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Quando o futebol é caso de justiça: Do Apito Dourado ao Calciocaos

O mais recente caso de suspeita de corrupção no futebol português está relacionado com uma denúncia pública feita por Francisco J. Marques, diretor de comunicação e informação do FC Porto... mas esta não é história única.

Quando o futebol é caso de justiça: Do Apito Dourado ao Calciocaos
Notícias ao Minuto

08:30 - 16/11/17 por Sérgio Abrantes , Andreia Brites Dias e Inês André de Figueiredo

Desporto Síntese

No dia em que o Notícias ao Minuto analisa possíveis consequências jurídicas e desportivas do caso dos emails, queremos dotar o leitor de uma visão mais vasta sobre casos anteriores. Desta forma melhor perceberemos a complexidade destes episódios. Ainda que com contornos diferentes, o futebol português já foi ‘manchado’ por episódios de suspeita de corrupção, que permanecem na troca de argumentos entre adeptos, mas, também, dirigentes.

Quem não se lembra do Apito dourado, das escutas a Luís Filipe Vieira ou do alegado pagamento feito por Paulo Pereira Cristóvão, a um árbitro?… Mas também lá fora se passaram episódios graves no desporto-rei.

Comecemos pelo início.

Apito Dourado: As escutas que puseram a ‘verdade’ a nu deixaram também o ‘crime fugir sem culpado’?

O caso Apito Dourado começou em 2004, mas o tema continua, treze anos depois, a ser arma de arremesso entre clubes. Aquando da divulgação dos primeiros emails internos do Benfica, quase que numa reação a frio, as águias voltaram a ameaçar com este processo, dizendo que iriam pedir a reabertura do mesmo. A ameaça foi, ao que tudo indica, apenas arma de arremesso para criar um muro de silêncio, mas não se conhecem ainda consequências.

Mas vamos ao seu início. Apanhado em escutas comprometedoras, Pinto da Costa, presidente do FC Porto, foi o principal visado pela justiça portuguesa (e pelos rivais Benfica e Sporting). O máximo dirigente portista escapou sem punição ‘final’, mas as suspeitas de que teria uma vasta teia montada, de forma a conseguir controlar árbitros e outras instâncias, sobejaram para sempre no ar que se respira nos meandros do futebol português. 

Mas Pinto da Costa não foi o único envolvido, no caso estiveram indiciados 27 dirigentes de clubes, 110 árbitros, 28 dirigentes da Liga e da Federação Portuguesa de Futebol, dois autarcas e quatro empresários, como sumariava o Expresso em 2006. 

O processo passou das barras dos tribunais para a Justiça desportiva e, aqui, os resultados foram mais claros. Denominado como Apito Final, o caso resultou na absolvição de Pinto da Costa e do FC Porto, ainda este ano, na descida de divisão do Boavista, por decisão administrativa, mas também na perda e reposição de pontos para as duas equipas. Mais penalizado foi o União de Leiria, que já tinha descido de divisão mas que, ainda assim, foi punido com a perda de três pontos.

Apito Encarnado: A primeira teia encarnada também foi vítima das escutas

No seguimento do Apito Dourado, nomeadamente as escutas realizadas ao FC Porto e a Pinto da Costa, também Luís Filipe Vieira chegou a ser nome falado. ‘Apanhado’ no meio das comunicações escutadas pelas autoridades do seu homólogo do FC Porto, o presidente encarnado foi ouvido a falar sobre arbitragem, nomeada e alegadamente escolhendo juízes para os encontros dos encarnados.

Os seus interlocutores, à data, eram Valentim Loureiro, dirigente da Liga de Clubes, e Pinto de Sousa, presidente do Conselho de Arbitragem da Federação, homens com influência no futebol português e que, alegadamente, ajudariam na atribuição das equipas de arbitragem escaladas para os jogos do Benfica.

Esta polémica gerou uma ‘guerra de escutas’, com FC Porto e Benfica a acusarem-se mutuamente, mas para o Benfica as consequências, na prática, foram nulas.

Paulo Pereira Cristóvão: O pagamento encomendado ou … espontâneo?

Também o Sporting tem, de certa forma, telhados de vidro no que toca a esta matéria. Ainda que o caso seja mais recente, o clube de Alvalade foi acusado de tentar condicionar ou, neste caso, incriminar uma equipa de arbitragem.

Num ato negado pelo próprio emblema de Alvalade, que era liderado por Godinho Lopes, a ‘conta’ sobrou para Paulo Pereira Cristóvão, na altura, vice-presidente do clube. Alegadamente, ou como ficou provado na justiça, o dirigente teria realizado um depósito de 2.000 euros na conta do auxiliar José Cardinal, dois dias antes do jogo entre leões e o Marítimo, para a Taça de Portugal (em 2011).

O antigo PJ teria pedido a um seu colaborador para depositar esta soma na conta do juiz escalado para esse encontro, servindo esse pagamento para, mais tarde, tentar incriminar Cardinal dizendo que este teria sido subornado.

O caso foi tornado público, foi aos tribunais, e Cristóvão foi condenado, sendo também acusado, e reconhecendo, que mantinha um esquema de acompanhamento, ou vigilância, sobre diversos atletas verde e brancos.

Relembre-se, contudo, que o Sporting foi absolvido de qualquer envolvimento na tentativa de suborno ao antigo árbitro, recaindo a culpa sobre o ex-PJ.

Calciocaos: O caso que levou à descida de divisão e a um novo campeão

Apesar da distância que separa os dois países, este caso tem ingredientes repetidos. Na prática, vários clubes da elite do futebol italiano foram apanhados em escutas telefónicas na tentativa de condicionamento das equipas de arbitragem.

Juventus, Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina manteriam, através de dirigentes com altos cargos, uma relação estreia com os organismos que nomeavam os árbitros para os diversos encontros de Serie A e Serie B, manipulando, a seu favor, os nomes dos juízes escolhidos.

O caso surgiu em 2006, visava a temporada de 2004/05, e o resultado foi a perda de título e descida de divisão por parte da Juventus, tendo a formação de Turim de começar a temporada no segundo escalão do futebol transalpino com um saldo negativo de 15 pontos.

A Fiorentina foi também castigada com 12 pontos negativos e a descida de divisão, decisão revertida, após apelo, punição em tudo semelhante à aplicada à Lazio, que desceu para a Serie B – decisão depois anulada – que viu serem-lhe retirados três pontos.

Grécia: Da detenção à descida de divisão… um caso que ainda dá que falar

Além dos exemplos encontrados no futebol português e italiano, ainda que com consequências diferentes, também nos relvados helénicos se ‘encontrou’ um caso de corrupção. Aqui, mais do que o condicionamento das equipas de arbitragem, combinavam-se deliberadamente resultados.

O Olympiakos, onde treinaram Vítor Pereira, Leonardo Jardim ou Marco Silva, viu o seu máximo dirigente ser acusado de corrupção, ser afastado do cargo e, apesar de ainda não haver sentença, ser pensada a descida de divisão clube.

O caso começou em 2011 e, na altura, foram detidos vários dirigentes. Na altura dez pessoas foram presas, cinco estiveram a ser procuradas e falava-se então sobre a possibilidade de mais de 80 nomes, entre dirigentes, árbritos, jogadores e até um jogador da seleção grega de basquetebol estarem a ser investigados pelas autoridades helénicas.  

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