"Conhecendo Cristiano Ronaldo como eu o conheço, a motivação com que vai para este Campeonato da Europa é máxima. Ele vem de uma grande época no plano pessoal, com muitos golos e ainda tem essa fome de continuar a marcar, a ser útil e, acima de tudo, a competir. São esse tipo de atletas que o [selecionador] Roberto Martínez quer na equipa: talentosos, com compromisso e motivados", disse à agência Lusa o antigo guarda-redes.
O dianteiro dos sauditas do Al Nassr vai reforçar o estatuto de futebolista com mais fases finais disputadas na prova, após já ter estado em 2004, em casa, 2008, 2012, 2016, com um inédito troféu, e 2020, numa edição adiada por um ano, face à pandemia de covid-19.
Recordista absoluto de jogos (25) e golos (14), o capitão das 'quinas', de 39 anos, foi um dos melhores 'artilheiros' nos Europeus de 2012 e 2020, sempre acompanhado por mais jogadores, num trajeto em que, ao nível da seleção 'AA', soma ainda cinco participações em Mundiais, uma na Taça das Confederações e uma na 'final four' da Liga das Nações.
"Acaba por preencher todos os requisitos, independentemente da idade que tenha. Será sempre uma questão de rendimento: se o Roberto Martínez achar que Cristiano Ronaldo tem rendimento e que o deve meter [em campo] durante 90 minutos, vai fazer isso e vice-versa. Acima de tudo, creio que ele está super motivado e consciente do papel que tem, caso haja algum momento difícil em que precise de levantar a equipa", reconheceu Beto.
O líder de internacionalizações (207) e golos (130) na história da seleção chegou mesmo ao estágio como o mais utilizado esta época entre os 26 convocados, ao acumular 4.969 minutos, entre 51 jogos no Al Nassr e seis por Portugal, com 55 tentos e 13 assistências.
"Acredito muito no conceito de equipa, porque há uma escolha do treinador, que mete 11 [jogadores de início], mas pode ser necessário alterar a qualquer momento. O importante é que haja um compromisso muito grande de todos para com as metas da equipa", fixou.
À exceção do Mundial2022, Cristiano Ronaldo foi sempre titular indiscutível nas grandes provas internacionais, tal como no Euro2012, que valeu a única chamada de Beto para o principal torneio continental de seleções, apesar de não ter saído do banco de suplentes.
"Há 15 jogadores que ficam de fora, mas sabem que existe aqui um objetivo coletivo bem maior e muito mais importante do que propriamente a sua vontade de estar lá dentro. Se eu tiver de estar 90 minutos no banco a apoiar e a ajudar a motivar, então esse é o papel que tenho de ter num jogo e assimilo-o de modo muito natural. Pelo menos, sempre o fiz assim, pois só com essas sinergias e compromisso é que se conseguem títulos", admitiu.
Com passagens por Sporting, Leixões, FC Porto, Sporting de Braga ou os espanhóis do Sevilha, entre outros clubes, Beto, de 42 anos, recorda-se de ter vivido uma "experiência absolutamente extraordinária" em 2012, num Europeu repartido entre Polónia e Ucrânia.
Portugal passou o Grupo B no segundo lugar, com seis pontos, após uma derrota face à então vice-campeã Alemanha (0-1) e êxitos com Dinamarca (3-2) e Países Baixos (2-1), tendo vencido também de forma tangencial a República Checa (1-0) nos quartos de final.
À imagem de 1984 e 2000, a equipa de Paulo Bento cedeu apenas às portas da decisão, ao perder no desempate por penáltis (2-4, após 0-0 no final do prolongamento) perante a campeã mundial Espanha, que viria a revalidar o cetro continental conquistado em 2008.
"Era uma seleção avassaladora e com uma qualidade incrível, do melhor que já vimos na história, mas fomos muito competentes naquele jogo. Não digo que a Espanha tenha tido sorte, mas mérito. Acabou por ser inglório para nós, porque acredito que, com um pouco mais de felicidade e audácia, poderíamos ter evitado os penáltis", assumiu Beto, autor de 16 internacionalizações e também com participação nos Mundiais de 2010, 2014 e 2018.