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"Momento menos bom? O FC Porto foi, é e vai continuar a ser grande"

Nasceu para o futebol na AD Sanjoanense, mas foi no FC Porto que viu germinar o gosto pelos títulos. Carlos Secretário é um jogador emblemático na Invicta, viveu com grandes figuras portistas e venceu tudo o que havia para ganhar, tanto neste canto da Europa como pelas ‘ruas’ do Velho Continente.

"Momento menos bom? O FC Porto foi, é e vai continuar a ser grande"
Notícias ao Minuto

10:30 - 07/05/16 por Paulo Rocha

Desporto Carlos Secretário

O agora treinador dos franceses do US Lusitanos, Carlos Secretário, concedeu uma entrevista ao Desporto ao Minuto onde mostrou que o azul e branco ainda lhe corre nas veias, deixando-o sair cá para fora na hora de falar da atualidade do clube portista.

Sem medo de dizer o que pensa, analisou o momento do FC Porto, falou de Pinto da Costa, recordou José Mourinho e mostrou vontade de ver o ‘brasão abençoado’ voltar a ser pintado com os tons dourados dos títulos.

O FC Porto tem passado por momentos que não são comuns no clube. Tem seguido a carreira do FC Porto? Como é que vê esta fase menos boa da equipa?

Sigo sempre o campeonato português e o FC Porto em especial. O FC Porto não está, de facto, a fazer uma grande temporada, até já mudou de treinador. Acho que não tem um plantel com a mesma qualidade que tem tido em anos anteriores e isso não ajuda. De um ano para o outro, o FC Porto perdeu muitos jogadores com grande qualidade e, por isso, digo que o plantel deste ano ficou muito mais enfraquecido em relação à época passada. Penso que esse foi um fator importante para que o clube não esteja a fazer uma grande época.

Todos os clubes no mundo passam por fases menos boas e esta é uma fase menos boa. Mas tem pessoas na direção, nomeadamente o presidente Pinto da Costa, que têm muita experiência e, com todo o amor que têm pelo clube, certamente saberão dar a volta a esta fase menos boa.

Entre 1999 e 2002 integrou um FC Porto que esteve três anos sem ser campeão. Recorda-se dessa altura? Como é que se vivem esses momentos menos bons?

Num clube como o FC Porto, que está habituado a ganhar muitos títulos e que tem ganho, tanto a nível nacional como internacional, nos últimos 30 anos, o ambiente não era o melhor. Era impossível. Tanto dentro da equipa, como a nível da direção ou dos adeptos do FC Porto, que são exigentes porque estão habituados a ganhar – e é bom que assim seja -, é normal que o ambiente não esteja bom. E é bom que assim seja quando as coisas não estão bem, que o ambiente seja pesado, porque é sinal que os jogadores e as pessoas estão a sentir o clube.  

Há comparação com o momento que se vive agora? Faltam jogadores portugueses e com mística?

São sempre situações diferentes. A partir da Lei Bosman todos os clubes, a nível europeu e mundial, têm muito mais estrangeiros no seu plantel. Há uns anos atrás isso não podia acontecer porque havia um limite de estrangeiros. Falava-se na tal mística porque eram aproveitados muitos jogadores das camadas jovens e alguns até da própria região do Porto e que, se calhar, sentiam mais do que outros possam sentir. E tudo mudou com a Lei Bosman, não só no FC Porto mas também a nível mundial e as grandes equipas têm plantéis com jogadores de várias nacionalidades. E isso torna as coisas um pouco mais difíceis.

O FC Porto fez regressar alguns jogadores que estiveram no plantel e que agora estão de volta. Acha que esta reorganização da equipa vai ao encontro da recuperação dessa mística?

Não é só com portugueses. Há estrangeiros que vêm acrescentar qualidade. Podem até ser estrangeiros, mas que sintam o clube, que conheçam a cultura. Quando há no plantel quatro ou cinco jogadores que sentem o clube e transmitem essa mística, é sempre uma mais-valia para o FC Porto. Se me disser que pessoas com um carisma muito grande, que tiveram um papel determinante como líderes que eram, casos do Jorge Costa, Pedro Emanuel, Vítor Baía, Rui Barros, Paulinho Santos ou o Folha, que podem acrescentar algo daquilo que beberam… Embora o clube não passe só por esses jogadores. Tem que haver todo um envolvimento à volta do clube que faça com que o FC Porto possa crescer e voltar a ganhar títulos.

Depois viveu uma fase muito boa em que venceu tudo o que havia para ganhar. Como é que foram esses anos no FC Porto?

Foram anos inesquecíveis para mim, para os meus colegas e para o clube. Ganhámos tudo a nível nacional e internacional. Poucas pessoas acreditariam que depois de 1987 se venceria. A entrada de José Mourinho, com novas ideias e com uma cultura diferente, fez mudar algumas mentalidades. Fez-nos acreditar que podíamos melhorar e, com a grande organização que o FC Porto tem ao nível da sua direção, foram duas épocas perfeitas. Mais perfeitas não poderiam ser. Tínhamos jogadores que vieram da formação e outros que o Mourinho trouxe com ele da U. Leiria. Jogadores da sua confiança que, dentro e fora de campo, nos treinos, davam o máximo e tinham aquele espírito que era um espírito ‘à Porto’.

Faz falta um novo Mourinho, que chegue e crie impacto e uma onda positiva desde o início?

Não sei se é isso que faz falta. O que posso dizer é que ele mudou a mentalidade e posso dar um exemplo No sorteio com o Manchester United, ele adivinhou que íamos calhar com eles e quando se confirmou ele disse: ‘estes já foram’. Era uma liderança forte e nós seguíamo-lo. Era uma liderança forte, com uma nova mentalidade e foi uma mudança grande que ele conseguiu. Foi importante para nós, não só como jogadores como agora como treinadores. Isso faz com que muitos tentem seguir esse exemplo.

Agora como treinador, ainda bebe muito desse José Mourinho?

Há coisas que faço como ele fazia. Tento ser organizado como ele também era, tal como eram outros exemplos que tive como Bobby Robson, com Fernando Santos ou o António Oliveira. Tentei beber um bocadinho de todos eles e, com o meu cunho pessoal, com a minha maneira de ser e de estar, dou o melhor de mim para tentar dar todas as condições ao grupo para que esteja mais disponível no jogo.

Esteve no Real Madrid, o que é que correu menos bem para só ter ficado um ano e meio no clube?

Tinha feito um contrato de quatro anos. Na altura, tive uma lesão na ciática. Depois as coisas não começaram a correr bem de início, fui perdendo confiança e o próprio treinador foi perdendo alguma confiança nas minhas capacidades. Foi difícil apanhar o comboio novamente. Não queria estar num dos maiores clubes do mundo sem estar a jogar, e decidi, por minha decisão e não do clube, voltar para o FC Porto.

Há possibilidade de o FC Porto voltar a vencer a provas europeias nos próximos 5/6 anos?

Não consigo prever o futuro. O FC Porto foi campeão europeu em 1987 e achávamos que dificilmente o FC Porto poderia ganhar competições europeias e ganhou. E depois de uma fase menos boa. Neste momento, o FC Porto está numa fase menos boa, mas ninguém me diz que não possa voltar a ganhar algo internacionalmente nos próximos anos. Isto porque, nacionalmente, o FC Porto está sempre a lutar por títulos. Internacionalmente, tudo pode acontecer. O FC Porto é um dos grandes clubes europeus. O facto de estar sempre presente na Liga dos Campeões diz muito do poderio do FC Porto. O FC Porto foi, é e vai continuar a ser um grande clube e poderá estar sempre presente nesses ciclos internacionais.

Pinto da Costa esteve muito tempo em silêncio e agora voltou a dar a cara. Acha que parte do insucesso recente esteve nesse desaparecimento do presidente portista?

Penso que Pinto da Costa não tem necessidade de estar sistematicamente a defender o clube como fazia antes. O FC Porto é um clube com muita estabilidade e, se calhar, antigamente já lá estavam os mesmos e quando se ganhava ninguém dizia nada. Tudo anda à volta dos resultados.

Lopetegui disse que Pinto da Costa não está a ser bem assessorado, numa referência a Antero Henriques. Acha que há divisão interna na estrutura do FC Porto?

Não faço ideia, apesar de ser o Secretário, não sou secretário do clube. O Antero já faz parte do clube há muitos anos, tal como o Reinaldo Teles e, como disse, tudo gira à volta dos resultados. Mesmo que algumas coisas possam não correr bem e se ganhe, tudo se esquece. E quando não se ganha, tudo é posto em causa. Isso acontece no FC Porto, no Benfica ou no Sporting... não vai mudar agora.

António Oliveira foi seu treinador, daria um bom presidente para o FC Porto?

Acho que, se um dia desejar, poderá ser um excelente candidato. Viveu e bebeu muita da experiência que tem no FC Porto, como jogador, como treinador e como selecionador. É uma pessoa muito inteligente. Estrategicamente é uma pessoa que sabe muito bem aquilo que quer e também teve alturas em que defendeu o FC Porto com unhas e dentes. Poderá ser um grande candidato quando Pinto da Costa achar que é altura de abandonar. É uma pessoa que admiro muito porque me ajudou bastante. Foi com ele que comecei a ir à Seleção nacional, foi com ele que voltei do Real Madrid para o FC Porto e é, de facto, muito experiente a todos os níveis.

E o Vítor Baía?

O Vítor, como jogador, foi um grande líder no FC Porto. Não tem a mesma experiência que tem o António Oliveira, mas é uma pessoa que sabe estar, viveu o clube por dentro, durante muitos anos, e um dia pode integrar a estrutura do FC Porto. Pode não ser ao nível do dirigismo, mas como treinador ou no scouting. O FC Porto sempre teve como estratégia ter ex-jogadores inseridos na organização do próprio clube.

Carlos Secretário deu o exemplo de Jorge Jesus e Rui Vitória para falar das suas ambições como treinador. Além disso e vivendo atualmente em França, mostrou crença num grande sucesso da Seleção portuguesa no Europeu de 2016.

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