Em conferência de imprensa, numa unidade hoteleira em Lisboa, Nuno Lobo explicou o que o motiva nesta candidatura, em final de mandato na AF Lisboa, deixando algumas críticas ao presidente da Liga de clubes, Pedro Proença, possível opositor nas eleições.
"Sou candidato à presidência da FPF por convicção, sentido de dever e compromisso. Estou empenhado em servir o futebol português, essa é a minha única ambição. A FPF serve para abrir caminhos, encontrar soluções, apontar novos rumos para o futebol, e não para servir a quem a preside. A presidência da FPF não é um ponto de partida para ambições desmedidas e utópicas, nem um trampolim para organizações internacionais ou meramente instrumental para o ego de quem apenas pensa no seu umbigo", frisou.
Nuno Lobo partilhou três das suas principais propostas do programa eleitoral, como a construção de uma delegação da FPF e de uma Cidade do Futebol descentralizada, no norte do país, o reforço no apoio à profissionalização de todos os 29 sócios ordinários da federação, de cinco milhões de euros (ME), e a criação de um Fundo de Emergência ao futebol profissional e não profissional, de 15 ME, para aumentar a competitividade.
"Não estou há dois anos a fazer campanha encapotada com recursos que são de clubes profissionais de futebol. Não tenho o aparelho da instituição a que presido a trabalhar para mim. Não peço a nenhuma associação de futebol para me elogiar. O problema de quem se comporta assim é o excesso de ambição, gastos, prémios e convites que não ligam com a transparência e ética que um candidato à presidência da FPF deve ter e defender de forma intransigente", apontou ainda, em alusão ao dirigente e ex-árbitro.
Nuno Lobo entende que uma eventual candidatura de Pedro Proença "é uma ameaça de regressão a tudo o que o futebol português conseguiu nestes últimos 12 anos", na sequência dos elogios deixados ao trabalho desenvolvido por Fernando Gomes na FPF, ao contrário da Liga de clubes, no que considerou ser "um futebol a duas velocidades".
"O futebol tutelado pela federação é pujante, com seleções respeitadas e temidas no futebol masculino, no futsal masculino e feminino, no futebol de praia e com o futebol feminino em crescimento e desenvolvimento. Mas temos o outro lado da moeda, que respeita ao futebol profissional. Perdemos competitividade, as sociedades desportivas estão descapitalizadas, quadros competitivos e infraestruturas desajustados e a II Liga é inviável financeiramente. Temos de reverter esta preocupante situação", expressou.
Nesta perspetiva, Nuno Lobo pretende mudar a forma de diálogo entre as instituições, no sentido de "haver uma maior interligação entre as diretivas e o plano de ação" das organizações, mesmo vencendo e tendo Pedro Proença a manter-se na Liga de clubes.
"Nesta candidatura, não oferecemos nada a ninguém, para além de seriedade, força e determinação para gerir os destinos da nossa federação. Candidatam-se todos os que comigo acreditam que podemos somar e continuar a melhorar o futebol português. Se ganhar, a minha presidência não excluirá ninguém. Comigo não haverá vencedores e vencidos, ao contrário de outros que, mesmo antes da eleição se dar, já excluem os que não o apoiam. Todos somos poucos para construir um caminho de sucesso", disse.
Presidente da AF Lisboa desde 2012, Nuno Lobo revelou ter o apoio de vários clubes e associações, sem detalhar quais, como também pretende manter Roberto Martínez no cargo de selecionador e o setor da arbitragem dentro da federação, para além de uma reestruturação do futebol português, desde as várias competições distritais até à I Liga.
Ainda sem data marcada, as eleições para a FPF devem ocorrer até seis meses depois do ciclo olímpico de 2024.