Em causa está a prova de longo curso "Montanhas Mágicas -- eMTB Grant Tour", que previa um trajeto de 280 quilómetros em bicicleta através dos dois referidos municípios do distrito de Aveiro e também dos concelhos de Vale de Cambra, Castelo de Paiva, Castro Daire, São Pedro do Sul e Cinfães -- território que abrange as serras da Freita, Arada, Arestal e Montemuro, e ainda os vales dos rios Douro, Vouga, Paiva, Bestança, Caima e Teixeira.
Organizado pela ADRIMAG - Associação de Desenvolvimento Rural Integrado das Serras de Montemuro, Arada e Gralheira, o evento teria a duração de três dias, mas os organizadores decidiram adiá-lo, ainda sem nova data, devido aos efeitos dos incêndios ocorridos na semana de 15 a 20 de setembro, sejam eles danos estéticos ou ameaças de segurança.
"A decisão foi tomada em sintonia entre a ADRIMAG e os autarcas dos sete municípios que integram a rota", explica o coordenador da associação, João Carlos Pinho, justificando a medida com o facto de os fogos terem destruído "alguns trilhos e muita sinalética" e deixado "troços em que a paisagem ficou muito afetada".
"O próprio estado dos solos, sujeitos a derrocada caso chova com alguma intensidade, é um fator crítico que podia colocar em risco a segurança dos participantes", realça a mesma fonte.
Segundo revela a ADRIMAG à agência Lusa, a competição envolve um investimento na ordem dos 80.000 euros e nesta fase já tinha 237 inscritos, sendo que se previa um aumento significativo de participantes nas duas semanas imediatamente anteriores à prova, dada a tendência para os interessados aguardarem pelos últimos dias para concretizar o respetivo registo.
Desses 237 participantes, 195 pagaram a opção Short Tour, que implica apenas um dia de prova, e 42 optaram pela Grand Tour, que abarca os três dias. Mas, entretanto, todos os participantes serão reembolsados do valor das inscrições, garante a organização.
João Carlos Pinho quer agora que o "Montanhas Mágicas - eMTB Grand Tour" se concretize em data que permita "mostrar ao mundo todas as potencialidades do território" e que ajude a "alavancar a notoriedade nacional e internacional dessa rota nas áreas do cycling e das caminhadas, ajudando à pujança das economias locais".
O novo calendário só será definido, contudo, após a conclusão do levantamento de todos os estragos provocados pelos fogos na referida travessia circular de 280 quilómetros -- que é coincidente com o percurso oficial da Grande Rota 60 e abrange várias zonas especiais de conservação da Rede Natura 2000 e ainda território que a UNESCO classifica como Geoparque de Arouca.
De 15 a 20 de setembro, vários concelhos das regiões Norte e Centro do país enfrentaram grandes incêndios, mobilizando centenas de bombeiros cada. Nove pessoas morreram e mais de 170 ficaram feridas devido a esses fogos, que destruíram igualmente dezenas de habitações.
Segundo o sistema europeu de observação terrestre Copernicus, só nesses seis dias foram queimados em Portugal continental cerca de 135.000 hectares e, desses, mais de 116.000 estão situados no Norte e Centro, que assim concentra a maior parte da área ardida em território nacional.
A mesma fonte indica que em 2024 já foram consumidos por incêndios quase 147.000 hectares de solo português, o que, na última década, constitui a terceira maior porção de terra ardida num único ano.
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