No nono ano seguido de resultados positivos do setor, houve um volume de negócios de 1.073 ME, mais 86 ME em relação ao período homólogo de 2022/23, bem como um impacto de 662 ME no PIB nacional, que equivaleu a quase 0,25% da riqueza nacional.
As 34 sociedades desportivas - 18 na I Liga e 16 na II Liga, com exceção das equipas B de Benfica e FC Porto - também atingiram um recorde de 4.436 postos de trabalho, num aumento de 27%, com os primodivisionários a empregarem 3.239 (73%) - 989 jogadores, 322 treinadores e 1.928 funcionários afetos às áreas de suporte, gestão e administração.
Entre 2022/23 e 2023/24, as remunerações cresceram de 364 ME para 424 ME, com os atletas (294 ME) a auferirem mais do que os funcionários (75 ME) e os técnicos (55 ME).
O futebol profissional pagou 268 ME em impostos ao Estado, contra os 228 ME da época anterior, tendo a I Liga concentrado 89% desse impacto fiscal, equivalente a 238 ME, enquanto o pagamento de IRS e as contribuições sociais foram de 216 ME, 81% do total.
Em matéria de assistências, 4,2 milhões de adeptos assistiram a jogos dos dois escalões nos estádios, numa subida de 10% face a 2022/23, dos quais 3,7 milhões se referem à I Liga e 556 mil à II Liga, ocasionando ocupações médias de 66% e 23%, respetivamente.
Os 306 encontros do escalão principal, que foi conquistado pelo Sporting, contaram, em média, com uma afluência de 12.117 espetadores e uma diferença de 21 euros entre o preço mais elevado e o mais baixo de ingressos cobrado por uma sociedade desportiva.
O retorno mediático da I Liga subiu 6% face a 2022/23, alcançando os 1.708 ME, com a televisão a permanecer na liderança (63%), com 1.076 ME, seguida das plataformas digitais (32%), com 545 ME - 14 ME oriundas das interações efetuadas em redes sociais.
Quanto às transferências de jogadores, os primodivisionários investiram 251 ME em 377 entradas e receberam 402 ME pelas 364 saídas, gerando um saldo positivo de 151 ME.
No prefácio da oitava edição do anuário do futebol profissional, a presidente interina da LPFP, Helena Pires, destacou que o setor está "mais sólido e coeso" e empenhado em investir "na formação de mais e melhores quadros, desde a base até ao topo da pirâmide".
"Essa evidência, traduzida em números que sublinham o peso crescente na economia nacional, deve servir de referência ao poder político, a quem cabe um papel determinante na garantia de condições justas para assegurar a competitividade deste setor que, apesar de enfrentar o mercado do entretenimento em circunstâncias de desigualdade gritante em matéria fiscal, se mantém fiel a esse desígnio coletivo de proporcionar o melhor produto ao consumidor", traçou.
Miguel Cardoso Pinto, da EY, também admitiu que, mediante "condições mais favoráveis", nomeadamente custos de contexto mais baixos, o setor pode aumentar a sua relevância económica e reforçar a sua competitividade internacional, contexto no qual a centralização dos direitos audiovisuais das partidas, prevista para 2028/29, "assume um papel crucial".
"O futebol continua a ser uma peça essencial na construção da nossa identidade coletiva. Em 2023/24, os estádios contaram com mais de quatro milhões de presenças, recordando-nos que este desporto não é apenas um jogo: é entretenimento, economia, cultura, um ponto de encontro entre gerações", salientou.
Em 2023/24, as competições profissionais representaram 75% dos 29,1 ME de receitas apresentadas pela LPFP, que teve ainda 26,5 ME de gastos e fechou com a época com lucros de 774 mil euros, tendo distribuído mais de 9,8 ME às sociedades desportivas.
Depois da recuperação (2015-2019) e da consolidação (2019-2023) do setor, o organismo iniciou na época passada um novo ciclo estratégico direcionado para a afirmação (2023-2027), cujos eixos passam pelo compromisso com o adepto, a elevação do produto, a credibilização pelo profissionalismo, a união de todos os agentes e um futebol com responsabilidade social.
A LPFP vai a eleições em 11 de abril, com José Gomes Mendes e Reinaldo Teixeira a concorrerem à sucessão de Pedro Proença, que deu lugar à líder interina Helena Pires em fevereiro, após ser eleito como presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
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