As auroras boreais 'pintaram' os céus de Portugal nos últimos dias e também abrilhantaram a exibição da seleção nacional em Varsóvia, pelo menos na primeira parte. A equipa das quinas proporcionou, na noite de sábado, uma etapa inicial a roçar a perfeição, talvez a melhor na era de Roberto Martinez, e venceu em casa da Polónia, por 3-1. Ainda assim, e à boa maneira portuguesa, não faltou um toque de sofrimento. Mas já lá vamos.
No Estádio Nacional de Varsóvia, na terceira jornada do Grupo A1, a primeira parte foi mesmo de total domínio da seleção nacional, que chegou ao intervalo a vencer por 2-0, mas a diferença podia ter chegado a níveis bem distintos. A Polónia entrou melhor no encontro, mas Portugal mostrou ao que vinha e assumiu as rédeas desde então.
Num dos desenhos coletivos mais bem alcançados por Portugal nos últimos tempos, Bernardo Silva abriu a contagem, aos 26 minutos, antes de Cristiano Ronaldo, que regressou à titularidade, fazer o segundo golo português, aos 37 minutos, e marcar pela terceira vez seguida, 'imitando' o que já tinha alcançado perante a Croácia (2-1) e Escócia (2-1).
Na segunda metade, e de forma deliberada, Portugal colocou um pé do travão e foi gerindo o jogo a seu bel-prazer, pese embora tentando alargar ainda mais a vantagem. Apesar deste domínio, a verdade é que a Polónia fez sofrer a equipa das quinas. Aos 78 minutos, e num lance em que a defensiva lusa foi muito macia, Zielinski apareceu na cara de Diogo Costa e apimentou o que parecia encaminhar-se para ser um triunfo tranquilo.
No entanto, e para azar dos polacos, estava lá... Nuno Mendes. O esquerdino galgou pela ala acima e tirou um cruzamento para o coração da área. Na tentativa de cortar a bola, Jan Bednarek acabou por cometer autogolo. Uma noite de espetáculo português, pelo menos, nos primeiros 45 minutos, que proporcionou as estreias a titular de Renato Veiga, a de Samuel Costa a partir do banco de suplentes e ainda o regresso de Francisco Trincão.
Mas vamos às notas desta partida:
Figura
Rafael Leão foi o maestro desta orquestra portuguesa. Estonteante como sempre, o jogador do AC Milan esteve na jogada do primeiro golo e só não marcou o segundo porque o poste lhe negou o que seria a conclusão de uma jogada perfeita. Ofereceu o golo a Bruno Fernandes na segunda parte após mais uma arrancada incrível, mas o compatriota não aproveitou.
Surpresa
Nuno Mendes combinou na perfeição com Leão no lado esquerdo português. O ex-Sporting tem brilhado ao serviço do PSG esta temporada e trouxe esse brilhantismo até Varsóvia. Correu muito (até cansou de ver), envolveu-se bastante no ataque e também teve a frieza necessária para fazer cortes decisivos, como aconteceu com Lewandowski (20'). Foi dele o passe para o golo da tranquilidade, com uma infelicidade de Bednarek.
Desilusão
Sebastian Walukiewicz foi o elemento a menos do lado polaco. A jogar mais à esquerda no esquema de três defesas dos polacos, o central acabou por levar com a dupla Mendes&Leão, que esteve imparável nesta partida. Foi substituído ao intervalo.
Treinadores
Michal Probierz:
A Polónia até entrou bem na partida, mas rapidamente perdeu o controlo do jogo e viu Portugal bailar com recurso às batutas de Rafael Leão e Nuno Mendes. O golo de Zieliński ainda lançou a equipa da casa para uma reta final em que podiam ter ferido as cores nacionais, mas o azar de Bednarek acabou por deitar por terra a reação da equipa da casa.
Roberto Martínez:
Portugal espalhou magia na primeira parte e ofereceu aos adeptos 45 minutos dignos de uma seleção que foi campeã europeia em 2016 e que já venceu esta Liga das Nações. Porém, não pode haver adormecimento como aconteceu na segunda parte. As substituições não funcionaram e a seleção averbou um golo que podia ter anulado o espetáculo da etapa inicial. Valeu o autogolo aos 88 minutos para serenar os ânimos.
Arbitragem
Nada a apontar ao trabalho de Serdar Gozubuyuk. O desenrolar do jogo também ajudou o juiz neerlandês, já que partida não teve grandes casos a apontar.
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