David Coote 'saltou' para as manchetes dos jornais ingleses no passado mês de novembro, quando se tornou viral um vídeo no qual, em conversa com um amigo, insultava, não só o Liverpool, como, particularmente, o seu treinador à altura, Jurgen Klopp.
Mais tarde, apareceu em imagens que o mostravam, alegadamente, a consumir um pó branco, um dia antes de assumir o controlo do VAR, no encontro dos quartos de final do Campeonato da Europa, que colocou, frente a frente, Portugal e França.
Agora, e numa extensa entrevista concedida esta segunda-feira ao jornal The Sun, David Coote admitiu ser homossexual, garantindo que nunca o assumiu por medo de represálias.
"Sou homossexual e tenho tido dificuldades em sentir-me orgulhoso de ser eu próprio desde há muito tempo. Recebi abusos profundamente desagradáveis durante a minha carreira de árbitro e acrescentar a minha sexualidade a isso teria sido muito difícil", referiu o antigo árbitro britânico, antes de falar sobre o seu despedimento.
"Este foi um dos períodos mais difíceis da minha vida. Assumo toda a responsabilidade pelos meus atos, que ficaram muito aquém do que se esperava de mim. Peço imensa desculpa por qualquer ofensa causada pelas minhas ações e pelo destaque negativo que deram ao jogo que adoro. Espero que as pessoas compreendam que se trata de momentos privados, tirados numa altura muito difícil da minha vida. Não refletem quem eu sou hoje ou o que penso", prosseguiu.
David Coote assumiu ainda que sentiu um "profundo sentimento de vergonha" durante a sua adolescência e que contou aos seus pais que era homossexual quando tinha 21 anos e aos seus amigos quando tinha 25 anos.
"A minha sexualidade não é a única razão que me levou a estar nessa posição. Mas não estou a contar uma história autêntica se não disser que sou homossexual e que tive grandes dificuldades em esconder isso. Escondi as minhas emoções quando era um jovem árbitro e escondi também a minha sexualidade, uma boa qualidade como árbitro, mas uma péssima qualidade como ser humano. Isso levou-me a toda uma série de comportamentos", vincou o agora antigo árbitro.
O ex-juiz revelou que recebeu ameaças de morte durante a sua carreira, algumas das quais dirigidas à sua falecida mãe, admitindo ainda que o pó que inalou era cocaína e que, no vídeo em que ofendeu Klopp, não estava sóbrio.
"Não me reconheço no vídeo da cocaína. Não consigo lembrar-me de como me sentia na altura, mas era eu. Estava a lidar mal com os horários e não havia oportunidade de parar. E dei por mim nessa posição, a fugir. Sinto-me culpado pelo que fiz, mas estou a tentar ser a melhor pessoa que posso ser agora. Tomei medidas para tentar ser o melhor possível, tanto do ponto de vista físico como do bem-estar mental. A outras pessoas que estejam na minha situação, eu diria para procurarem ajuda e falarem com alguém, porque se se engarrafa tudo como eu fiz, tem de sair de alguma forma", finalizou
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