Análise: Em equipa que ganha não se mexe e depois de conseguir a primeira vitória na presente edição da Champions na viagem à Ucrânia, Rui Vitória cumpriu. O técnico fez regressar Grimaldo ao lado esquerdo da defesa e apresentou o mesmo ‘onze’ que havia defrontado os ucranianos na 3.ª jornada. Do lado dos visitantes, o português Antunes ficou no banco.

As ‘águias’ começaram por cima na partida, mas essa superioridade não se traduziu em perigo literal. O Benfica apresentava-se no sistema habitual com dois avançados, sendo que Guedes tinha maior liberdade para deambular e, com as subidas rápidas de Salvio e Cervi, criava superioridade no ataque. Pizzi mandava na primeira linha de construção.

Aos 10’, Luisão subiu à área para indicar caminho, mas o remate saiu torto e aos 22’, Grimaldo parece ter percebido a indicação, naquela que foi a melhor oportunidade do Benfica até esse momento. Numa troca de bola com Pizzi, o espanhol entrou na área e só Rudko evitou o golo com boa mancha.

O jogo foi-se arrastando e o Dínamo Kiev, inofensivo no ataque, ia sofrendo e aguentando a ofensiva dos ‘encarnados’ com duas linhas bem compactas à frente da baliza de Rudko.

À passagem da meia hora, o conjunto de Leste deu um ar do seu ‘calor’ por intermédio de Derlis González. O ex-Benfica correu o meio-campo todo, aproveitando a passividade defensiva dos ‘encarnados’, e só Lindelof, in extremis, evitou o primeiro da partida. No canto, Vida teve uma boa oportunidade, mas a cabeçada saiu alto.

Os visitantes pareceram ter encontrado o caminho para a baliza dos ‘encarnados’ e voltaram a tentar o golo, mas sem grandes ocasiões de real perigo. Com a subida das linhas dos de Leste, o Benfica encontrou espaço para contra-golpes rápidos.

Foi na sequência de um deles que o Benfica viria a marcar e em cima do intervalo. Salvio, confirmou a vantagem das ‘águias’ de penálti, a castigar um agarrão ostensivo de Vida sobre Luisão. Sem grande inspiração, o Benfica conseguia sair a vencer para os balneários.

Muito desperdício, sofrimento atroz e 'oitavos' na rota

Se, no primeiro tempo, o Benfica teve velocidade mas não teve inspiração para ‘faturar’, no segundo tempo os espaços surgiram quase normalmente dados por um Dínamo Kiev que procurava pontos.

O Benfica tinha muito mais espaço na frente e foi, por isso mesmo, mais perigoso no ataque. Contaram-se três oportunidades de Mitroglou e uma de Guedes. O avançado atirou fortíssimo, com a bola a bater com estrondo na trave. Cervi também tentou, mas a bola levou sempre a direção torta.

A formação de Kiev tinha dificuldades em sair com a bola controlada e os ‘encarnados’ sabiam que, caso pressionassem, recuperariam a bola muito perto da área contrária. Quando se adivinhava o segundo, Ederson comete penálti sobre Derlis, tudo se pareceu complicar.

Nada mais errado. O guardião redimiu-se e voou para defender o remate de Júnior Moraes. Mantinha-se a vantagem e as bancadas da Luz respiravam de alívio.

O jogo acalmou, embora o Dínamo Kiev tivesse tentado provocar estragos na formação da casa. Não conseguiu, revelando-se curto para a maior valia da defensiva encarnada.

O Benfica garante uma vitória importante, a segunda consecutiva e a 100.ª na Liga dos Campeões, e é segundo classificado do grupo B com os mesmos sete pontos do Nápoles. Os italianos empataram a um golo com o Besiktas.

Momento do Jogo: A defesa de Ederson numa grande penalidade, aos 69’, impediu que o Benfica perdesse pontos mas, mais do que isso, que tremelicasse. Júnior Moraes até colocou bem a bola, mas Ederson adivinhou o lado e acabou por segurar uma vantagem preciosa e colocar a formação da Luz com os oitavos de final mais perto.

Benfica: Ederson; Nélson Semedo, Luisão, Lindelof, Grimaldo; Fejsa, Pizzi, Salvio e Cervi; Mitroglou e Guedes.

Dínamo Kiev: Artur Rudko; Morozyuk, Domagoj Vida, Khacheridi e Makarenko; Rybalka, Sydorchuk e Buyalskyy; Tsygankov, Júnior Moraes e Derlis González.

Antevisão: O Benfica entra esta noite em campo com a Europa na mira, mas apenas em pano de fundo. O essencial, como disse Rui Vitória na antevisão do encontro, este “é mais um jogo para vencer” e avisou os seus jogadores que não há espaço para pensar no clássico com o FC Porto.

“Seria um tiro no pé”, disse e, depois de mais um empate e uma derrota em Nápoles, a vitória sobre o Dínamo Kiev, na Ucrânia, veio animar as contas do grupo B.

Com quatro pontos, os ‘encarnados’ assegurarão desde logo o segundo lugar do grupo e a garantia de que ficarão, pelo menos no 3.º posto. Quer isto dizer que um triunfo garantirá automaticamente a continuidade nas provas do Velho Continente e os… milhões que daí advêm.

Para continuar a sonhar com os ‘oitavos’ e obter a centésima vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus/Liga dos Campeões, Rui Vitória apenas apostará numa alteração: Grimaldo voltará à lateral esquerda, numa equipa que terá como dupla ofensiva Guedes e Mitroglou.

Pizzi fará a ligação entre o miolo e o ataque e Salvio e Cervi serão os municiadores de serviço, que tão bons resultados tem dado.

Da histórica goleada à vontade de chegar ao memorável centésimo triunfo

O jogo desta noite, na Luz, será o quarto duelo entre ambos, com favoritismo para as ‘águias’, que venceram dois e apenas perderam um. Além disso, em 1992, o Dínamo Kiev veio ao reduto do Benfica ser humilhado com uma derrota por 5-0. À data foi o resultado mais expressivo alguma vez visto na UEFA.

No que diz respeito a adversários ucranianos, o Benfica venceu três dos cinco encontros disputados contra equipas daquela região do Leste e a última equipa a defrontar o Benfica na Luz, acabou goleada por 4-0.

Em sentido contrário, o Dínamo Kiev mostra-se perigoso a jogar fora de casa, tendo vencido nas duas últimas deslocações a Portugal, diante de Rio Ave e FC Porto. A isto pode-se acrescentar o seu histórico recente, já que os ucranianos não perdeu fora esta época, tendo empatado as últimas três de sete partidas.

Com um ponto em três jogos, o Dínamo Kiev sabe que terá uma missão complicada pela frente, perante um Benfica que é favorito. Rebrov, o treinador, lembrou que os ‘brancos-azulados’ terão de arriscar para vencer na Luz.