Alexandre Ribeiro é o mais recente português a aventurar-se no futebol da Finlândia. O treinador português de 45 anos substituiu Gonçalo Pereira no KPV, dando continuidade à aposta do emblema de Kokkola em técnicos lusos.
Há cerca de um ano afastado das lides futebolísticas, Alexandre Ribeiro embarcou naquela que é a sua segunda experiência internacional. O técnico já comandou o Sagrada Esperança, em Angola, na época 2022/23. Em Portugal, acumulou passagens por clubes Anadia, Valadares Gaia, Cinfães, Salgueiros ou AD Oliveirense.
Em entrevista exclusiva concedida ao Desporto ao Minuto, Alexandre Ribeiro explica esta decisão de rumar ao futebol finlandês e a razão pela qual esteve afastado do futebol.
Alexandre Ribeiro projetou ainda a eliminatória da Taça de Portugal, que fecha este fim de semana, com a participação de vários clubes de campeonatos não-profissionais, onde o treinador foi acumulando experiência ao longo dos últimos anos.
Kokkola é uma cidade onde se respira futebol e isso também ajudou a aceitar esta propostaO que o levou a aceitar o convite do KPV, da Finlândia?
Fiquei sensibilizado pela forma como os dirigentes do clube fizeram força para aceitar o convite. Desde o início senti que queriam muito que aceitasse e nós treinadores, às vezes, precisamos de ir para onde nos querem muito. Nas reuniões que tivemos senti sempre que era o treinador que eles queriam e isso fez com que aceitasse este projeto. É um clube histórico no Finlândia, é de uma cidade, Kokkola, onde se respira futebol e isso também ajudou a aceitar esta proposta.
Que objetivos lhe foram propostos?
Pediram-me para ficar na primeira fase nos seis primeiros lugares, para depois lutarmos pela subida. Também só desta forma fazia sentido estar a ir para o estrangeiro, tinha de ser para lutar por vitorias e por objetivos ambiciosos.
Que conhecimento tem do futebol finlandês?
Desde que comecei a ter conversas com o KPV que recolho informações sobre o futebol na Finlândia. Comecei a perceber o estilo de jogo, assim como os hábitos desportivos do país. Penso que, com a pré-época, terei todas as condições para iniciar as competições oficiais completamente dentro daquilo que será necessário saber.
Será a segunda experiência fora de Portugal como treinador, não teve a proposta certa do futebol português?
Tive várias propostas do futebol português. Por exemplo, quando aceitei o KPV, tinha uma proposta da Liga 3, mas nós treinadores também gostamos muito de ganhar e este projeto permite-me ter condições para lutar para ganhar. Recebi vários convites da Liga 3 e do Campeonato de Portugal e fico muito agradecido por isso, mas cedo percebi que a minha vontade passava por voltar a treinar no estrangeiro.
Esteve sem treinar durante cerca de época e meia. O que o levou a esta paragem? Como treinador qual o seu grande objetivo de carreira? Chegar à I Liga?
Estive este tempo parado porque nós, os treinadores, às vezes temos de parar para redefinir a carreira. Neste momento estou motivadíssimo, com uma ambição tremenda e com uma vontade enorme de começar a trabalhar. Quanto ao meu grande objetivo de carreira, gostava muito de chegar às ligas profissionais em Portugal (I Liga e II Liga). É uma ambição pessoal, mas se não o conseguir gostaria de ter, fora do meu país, o reconhecimento da competência que eu acredito que tenho.
Os clubes da Liga 3 e do Campeonato de Portugal estão a mostrar que têm muita qualidade, que são muito bem orientados
Mudemos um pouco de assunto e olhemos para a sua carreira a nível nacional. A Taça de Portugal, esta temporada, está recheada de equipas não-profissionais na fase a eliminar, como o São João de Ver que já orientou. Como treinador com experiência na Liga 3 e no Campeonato de Portugal, esta é a prova de que o trabalho também é bem feito nestes escalões inferiores?
A Taça de Portugal é feita de histórias bonitas, todos os anos temos os chamados tomba-gigantes. Os clubes da Liga 3 e do Campeonato de Portugal estão a mostrar que têm muita qualidade, que são muito bem orientados. Infelizmente, na maior parte dos casos, os clubes dos dois campeonatos profissionais raramente olham para isto, mas quando olham os resultados são muito bons, como se vê pelos exemplos do Tiago Margarido no Nacional da Madeira e do Luís Pinto no Tondela.
Alexandre Ribeiro ao serviço do São João de Ver© Reprodução
E está surpreendido com a campanha do São João de Ver, que chegou pela primeira vez aos quartos de final?
Não estou surpreendido, é um clube que é dirigido por pessoas das quais gosto muito. Sempre fui bem tratado quando estive a treinar o São João de Ver, acredito que podem ir ainda mais longe nesta edição.
Seria um prémio para uma destas equipas receber um dos grandes do futebol português na próxima fase, pena é que, provavelmente, a receção não poderá ser no próprio estádio?
Claro que seria um prémio bonito, sei o que é receber um grande, porque joguei com o Sporting de Braga quando estava na AD Oliveirense. É verdade que jogar no próprio campo seria a melhor solução desportiva, mas há um retorno financeiro muito importante quando se joga num estádio com outras condições.
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