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"No FC Porto quem não se adapta ao clube não tem sucesso"

Antigo futebolista e adjunto no FC Porto, Pedro Emanuel acompanha a atualidade desportiva portuguesa à distância, tendo confessado que treinar os 'dragões' é uma das suas ambições.

Notícias ao Minuto

08:20 - 31/01/16 por Paulo Rocha

Desporto Pedro Emanuel

Uma figura incontornável no FC Porto, onde venceu campeonatos, ajudou a conquistar os últimos títulos europeus e foi capitão da equipa, Pedro Emanuel continua atento à atualidade do futebol luso e demonstrou-o numa entrevista exclusiva ao Desporto ao Minuto.

Apesar de se encontrar a mais de três mil quilómetros de distância (Limassol, Chipre), o técnico do Apollon que viu a saída de Lopetegui como “natural”, elogia as capacidades de Peseiro e, apesar de considerar o Sporting como favorito na luta pelo título, acredita que FC Porto e Benfica também podem ser campeões.

Como viu a saída de Lopetegui do comando técnico do FC Porto? Em agosto deu uma entrevista onde dizia que o Lopetegui estava dois passos à frente de Rui Vitória e de Jorge Jesus, o que falhou para este ter sido ultrapassado?

Essa era a grande vantagem que o Lopetegui tinha. Eu diria que acabou por ser natural o FC Porto ter subido ao primeiro lugar há três/quatro jornadas atrás. O que não vi como sendo natural, foi o FC Porto deixar escapar de forma tão furtuita aquilo que foi essa escalada para chegar ao primeiro lugar. Eu diria que são os resultados que ditam o sucesso ou o insucesso de uma equipa e Lopetegui ficou ligado a resultados, que não se consolidaram em função daquilo que foi a restruturação do plantel e da equipa. Contudo, o FC Porto continua na luta [pelo título] mas com um treinador diferente.

Numa entrevista ao Porto Canal, Pinto da Costa falou numa certa resistência de Lopetegui em adaptar-se ao campeonato português. É indispensável que um treinador conjugue as suas ideias com uma adaptação à liga do país onde está?

Naturalmente, isso faz parte da inteligência de cada um. Como foi o nosso caso, quando nós chegámos a este campeonato, no Chipre. Se não nos ajustarmos àquelas que são as ideias fundamentais, como a forma de pensar de alguns jogadores e a cultura futebolística do país, naturalmente começaremos algo atrasados no que diz respeito às hipóteses de sucesso que poderemos ter. Acho que isso é uma regra base. Penso que ele tinha valor, agora o FC Porto é uma instituição que revelou desde sempre [treinadores com] qualidade nos seus trabalhos e com capacidade de se adaptarem à cultura do clube. Os que não o fizeram, naturalmente que não tiveram sucesso. Nós temos de ter as nossas ideias, mas temos que saber para onde vamos.

Acha que os adeptos e os próprios dirigentes foram injustos com o treinador ou era mesmo necessária a mudança de ares?

Isto é um agravar de situações que, ao longo do tempo, se foram quase pronunciando. O que não é normal, e eu joguei ali durante algum tempo [n.d.r.: esteve no FC Porto entre 2002 e 2009] é a equipa ganhar e continuar a ser assobiada. Momentos menos bons todos têm e a massa associativa sabe reconhecer isso. Apesar de Lopetegui partir com uma ligeira vantagem [n.d.r.: manteve-se à frente do FC Porto ao contrário de Benfica e Sporting que trocaram o treinador], a exigência também era maior e isso foi um reflexo natural daquilo que foi a prestação de Lopetegui.

Sente que houve perda de mística desde a chegada do técnico? Faltam referências como tanta gente diz?

Há uma coisa que o futebol vai ditando: não há fórmulas exatas para que as coisas aconteçam desta ou daquela maneira. Penso que [a perda de referências como Pedro Emanuel ou Jorge Costa] foi um pouco o reflexo daquilo que foi a evolução dos tempos, da mudança da cultura dos jogadores. Agora, essa mística consolida-se com vitórias. Quando há vitórias acredita-se muito mais nas ideias que são impostas e, quando não há, duvida-se muito mais. Apesar do FC Porto ter uma cultura muito forte de vitória, nos últimos anos isso não tem acontecido e a pressão é muito maior.

José Peseiro foi confirmado no comando técnico quando muitos nomes, mediaticamente mais fortes, eram avançados. É uma boa aposta?

Não vejo porque não. Tem mais do que provas dadas e capacidade para assumir uma equipa como o FC Porto. O mais importante é as pessoas acreditarem que o Peseiro é o treinador certo e que lhe dêem todo o apoio que ele necessitar. A massa associativa também lhe reconhece a capacidade para fazer um bom trabalho e agora é juntar as linhas para que a seja forte e comece a dar frutos.

O FC Porto não pode estar três/quatro anos sem conquistar títulos e acredito que não está fora da luta pelo título. Muito longe disso, ainda falta muito campeonato, acho que ainda vai muito a tempo. Com Peseiro, que é um treinador que conhece o campeonato português e com provas dadas no futebol nacional e internacional, poderá haver alguma estabilidade. Porque a qualidade existe - alguns jogadores estão a baixo daquilo que podem render – e com duas/ três vitórias, com as ideias do novo treinador, é uma questão de tempo para que os resultados possam aparecer.

A dimensão humana de José Peseiro é muito elogiada. Ela será importante para recuperar um grupo que está em baixo devido aos resultados?

Há muitos jogadores jovens que necessitam de estabilidade emocional e só uma pessoa com a sapiência e com a serenidade do José Peseiro o conseguirá. Por isso mesmo não há dúvidas de que a sua dimensão humana e a sua honestidade permitirão que transmita a sua mensagem e que estabilize a equipa. É claro que neste momento não pode haver a tranquilidade que se exige, porque o FC Porto não está em primeiro lugar e está atrás do primeiro lugar, mas [Peseiro] pode tentar fazê-lo com a tranquilidade possível.

Sentiu alguma tristeza por não ter sido equacionado para ir para o FC Porto? É uma ambição pessoal que tem?

Não, porque eu estou a trilhar o meu caminho, de uma forma sustentada e felizmente sinto-me bem com as opções que tenho tomado. As coisas a seu tempo irão surgir. O meu trabalho sempre foi fruto de muita dedicação e de muita serenidade naquilo que decido. Estou num projeto que me satisfaz e me envolve a cem por cento e espero é ter sucesso aqui. Por isso mesmo, acho que não tinha de ficar nem triste nem contente. Se as pessoas algum dia se lembrarem cá estarei para responder. É claro que tem de ser uma ambição e eu não tenho que fugir à regra daquilo que é o expoente máximo na vida de um treinador.

Sente que este é um momento-chave para o José Peseiro que saiu de um grande como o Sporting com a fama de ser um treinador pouco ganhador e que agora tem oportunidade de desmistificar essa ideia?

O José Peseiro mostrou grande ambição porque um treinador que assume um clube como o FC Porto numa altura como esta, que não é fácil, só pode ter a clara noção de ser uma pessoa que pode fazer um bom trabalho. Daí a minha satisfação por ver alguém com os créditos dele no FC Porto. Agora, por ter um final menos feliz no Sporting, não quer dizer que tenha de ser assim no FC Porto. As histórias não se repetem e ele tem que construir a sua história com aquilo que fizer no dia a dia.

Acha que Rui Vitória tem potencial para levar o clube ao tri? E Jesus, tem matéria-prima para continuar no topo da Liga?

Fico contente por ver treinadores portugueses à frente dos três grandes. É porque as pessoas que os escolherem lhes reconhecem competências e capacidades para liderar processos que têm de ser ganhadores. Agora, só um pode ganhar. O Jesus começou com algo com que o Rui Vitória não começou, mas foi conseguindo ao longo do tempo: os resultados. Estão os todos na luta para serem campeões, ainda faltam muitos jogos entre si que vão definir muitas coisas.

O Sporting está no topo da tabela classificativa, um lugar que seria impensável ocupar há algum tempo atrás. O Benfica está a recuperar de um início de temporada tremido. O FC Porto é o mais atrasado dos três grandes. Quem é que está à frente na luta pelo título?

Quem está em primeiro tem sempre muito mais confiança naquilo que são as suas capacidades e, em clubes como o FC Porto, Benfica e Sporting, isso dá-lhes 10/15 por cento de vantagem em relação aos adversários diretos. Em termos de qualidade, ela existe [nos três grandes], agora é vermos de que forma é que cada um vai conseguir manter este ritmo e estar mais em cima.

Carrillo foi associado ao FC Porto e agora é dado como certo no Benfica, deixando o Sporting. Acha que o Carrillo era um jogador que encaixaria bem no FC Porto? Como é que vê a forma como ele tem gerido a sua carreira?

Eu acho que o Carrillo encaixaria em qualquer lado e, por isso mesmo, se ele quiser eu ainda tenho uma vaga para o Apollon o receber [risos]. Os bons jogadores interessam sempre às boas equipas. Ele já demonstrou que é um jogador com qualidade e que pode jogar em qualquer equipa e só ele é que sabe como quererá definir para a sua carreira.

Veja a restante parte da entrevista a Pedro Emanuel a Desporto ao Minuto aqui.

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