O futebol português não tem segredos para João Afonso. Depois de Vitória SC, Estoril, Córdoba e Santa Clara, o defesa-central, de 34 anos, vestiu as cores do Torreense, nas duas últimas temporadas e, com o contrato a aproximar-se do fim, começa a ser preciso definir o futuro.
Numa entrevista ao Desporto ao Minuto, João Afonso confessou que quer continuar a jogar e que 'pendurar as chuteiras' ainda não é uma opção. Quando convidado a pensar sobre o futuro, o jogador admitiu sentir-se bem fisicamente e pronto para um novo desafio, numa altura em que o Torreense, agora com Tiago Fernandes 'ao leme', ainda não falou na renovação.
João, como foram estas duas temporadas ao serviço do Torrense? Qual é o balanço que faz?
As duas épocas correram muito bem, apesar do início difícil. Pude dar o meu contributo à equipa dentro de campo, passando a minha experiência, o meu conhecimento do jogo... foi ótimo. Foram 66 jogos no total, joguei quase os jogos todos. Foi muito positivo, senti-me bem e estável, com muita confiança. Fisicamente, até consegui melhorar alguns registos anteriores e não me sinto a perder valências, o que dizem que é habitual acontecer.
Sente que acabou por ser uma referência para os mais jovens, dada a sua experiência no futebol português?
Considero que sim. Vim diretamente do Santa Clara para o Torreense e tive esse impacto, por ser um jogador vindo da I Liga. Alguns dos meus colegas olharam para mim como um exemplo de alguém que chegou ao patamar que eles ambicionam alcançar. Por outro lado, não gosto muito de dar a minha opinião sem me pedirem. Aconselho os meus colegas no dia a dia, com dicas sobre aspetos que possam ajudar a equipa, mas não sou um jogador de ir ter com um colega para dar uma opinião ou uma indicação só porque sim.
A saída do Torreense já está confirmada?
O meu contrato acaba no final deste mês. Ainda não tive nenhuma abordagem do clube para a renovação e são opções que compreendo e que fazem parte do futebol. A vida continua para o Torreense e para o João Afonso.
Aos 34 anos, o que ainda espera do futebol? Qual seria o próximo passo que gostaria de dar?
A minha ideia é continuar. Sinto-me bem e acredito que tenho capacidade para isso. Quero estar no patamar mais alto que me for permitido. Não tenho uma lesão há nove anos, nem todos conseguem ter essa sorte, porque não basta trabalhar para isso. Esse é um fator que tem peso na escolha dos clubes e dos treinadores e eu, felizmente, desde o meu primeiro ano no Vitória SC, quando tive uma entorse um pouco mais grave, não tenho tido lesões.
Existe em Espanha um bairrismo muito grande, tal como o que encontrei em Guimarães.
O João jogou grande parte da sua carreira na I Liga. Como vê esta passagem, nas duas últimas temporadas, pelo segundo escalão?
Sinto que contribuiu muito para mim, principalmente, em questões mais pessoais e em melhorias individuais. Sinto que estou melhor do que estava há dois anos e consegui ter regularidade. Acredito que coisas boas possam surgir, neste patamar ou noutro similar.
Esteve ainda meia época ao serviço do Córdoba, na segunda divisão espanhola. Quais foram as maiores diferenças que encontrou comparativamente ao futebol português?
Acho que o espetáculo, o jogo em si, é mais apelativo em Espanha. Tem que ver com a quantidade de adeptos que os clubes levam aos estádios, a qualidade dos relvados, o que influencia muito a qualidade do jogo... Em termos de infraestruturas e ambiente, Espanha está adiantada em relação a Portugal. Temos muito para crescer, mas existe uma tentativa de melhorar isso.
Também existe em Espanha um bairrismo muito grande, tal como o que encontrei em Guimarães. Os adeptos têm muita paixão pela equipa, uma dedicação muito vincada... Senti que os clubes da cidade eram uma prioridade.
Por outro lado, o jogo também é mais aberto. Em Portugal, as equipas concedem menos espaços, apostam mais em momentos estratégicos, o que torna, por vezes, o jogo monótono. O jogador da II Liga espanhola aproveita bem as oportunidades de golo e isso proporciona um ambiente muito bom.
Agora, com 34 anos, já vai pensando no final da carreira?
Para já, não penso muito nisso. Alguns treinadores e adjuntos já me tentaram 'vender' o curso de treinador, porque dizem que tenho apetências e qualidades para isso. Neste momento, não me vejo a desempenhar esse cargo. Quem sabe, possa ser adjunto ou preparador físico, até pela minha formação académica. Está fora de questão desligar-me do futebol, depois é uma questão de começar a pensar nisso quando começar a sentir que a carreira nos relvados está perto do fim.
Já teve algumas abordagens de outros clubes para a próxima temporada?
Houve algumas abordagens, mas não foram feitas por dirigentes de clubes, mas sim por outros intervenientes, que tentaram perceber a situação. Estou à espera e ainda não há nada em concreto.
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