia, que terminou em terceiro lugar no último Mundial e foi vice-campeã mundial em 2018, fez descer à terra aquela equipa que tinha passado com nota 10 na qualificação.
Pelo quarto jogo seguido, Portugal sofreu golos (dois em todos), numa derrota que deixou a nu as fragilidades defensivas da equipa e os seus desequilíbrios a menos de dez dias da estreia no Euro'2024 diante da Chéquia. Portugal sofreu um golo nos primeiros 10 minutos, não teve argumentos para responder à Croácia até ao intervalo e desaproveitou aquele que foi um golo do empate cedo na etapa complementar.
No Estádio Nacional, recinto onde não existiam jogos da seleção desde 2014, a equipa das quinas foi colocada em sentido pelo adversário, que encerrou os testes antes da participação no Euro'2024, e saiu derrotada com golos de Modric, de grande penalidade, aos oito minutos, e Budimir, aos 56', com Diogo Jota, pelo meio, a marcar para a equipa lusa.
O triunfo da Croácia, o primeiro de sempre sobre Portugal ao oitavo jogo, deixa, certamente, Roberto Martínez com muitas questões na cabeça, mas também lhe entregou um sério aviso sobre o que aí vem na Alemanha. É que nem o aluno mais brilhante na qualificação deixa de sofrer sustos. Resta agora o teste com a República da Irlanda para limpar todas as dúvidas que o espanhol ainda tem. Até porque a jogar assim, no Campeonato da Europa, o tão ansiado título de campeão europeu morrerá muito antes de se chegar à final.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
Se Portugal deixou este encontro com apenas dois golos sofridos, muito o deve a Diogo Costa. Com três ou quatro defesas de elevada dificuldade, o guarda-redes português provou ser dos poucos jogadores da equipa das quinas que está pronto para o Euro'2024.
Surpresa
Josko Gvardiol meteu Bernardo Silva no 'bolso'. Conhecedor das rotinas do companheiro de equipa no Manchester City, o lateral croata anulou por completo o camisola 10 nacional e ainda deu uma mão em zonas mais adiantadas do terreno.
Desilusão
Não foi o jogo de João Félix. Acabou por não fazer a diferença no ataque no decorrer da primeira parte e prova disso foi que ficou no banco de suplentes para a segunda parte.
Treinadores
Roberto Martínez:
Demorou 45 minutos a perceber aquilo que há muitos minutos se estava a ver. Portugal foi uma equipa amorfa e não demonstrou em campo toda a qualidade que o grupo de trabalho tem e que coloca a equipa das quinas no lote dos favoritos à vitória no Euro'2024. A etapa inicial mostrou uma seleção nacional permeável a nível defensivo e sem brio para criar ocasiões de perigo na frente. A segunda parte trouxe melhorias, mas foram insuficientes para o que se espera de Portugal.
Zlatko Dalic:
O selecionador croata conseguiu montar uma equipa muito difícil de bater nos últimos anos. Aproveitando a excelente geração croata que tem à sua disposição, Dalic construiu um grupo de trabalho, capitaneado de forma irrepreensível por Modric, que tem dado água pela barba a todos os adversários. Prova disso foi a vitória justa na Jamor (e por números mais curtos por conta da boa exibição de Diogo Costa), mas também a consistência que os croatas têm demonstrado nas grandes competições.
Arbitragem
Trabalho que deixa muito a desejar da equipa liderada pelo alemão Harm Osmers. O penálti que abre o marcador é muito duvidoso e o juiz devia ter ido verificar as imagens do VAR para confirmar a decisão. Kovacic quase que 'mergulhou' para o relvado ao sentir a presença de Vitinha. Além disso, o germânico parou demasiadas vezes o jogo, quebrando o ritmo do mesmo quando não se justificava.
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