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"Está tudo muito parado na economia da Guiné Equatorial"

O cônsul honorário de Portugal na Guiné Equatorial considerou hoje que "está tudo muito parado" no país devido à descida dos preços e da produção de petróleo, alertando que para investir é preciso estar lá.

"Está tudo muito parado na economia da Guiné Equatorial"
Notícias ao Minuto

10:25 - 05/07/18 por Lusa

Economia Cônsul

"Fruto da crise ativa há três anos, está tudo muito parado apesar dos esforços das autoridades, que querem reorganizar o país", disse Manuel Azevedo em entrevista à Lusa à margem da participação no seminário da Fundação AIP sobre 'Como Fazer Negócios' na Guiné Equatorial, que decorre esta semana em Lisboa e abarca todos os países lusófonos africanos.

"O Fundo Monetário Internacional está lá não para emprestar dinheiro, mas sim para reorganizar o país, e é a solução mais credível que têm para reorganizar a administração, e a subida do preço do petróleo poderá ajudar, apesar da redução da produção", disse o empresário.

Questionado sobre as áreas em que as empresas portuguesas poderão investir, Manuel Azevedo respondeu que o campo da agricultura, pescas, formação, saúde e educação são os mais necessitados, vincando que "há alguns esforços na saúde e educação para que o investimento seja uma realidade", mas acrescentou que "na agricultura e nas pescas o investimento está muito aquém das expetativas".

A Guiné Equatorial, apontou, quer investimentos avultados, mas a abordagem não está a dar frutos porque "ainda não há condições para as pessoas irem fazer grandes investimentos", acrescentou, elencando a falta de "condições de segurança do financiamento" e a incerteza sobre "se o dinheiro está seguro".

Uma das notas positivas tem a ver com as condições de criação de empresas terem sido revistas, e agora "já pode haver empresas só de expatriados, o que é um sinal de boa vontade deles, mas falta organizarem-se e terem mais vontade para que as coisas aconteçam e eles próprios criarem condições para haver investimento de empresas com parceiros mistos, no nosso caso, com empresas portuguesas".

As empresas, aconselhou, podem e devem ir para a Guiné Equatorial, mas têm de ter "muito cuidado e alguma capacidade financeira, porque o negócio não se faz por email, faz-se com presença, e isso custa dinheiro".

A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), criticou Manuel Azevedo, devia ter um papel mais preponderante na formação e na educação e também "na ajuda à criação de organizações de indústrias, promovendo atividades, feiras e encontros para que [as autoridades equato-guineenses] se consciencializem das necessidades que têm a nível de iniciativa privada".

Sobre a perceção de um país dominado pela corrupção, o cônsul honorário de Portugal em Malabo disse notar "uma evolução para melhor", exemplificando com a publicação de umas tabelas de preços para atos administrativos e para atividade como tirar a carta.

"Dantes era uma anarquia e pediam o que lhes apetecia, ainda existe corrupção, mas aos poucos há vontade política para acabar com essas decisões, mas o poder de decisão ainda está muito concentrado na Presidência e nas pessoas ali à volta", concluiu.

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