Passo a passo, entre o talento e as típicas 'tormentas' lusas, Portugal vai construindo o seu caminho no Campeonato da Europa e o próximo desafio acontece já esta sexta-feira, diante de França, a contar para os 'quartos' da competição. Ao 20.º jogo da era pós-Fernando Santos, aí está o primeiro (verdadeiro) teste de fogo para Roberto Martínez.
Desde que assumiu o comando técnico da seleção nacional, em janeiro de 2023, o timoneiro espanhol foi testado por 19 ocasiões (15 vitórias, um empate e três derrotas) e, curiosamente, será à 20.ª partida que defrontará um adversário de classe mundial, numa prova 'à séria', contrariamente a jogos diante de seleções como a Croácia, de cariz particular.
O percurso no Euro'2024 está longe de ter a estabilidade que teve, por exemplo, a fase de qualificação para a referida prova, dado que, após a vitória suada diante da Chéquia (2-1) e o triunfo confortável frente à Turquia (3-0), seguiram-se 'dores de cabeça' nos jogos contra Geórgia (derrota por 2-0) e, mais recentemente, o empate frente à Eslovénia (0-0), cujo apuramento para os 'quartos' ficou selado no desempate por grandes penalidades (3-0).
Antes do arranque do Campeonato da Europa, Portugal contava com 13 vitórias em 15 jogos, salientando-se, desde logo, a fase de qualificação 100% vencedora, com uns incríveis 36 golos marcados e apenas dois tentos sofridos em dez partidas. A dificuldade aumentou... e tudo mudou.
Roberto Martínez não tem disfarçado a euforia em cada golo de Portugal no Euro'2024, mas a verdade é que até no capítulo ofensivo as dificuldades se têm intensificado.© Getty Images
'Fórmula' belga está a ser repetida?
Jogar num Europeu é, para qualquer equipa, um momento de enorme responsabilidade, pelo que dificilmente existem 'favas contadas'. É certo que Portugal até garantiu a passagem aos 'oitavos' (e a liderança do grupo F) bem cedo, logo à segunda jornada, mas seguiram-se dois jogos de fraca qualidade futebolística, com intervenientes bem distintos em campo. No ar começa a ficar a ideia de que a 'fórmula' belga poderá estar a ser... prejudicial.
Recuando aos tempos em que liderou a seleção da Bélgica, entre 2016 e 2019, Roberto Martínez considerou sempre que a experiência de jogadores como Jan Vertonghen, Alex Witsel, Roby Alderweireld, Eden Hazard, Dries Mertens e Romelu Lukaku era essencial para a sua equipa, ficando a sensação de que a nova geração não estaria a ter as oportunidades necessárias para 'renovar' as suas opções convocatória atrás de convocatória.
Ao serviço de Portugal, o técnico de 50 anos tem o igual papel de fazer as suas escolhas e nem todas são consensuais, destacando-se, por exemplo, a constante ausência de jogadores do Sporting, à exceção da aposta um pouco mais regular em Gonçalo Inácio. Ainda assim, mesmo dentro do leque de convocados que Roberto Martínez define, há sempre espaço para a crítica que vem de fora, sendo que uma das mais recentes até se prende à aposta (entendida como excessiva) de Cristiano Ronaldo, no entendimento, de algumas vozes, estar a tirar espaço a outras jovens potências
Cristiano Ronaldo, figura incontornável na seleção nacional, continua em busca da estreia a marcar no Euro'2024, de forma a poder quebrar ainda mais recordes.© Getty Images
Apesar de já ter oscilado entre o 3x5x2 e o 4x3x3 (entre outras nuances durante os jogos), o selecionador poderá estar algo agarrado ao onze que apresentou recentemente frente à Eslovénia - num jogo em que as lágrimas de Cristiano Ronaldo pelo desperdício de uma grande penalidade (105'), antecederam a alegria lusa impulsionada por três penáltis defendidos por Diogo Costa - e é também esse dado que estará à prova já no jogo desta sexta-feira.
Com mais ou com menos drama, Portugal sabe que, pela frente, terá um candidato ao título (reeditando a final do Euro'2016 a sorrir aos lusos) que também tem estado longe de convencer, levando apenas três golos marcados em quatro jogos, sendo de frisar que um aconteceu de penálti e os outros dois foram autogolos. Resta saber se o facto de poder defrontar os franceses olhos nos olhos, e não contra blocos fechados, poderá 'abrir asas' à criatividade de Portugal.
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