Banco estatal das Maurícias tem 120 milhões para investir em Moçambique
O presidente do banco público das Ilhas Maurícias, o SBM Holdings, disse hoje à Lusa que planeia investir até 120 milhões de dólares em Moçambique nos próximos anos, no âmbito do plano de expansão do grupo.
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"Já investimos 100 milhões de dólares no Quénia, Madagáscar e Seicheles, e angariámos recentemente mais 120 milhões nos mercados internacionais e vamos usar este dinheiro para fazer a nossa expansão para além das fronteiras do Quénia, onde já comprámos dois bancos", disse Kee Chong Li em entrevista à Lusa à margem dos Encontros Anuais do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), que decorrem até sábado em Abuja, a capital da Nigéria.
Questionado sobre se o plano de expansão contempla Moçambique, KC Li, como é conhecido, respondeu: "Definitivamente sim, mas não podemos expandir rápida e agressivamente, porque África é um mercado desafiante", por isso, explicou, o grupo vai começar "primeiro na Zâmbia, Uganda e Tanzânia, e depois Ruanda e depois então Moçambique".
Na entrevista à Lusa à margem dos Encontros Anuais do Afreximbank, KC Li acrescentou que o plano de investimentos "tem de ser prudente e feito de uma maneira faseada, porque os recursos não são ilimitados".
O antigo professor de Finanças Públicas faz também parte do conselho de administração do Afreximbank, que comemora este ano o 25º aniversário de existência num contexto de aumento da visibilidade, que KC Li atribui à importância do financiamento das instituições financeiras multilaterais.
"Os países ocidentais estão a sair de África e os grandes bancos, como o BNP Paribas, o HSBC, o Barclays e o Deutsche Bank, que tradicionalmente financiavam as atividades coloniais, estão a sair por causa do risco" dos investimentos em África.
Questionado sobre se o retorno não compensa o risco de investir no continente africano, KC Li respondeu que não: "Há muitas novas regras sobre corrupção, cumprimento das regras ['compliance', no original em inglês], muito controlo sobre a proveniência do dinheiro, terrorismo e lavagem de dinheiro, e não querem arriscar nestes países porque se receberem multas, têm de pagar e isso não cobre o retorno que têm em África, por isso preferem sair".
Com a saída dos grandes bancos internacionais, a falta de financiamento nota-se ainda mais, "e é aí que o Afreximbank tem um papel importante no financiamento das exportações e importações, e o banco estatal das Ilhas Maurícias, sendo parcialmente estatal, tem por objetivo e por missão uma vertente de desenvolvimento, e por isso compra bancos para se posicionar e dar financiamento ao continente".
Para KC Li, não são as grandes multinacionais nem os setores extrativos que precisam de financiamento internacional, mas sim as pequenas e médias empresas e os jovens empreendedores.
"O financiamento não deve ser só para os recursos naturais como o petróleo e gás, porque África precisa de estradas, logística, transporte, precisa de segurança alimentar, Pequenas e Médias Empresas (PME), mulheres, jovens, todos precisam de financiamento mas não o estão a receber por parte dos bancos tradicionais", defendeu o banqueiro.
"Podemos contribuir onde somos melhores, temos uma grande experiência no mercado do turismo, dos têxteis, do açucar, das tecnologias de informação e nos serviços financeiros, e vamos para estes nichos de mercado para ajudar" os empreendedores, afirmou.
A abordagem, no entanto, "tem de ser muito prudente, vamos ver onde investir e se tivermos resultados positivos, expandimos e angariamos mais dinheiro, até porque as Ilhas Maurícias estão saturadas, temos muitos bancos e por isso temos de ir para o estrangeiro para nos expandirmos", concluiu.
O Afreximbank, cujos Encontros Anuais decorrem até sábado em Abuja, a capital da Nigéria, é um banco de apoio ao comércio, exportações e importações em África e foi criado em Abuja, 1993. Tem um capital de 5 mil milhões de dólares e está sedeado no Cairo.
Os acionistas são entidades públicas e privadas divididas em quatro classes e dele fazem parte governos africanos, bancos centrais, instituições regionais e subregionais, investidores privados, instituições financeiras, agências de crédito às exportações e investidores privados, para além de instituições financeiras não africanas e de investidores em nome individual.
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