"Preocupados com a situação da instituição, alguns boavisteiros (aos quais outros se têm vindo a juntar) encontraram-se várias vezes e conversaram sobre os problemas que afetam o clube e a SAD. Foi decidido não formar um grupo de reflexão ou de mera crítica, porque seriam soluções que não beneficiariam a instituição. Assim, foi tomada a decisão de avançar com uma lista que, no próximo ato eleitoral, concorra aos órgãos sociais do Boavista", explicou, numa nota de imprensa enviada à agência Lusa.
Sob o lema "Boavista, num xadrez de novas conquistas", a candidatura propõe para a chefia da Assembleia Geral Álvaro Braga Júnior, antigo presidente da direção do clube (2008-2012) e da administração da SAD (2008-2020), que tinha deixado em maio a liderança do órgão homólogo da sociedade gestora do futebol profissional 'axadrezado'.
Jorge Ribeiro, ex-dirigente do futsal e do futebol feminino do Boavista, vai disputar a presidência do Conselho Fiscal, enquanto Pedro Cortez, mandatário da lista de Filipe Miranda, será proposto como vice-líder da direção.
"Em sede própria e momento oportuno iremos dar a conhecer ao universo de boavisteiros as linhas estratégicas do projeto, que tem como objetivo primordial devolver ao Boavista reconhecimento social de acordo com a sua história, bem como a honra da disputa de títulos em todas as suas modalidades", terminou.
Filipe Miranda é o primeiro candidato público às eleições do Boavista, presidido desde dezembro de 2018 pelo advogado Vítor Murta, que terminou em maio um período de quatro anos na liderança da SAD, sendo substituído pelo ex-futebolista senegalês Fary Faye.
O anúncio de Filipe Miranda surgiu horas antes de uma reunião do Conselho Geral do clube, agendada para as 18:30, no salão nobre do Estádio do Bessa, no Porto, onde serão analisadas as implicações da recente condenação de Vítor Murta por alegado assédio sexual a uma funcionária da SAD 'axadrezada'.
O dirigente foi suspenso por seis meses e multado em 2.448 euros pelo Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), devido a "comportamentos discriminatórios", na sequência de um processo disciplinar instaurado em 03 de outubro de 2023, quando ainda liderava a sociedade.
De acordo com o acórdão divulgado pelo órgão disciplinar em 16 de agosto, Vítor Murta "adotou, designadamente por meio de expressões e alusões grosseiras, comportamentos inconvenientes e que importunavam a ofendida, à data dos factos ainda bastante jovem", num caso que remonta ao período entre setembro de 2019 e novembro de 2022.
O regulamento disciplinar da FPF contempla a condenação por ilícitos respeitantes a assédio sexual, ao contrário do da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP), esfera sob a qual foram julgadas as infrações cometidas pelo ex-presidente da Boavista SAD ao artigo 137.º, que pune "os dirigentes que tenham comportamentos que atentem contra a dignidade humana, em função da raça, cor, língua, religião, origem étnica, género ou orientação sexual".
Vítor Murta negou as acusações e já recorreu para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAD), enquanto o CD da FPF remeteu a condenação ao Ministério Público (MP) e a administração do 11.º classificado da I Liga repudiou com veemência os factos, prometendo tomar as medidas necessárias.
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