Trabalhadores da CGD em greve contra proposta para controlar salários
Os trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) estão em greve na próxima sexta-feira depois de o banco ter denunciado o acordo de empresa para negociar condições menos vantajosas com o objetivo de controlar os custos com salários.
© LUSA
Economia CGD
Segundo fonte oficial da CGD, o banco público não precisa de negociar o Acordo de Empresa para cumprir o plano de reestruturação que está atualmente em curso, negociado com a Comissão Europeia. Mas a revisão das condições atribuídas aos funcionários é fundamental para "dar sustentabilidade futura à Caixa Geral de Depósitos".
O banco considera que não faz sentido fazer uma reestruturação que passa pela saída de 2.000 trabalhadores, no total, até 2020, e depois "ser confrontado com condições não sustentáveis [da massa salarial] e não compatíveis a prazo", disse a mesma fonte.
Ou seja, a CGD quer ter mecanismos para nos próximos anos controlar os custos com os salários dos seus funcionários.
Contudo, fonte oficial não indica as metas de poupança que quer atingir anualmente com a revisão do acordo de empresa.
Após ter sido conhecida a denúncia do acordo de empresa pela CGD, numa nota interna aos trabalhadores, a administração liderada por Paulo Macedo justificou essa decisão com a necessidade de aproximar as condições laborais do banco público às da restante banca, evitando uma "situação de desvantagem concorrencial".
Fonte oficial da CGD disse à Lusa que o banco não quer mexer nas diuturnidades atribuídas aos trabalhadores (compensação monetária por anos de serviço, pagas na CGD a cada cinco anos), nas condições de reforma e nos serviços sociais (que garantem cuidados de saúde).
Entre as mudanças que pretende está a eliminação das promoções por antiguidade e a eliminação das anuidades.
A CGD quer ainda fazer alterações ao regime das promoções por mérito - segundo fonte oficial há a obrigatoriedade de o banco realizar promoções por mérito nos trabalhadores entre os níveis de carreira 4 a 9, existem 18 níveis na CGD - e reduzir o número de categorias profissionais existentes no grupo.
A CGD diz que, em alguns grupos profissionais, os trabalhadores ganham mais 19% do que a média dos trabalhadores de outros bancos.
Sobre ao crédito à habitação aos trabalhadores, a CGD refere que o que pretende é ter as mesmas cautelas na concessão desses créditos do que no caso dos outros clientes e estabelecer limites anuais à concessão desses empréstimos.
Os sindicatos que convocam a greve desta sexta-feira são o Sindicatos dos Trabalhadores das Empresas do Grupo Caixa Geral de Depósitos (STEC), sindicato independente e o mais representativo do banco público, com milhares de associados, que considerou a denúncia do acordo empresa "uma verdadeira declaração de guerra aos trabalhadores", e o Sintaf - Sindicato dos Trabalhadores da Atividade Financeira (ligado à CGTP, pouco representativo).
Já os sindicatos da banca ligados à UGT (agrupados na Febase - Federação do Setor Financeiro) e o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) foram mais cautelosos e vão aguardar pelo início das negociações com a administração da CGD. O novo acordo de empresa tem 18 meses para ser negociado.
Contudo, qualquer trabalhador da CGD, sindicalizado ou não, pode aderir ao protesto desta sexta-feira.
A CGD está ainda em negociação com os sindicatos sobre a atualização dos salários, propondo um aumento de 0,35% para este ano.
No final de julho, a CGD anunciou que obteve lucros consolidados de 194 milhões de euros no primeiro semestre deste ano, o que compara com os prejuízos de 50 milhões de euros nos primeiros seis meses de 2017.
Ainda no primeiro trimestre deste ano, mais de 400 trabalhadores saíram da Caixa Geral de Depósitos, ao abrigo do programa de rescisões por mútuo acordo e de reformas antecipadas, tal como já fez no passado.
No final de junho o grupo CGD tinha 7.903 empregados em Portugal.
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