Há quem verbalize que o dia 10 de julho até poderia ser considerado feriado em Portugal. E não, não é só o Éder. Certo é que se trata de uma data inesquecível para os portugueses, até mesmo para quem não é apaixonado por futebol. Há precisamente oito anos, em 2016, a seleção nacional conquistava o seu primeiro Campeonato da Europa, ao derrotar a anfitriã França (1-0 após prolongamento), em Paris. E agora? Por onde andam os heróis desse feito?
Uns jogaram o Euro'2020 e até a presente edição do Europeu, outros encontram-se no ativo, embora longe da seleção, sendo que até há quem já tenha 'pendurado as botas'.
Numa altura em que se jogam as 'meias' do Euro'2024, onde Portugal já não está, o Desporto ao Minuto não quis passar ao lado do dia 10 de julho e tratou de dar conta da atual realidade dos 23 heróis da equipa das quinas que deixou milhões de portugueses a fazer a festa um pouco por todo o mundo, não esquecendo Fernando Santos, cuja ligação à seleção nacional terminou após o Mundial'2022, no Qatar.
Ainda resiste um quarteto...
Rui Patrício, Pepe, Danilo Pereira e Cristiano Ronaldo são os únicos jogadores que ainda perduram na seleção nacional, se bem que a vida de cada um destes craques está longe de ser tão tranquila como a de 2016.
Tanto Rui Patrício, como Pepe, encontram-se atualmente sem clube, após terem visto confirmadas as saídas de AS Roma e FC Porto, respetivamente, sendo que, no caso do defesa de 41 anos, ainda não se sabe a despedida do Euro'2024 foi o adeus da seleção ou até mesmo dos relvados.
Desilusão no Euro'2024 apoderou-se do quarteto... e não só.© Getty Images
Numa altura em que Danilo avança para a quinta época no PSG (após uma larga passagem pelo FC Porto), Cristiano Ronaldo vê o fim da carreira a aproximar-se gradualmente, encontrando-se a representar os sauditas do Al Nassr há sensivelmente um ano e meio, já depois de, nos últimos oito anos, ter jogado por Real Madrid, Juventus e Manchester United.
Cinco já se despediram e há mais a caminho
Eduardo Carvalho, Bruno Alves, Ricardo Carvalho, Eliseu e Éder (o marcador do único golo do dia 10 de julho de 2016) já encerraram as respetivas carreiras como futebolistas, sendo que, atualmente, para além de Pepe, José Fonte e Ricardo Quaresma também poderão estar à beira de 'pendurar as botas'.
Entre os que ainda continuam no mundo do futebol, Eduardo Carvalho manteve-se no Sporting de Braga, passando a ser o treinador de guarda-redes, enquanto Ricardo Carvalho foi um dos adjuntos escolhidos para a equipa técnica de Roberto Martínez, ao leme da seleção nacional. Já Bruno Alves ainda chegou a ser diretor desportivo do AEK, entre 2022 e 2023.
Éder foi o autor do golo que decidiu o Portugal-França (1-0), aos 109 minutos.© Getty Images
Dois anos após a conquista do Euro'2016, Eliseu terminou a carreira no Benfica e praticamente desapareceu do mapa do futebol, sendo que o mesmo acabou por acontecer com Éder, em 2022, quando deixou os sauditas do Al Raed.
Quem poderá também assinar a despedida em breve é Ricardo Quaresma, sem clube desde que saiu do Vitória SC há dois anos, assim como José Fonte, que deixou o Sporting de Braga após o término da última temporada.
Quem sobra a 'dar cartas'... fora da seleção?
Até aqui recordámos 11 jogadores, pelo que os outros 12 fazem parte do lote de atletas que ainda 'dão cartas' dentro das quatro linhas, mas já longe da seleção nacional. Uns mais que outros... O ex-selecionador Fernando Santos utilizou ainda Anthony Lopes, Raphael Guerreiro, Vieirinha, Cédric Soares, João Mário, João Moutinho, William Carvalho, Adrien Silva, André Gomes, Renato Sanches, Nani e Rafa Silva... e há cenários para todos os gostos.
Começando pela baliza, Anthony Lopes mantém-se (em destaque) fiel ao Olympique Lyon, mas não tem feito parte das opções de Roberto Martínez, contrariamente a Raphael Guerreiro, que apenas falhou o Euro'2024 devido a uma lesão sofrida ao serviço do Bayern Munique. Ainda no setor defensivo, Vieirinha prepara-se para iniciar a oitava época consecutiva nos gregos do PAOK, enquanto Cédric Soares viu terminar a ligação ao Arsenal e procura novo desafio para prosseguir carreira.
Avançando para o miolo de Portugal no Euro'2016, há meia dúzia de craques que não fizeram parte dos 26 convocados de Roberto Martínez para a mais recente edição do Campeonato da Europa. Há pouco mais de um ano, João Mário decidiu renunciar à seleção, mantendo-se ainda no Benfica, numa altura em que João Moutinho, sem representar a equipa das quinas há dois anos, avança agora para a segunda época no Sporting de Braga. Já Adrien Silva, recorde-se, terminou recentemente contrato com o Rio Ave.
Eis quatro dos 19 heróis de 2016 que não estiveram no Euro'2024.© Getty Images
Fora de Portugal, William Carvalho encontra-se a jogar no Real Betis desde que deixou o Sporting, no verão de 2018, enquanto que, em fase de mudança, André Gomes despediu-se recentemente do Everton e Renato Sanches deixou a AS Roma por empréstimo do Paris SG.
Os dois que restam são Nani e Rafa Silva. O primeiro de saída da Turquia, na sequência do fim da ligação ao Adana Demirspor, contrariamente ao segundo, que irá ter uma aventura no campeonato turco, ao serviço do Besiktas, após oito longas épocas no Benfica. Curiosamente, também o ex-selecionador Fernando Santos esteve recentemente na Turquia, no Besiktas, entre as passagens pelas seleções da Polónia e Azerbaijão - tudo isto desde o Mundial'2022.
Tempo para a nova (e prometedora) geração
Roberto Martínez já leva um ano e meio na liderança da seleção nacional e, com uma geração prometedora nas mãos, prometeu levar Portugal ao sucesso, pese embora a prestação no Euro'2024 não tenha sido a mais desejada pelos lusos. Se apenas quatro heróis do Euro'2016 se mantiveram na última convocatória de Portugal, quer isso dizer que há espaço para apontarmos os outros 22 nomes.
Diogo Costa e José Sá juntaram-se a Rui Patrício na baliza, enquanto Nélson Semedo, Diogo Dalot, Nuno Mendes, João Cancelo, Rúben Dias, António Silva e Gonçalo Inácio foram os novos colegas de Pepe no remodelado setor defensivo da seleção nacional.
João Félix, Rafael Leão, João Neves e António Silva, alguns dos rostos do futuro da seleção. © Getty Images
Num meio-campo em que apenas se manteve Danilo Pereira (que também pode jogar no eixo da defesa), João Palhinha, Rúben Neves, Matheus Nunes, João Neves, Vitinha e Bruno Fernandes completaram o restante setor, para além do criativo Bernardo Silva. Já na frente de ataque, o capitão Cristiano Ronaldo recebeu ainda a companhia de Pedro Neto, João Félix, Rafael Leão, Francisco Conceição, Diogo Jota e Gonçalo Ramos.
Repetir o feito de 10 de julho de 2016 no próximo dia 14 de julho de 2024 era um sonho de muitos portugueses, contudo, apesar da queda aos pés de França (0-0, 5-3 nas grandes penalidades) nos 'quartos' do Euro'2024, fica uma certeza. A presente geração da seleção das quinas tem capacidade para dar alegrias ao povo português. O futuro dirá se tal acontece.
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