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Banco estatal das Maurícias tem 120 milhões para investir em Moçambique

O presidente do banco público das Ilhas Maurícias, o SBM Holdings, disse hoje à Lusa que planeia investir até 120 milhões de dólares em Moçambique nos próximos anos, no âmbito do plano de expansão do grupo.

Banco estatal das Maurícias tem 120 milhões para investir em Moçambique
Notícias ao Minuto

10:01 - 11/07/18 por Lusa

Economia Plano

"Já investimos 100 milhões de dólares no Quénia, Madagáscar e Seicheles, e angariámos recentemente mais 120 milhões nos mercados internacionais e vamos usar este dinheiro para fazer a nossa expansão para além das fronteiras do Quénia, onde já comprámos dois bancos", disse Kee Chong Li em entrevista à Lusa à margem dos Encontros Anuais do Banco Africano de Exportações e Importações (Afreximbank), que decorrem até sábado em Abuja, a capital da Nigéria.

Questionado sobre se o plano de expansão contempla Moçambique, KC Li, como é conhecido, respondeu: "Definitivamente sim, mas não podemos expandir rápida e agressivamente, porque África é um mercado desafiante", por isso, explicou, o grupo vai começar "primeiro na Zâmbia, Uganda e Tanzânia, e depois Ruanda e depois então Moçambique".

Na entrevista à Lusa à margem dos Encontros Anuais do Afreximbank, KC Li acrescentou que o plano de investimentos "tem de ser prudente e feito de uma maneira faseada, porque os recursos não são ilimitados".

O antigo professor de Finanças Públicas faz também parte do conselho de administração do Afreximbank, que comemora este ano o 25º aniversário de existência num contexto de aumento da visibilidade, que KC Li atribui à importância do financiamento das instituições financeiras multilaterais.

"Os países ocidentais estão a sair de África e os grandes bancos, como o BNP Paribas, o HSBC, o Barclays e o Deutsche Bank, que tradicionalmente financiavam as atividades coloniais, estão a sair por causa do risco" dos investimentos em África.

Questionado sobre se o retorno não compensa o risco de investir no continente africano, KC Li respondeu que não: "Há muitas novas regras sobre corrupção, cumprimento das regras ['compliance', no original em inglês], muito controlo sobre a proveniência do dinheiro, terrorismo e lavagem de dinheiro, e não querem arriscar nestes países porque se receberem multas, têm de pagar e isso não cobre o retorno que têm em África, por isso preferem sair".

Com a saída dos grandes bancos internacionais, a falta de financiamento nota-se ainda mais, "e é aí que o Afreximbank tem um papel importante no financiamento das exportações e importações, e o banco estatal das Ilhas Maurícias, sendo parcialmente estatal, tem por objetivo e por missão uma vertente de desenvolvimento, e por isso compra bancos para se posicionar e dar financiamento ao continente".

Para KC Li, não são as grandes multinacionais nem os setores extrativos que precisam de financiamento internacional, mas sim as pequenas e médias empresas e os jovens empreendedores.

"O financiamento não deve ser só para os recursos naturais como o petróleo e gás, porque África precisa de estradas, logística, transporte, precisa de segurança alimentar, Pequenas e Médias Empresas (PME), mulheres, jovens, todos precisam de financiamento mas não o estão a receber por parte dos bancos tradicionais", defendeu o banqueiro.

"Podemos contribuir onde somos melhores, temos uma grande experiência no mercado do turismo, dos têxteis, do açucar, das tecnologias de informação e nos serviços financeiros, e vamos para estes nichos de mercado para ajudar" os empreendedores, afirmou.

A abordagem, no entanto, "tem de ser muito prudente, vamos ver onde investir e se tivermos resultados positivos, expandimos e angariamos mais dinheiro, até porque as Ilhas Maurícias estão saturadas, temos muitos bancos e por isso temos de ir para o estrangeiro para nos expandirmos", concluiu.

O Afreximbank, cujos Encontros Anuais decorrem até sábado em Abuja, a capital da Nigéria, é um banco de apoio ao comércio, exportações e importações em África e foi criado em Abuja, 1993. Tem um capital de 5 mil milhões de dólares e está sedeado no Cairo.

Os acionistas são entidades públicas e privadas divididas em quatro classes e dele fazem parte governos africanos, bancos centrais, instituições regionais e subregionais, investidores privados, instituições financeiras, agências de crédito às exportações e investidores privados, para além de instituições financeiras não africanas e de investidores em nome individual.

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