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"O défice zero pode ser algo saudável mas também mórbido"

Manuela Ferreira Leite não está convencida que o défice zero tenha subjacente as medidas anunciadas, esta quinta-feira, para o Orçamento de Estado de 2019.

"O défice zero pode ser algo saudável mas também mórbido"

A antiga ministra das Finanças Manuela Ferreira Leite afirmou, esta quinta-feira, no seu espaço de comentário na TVI24, que não está convencida que o défice zero tenha subjacente as medidas anunciadas hoje para o Orçamento de Estado de 2019.

Apesar de admitir que "o défice zero é a grande bandeira deste Orçamento" e que "ninguém pode dizer que um défice zero não é bom", a social democrata não está convencida que estas previsões tenham já subjacente as medidas anunciadas hoje, como a gratuitidade dos manuais escolares, o aumento das pensões e a redução do preço da energia.

"Um défice zero pode não ser bom se isso tiver como consequência um aumento de carga fiscal tremendo que teria consequências absolutamente negativas no crescimento económico", começa por dizer Ferreira Leite, acrescentando que duvida que todas as medidas anunciadas hoje sejam concretizadas.

"Não aumentam os impostos, aumenta-se a despesa e o défice mantém-se zero. É isto que descredibiliza este anuncio, falta-me qualquer coisa para acreditar que é verdade. Ou será que algumas das medidas são tomadas e depois não são concretizadas?", deixa a social-democrata no ar.

Para a antiga governante há questões que não foram esclarecidas e que o Governo tem de clarificar, como por exemplo o aumento das pensões. Manuel Ferreira Leite exige saber se a Segurança Social será capaz de aguentar com o aumento extraordinário dos pensionistas, num mínimo de 10 euros, já em janeiro de 2019.

"A Segurança Social está capaz de aguentar este aumento? Deus queira que sim. Mas será que estamos a gerir isto de forma a que, se existir uma nova crise, não tenhamos de cortar nas pensões? Todos estamos de acordo com o aumento das pensões, mas esta medida devia ser acompanhada de motivos de sustentabilidade da Segurança Social", sublinha.

Em jeito de conclusão, Ferreira Leite diz que "se o défice está realmente construído e alcançado, isso pode ser algo saudável, mas um bocado mórbido também, ou seja, pode ter consequências para as pessoas que mais valia que não houvesse o défice zero".

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